Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana destaca problemas de saúde mental
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Lisboa, 12 out 2024 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana alertou hoje, em Lisboa, para a desumanização dos ambientes de trabalho, com consequências na saúde mental.
“A preocupação é com o crescimento do número de pessoas com dificuldade na saúde mental”, referiu D. José Traquina, na abertura da conferência anual da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP).
A iniciativa, que decorre esta manhã, no Centro Cultural Franciscano, tem como tema ‘O desafio do trabalho digno num mundo em mudança’.
Para o bispo de Santarém, é necessário “cuidar dos relacionamentos humanos” em todos os ambientes.
“Uma pessoa com mau relacionamento em sua casa e um mau relacionamento no local de trabalho não cresce, não desenvolve e facilmente fragiliza a saúde”, advertiu.
Abordando o tema do encontro, o trabalho digno, a partir das intervenções de vários Papas, desde finais do século XIX, D. José Traquina destacou a importância de valorizar cada trabalhador, lamentando a “dificuldade em baixar os níveis de pobreza em Portugal”.
“Apesar de alguns esforços, somos dos países da Europa com mais diferença de rendimentos e há uma percentagem considerável de pessoas pobres que trabalham”, indicou.
O magistério pontifício, assinalou o presidente da comissão responsável pela Pastoral Social, no episcopado português, sublinha “oprimado do homem em relação às coisas”.
O trabalho gera riqueza e facilmente se tornou, ao longo dos tempos, em exploração humana, portanto, em trabalho não digno”.
A reflexão realçou que, no pensamento católico, o trabalho é visto como um dom, “a par do cultivo da fé e do crescimento moral da pessoa”.
“Numa sociedade realmente desenvolvida o trabalho é uma dimensão essencial da vida social porque não é só um modo de ganhar o pão, mas também um meio para o crescimento pessoal”, acrescentou D. José Traquina, citando o pensamento do Papa Francisco.
O programa contou com uma reflexão do padre Roberto Bongianni sobre ‘O trabalho digno na visão da Doutrina Social da Igreja’.
O encontro prossegue com uma mesa-redonda, tendo como intervenientes Mafalda Troncho (diretora do escritório da OIT em Portugal) e José António Vieira da Silva (ex-ministro do trabalho).
Pelas 12h00 é apresentado um manifesto por representantes de várias organizações católicas.
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Pedro Vaz Patto, presidente da CNJP, referiu aos participantes que “a economia, a empresa e o trabalho devem servir as pessoas e não o contrário”.
O responsável adiantou que o manifesta apresenta “consenso quanto aos princípios fundamentais de partida, que são os da doutrina social da Igreja”, embora isso “não conduza automaticamente a medidas concretas também elas consensuais”.
“O nosso trabalho de diálogo e de busca de consensos mais alargados, que não significa uma completa unanimidade em todas as questões, está no seu início e não está concluído”, assinalou.
No final da conferência, vão intervir representantes de algumas das organizações signatárias.
O manifesto é subscrito pela ACR – Ação Católica Rural, ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores, Cáritas Portuguesa, CNJP – Comissão Nacional Justiça e Paz, Federação Solicitude, JOC – Juventude Operária Católica, LOC/MTC – Liga Operária Católica/Movimento dos Trabalhadores Cristãos e o Metanoia – Movimento Católico de Profissionais.
OC