«Não havia frases negativas. Eram palavras inspiradoras, poderosas» – Irmã Virgínia Dantas
Angra do Heroísmo, Açores, 13 dez 2025 (Ecclesia) – A Diocese de Angra informa que o Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada assinalou o Jubileu dos Reclusos, do Ano Santo 2025 dedicado à esperança, e os detidos receberam mensagens escritas por jovens, esta quinta-feira, dia 11 de dezembro.
“A esperança que é Jesus Cristo é uma esperança inabalável, que não pode ser sufocada por nada nem por ninguém e foi isso que nós transmitimos sempre e em especial ao longo deste Ano Santo da Esperança e, particularmente esta quinta-feira em que assinalámos o Jubileu das prisões em sintonia com Roma”, disse a irmã Virgínia Dantas, das Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face, ao portal online ‘Igreja Açores’.
Na celebração do Jubileu dos Reclusos do Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada, esta quinta-feira, os detidos receberam textos de jovens da Diocese de Angra, escritos no âmbito do seu jubileu (23 de novembro), que surpreenderam pela profundidade, segundo a religiosa.
“Não havia frases negativas. Eram palavras inspiradoras, poderosas, e isso faz muito bem ao coração destes homens”, destacou a irmã Virgínia Dantas, adiantando que as palavras foram integradas na celebração como reforço da temática central: a liberdade interior que nasce do perdão, da fé e da confiança num recomeço possível.
A equipa da Pastoral Penitenciária reforçou a importância da dignidade pessoal, porque muitos reclusos “sentem-se desvalorizados e sem identidade”, mas “aos olhos de Deus continuam a ser preciosos e é isso que temos de lhes dizer”.
Este Jubileu dos Reclusos do Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada, do Ano Santo 2025, foi também ocasião para abordar a reinserção social, porque, observa a irmã Virgínia Dantas, “a prisão não é um fim, é uma escola para a vida”.
Foi montado um presépio, que é valorizado pelos reclusos, por despertar memórias de família e renovar expectativas para o futuro, e, na celebração do Jubileu dos Reclusos do Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada, o capelão, o padre Victor Arruda, destacou a figura de Isaías, “profeta da esperança”, e recordou Maria como sinal de promessa e de libertação.
No Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada a preparação para o Natal já começou e, na próxima semana, é realizada a festa, com cânticos, veneração do Menino Jesus, e entrega de lembranças — pequenas imagens, presépios ou símbolos religiosos —, o crucifixo continua a ser o objeto mais pedido pelos reclusos, por sentirem profunda identificação com o Cristo que sofreu a injustiça e a prisão, e essas ofertas tornam-se presentes que os detidos dão às famílias, sobretudo aos filhos.
A irmã Virgínia Dantas, que acompanha a comunidade prisional há mais de 20 anos, explica que os reclusos “estão privados de liberdade, mas não estão privados da sua dignidade”, e “têm sonhos e projetos, e falar-lhes disso é incentivar a não desistirem”.
Segundo a religiosa das Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face, o trabalho da Pastoral Penitenciária “é silencioso, humilde e escondido”, mas essencial para levar aos detidos “a palavra de Deus, a esperança e a certeza de que a dignidade de cada pessoa nunca deve ser aprisionada”.
Também nesta quinta-feira, o bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, apelou à “dignidade inviolável da pessoa” e à esperança, na festa de Natal dos reclusos do Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo.
Esta sexta-feira, 12 de dezembro, começou o Jubileu dos Reclusos em Roma, é o último grande evento do Ano Santo 2025 antes do seu encerramento (6 de janeiro de 2026), com 6000 peregrinos – reclusos, familiares, funcionários prisionais, forças de segurança e administração penitenciária – de 90 países, incluindo uma delegação da Pastoral Penitenciária de Portugal.
CB
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