Igreja/Sociedade: Raquel e Nuno Ferreira, uma vida dedicada à «Educação Cristã» na família, na paróquia e no ensino

«Os jovens, hoje, têm necessidade de que alguém lhes diga que há amor e que Deus os ama» – Nuno Ferreira

Lisboa, 07 out 2024 (Ecclesia) – Raquel e Nuno Ferreira partilham uma história de vida dedicada à Educação Cristã, dos seus sete filhos, na comunidade, onde acompanham jovens, numa missão, pelo Caminho Neocatecumenal, no Casal de São Brás (Patriarcado de Lisboa), e como professores.

“Os jovens, hoje, têm necessidade de que alguém lhes diga que há amor e que Deus os ama, e por teres errado, não quer dizer que vais ser um errante. Acho que os jovens têm falta deste sentimento, desta experiência de se sentirem amados, e que nós, professores de Moral, pelo menos vejo essa realidade na Damaia, temos esta preocupação de levar esta palavra aos jovens”, disse o professor de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), em entrevista à Agência ECCLESIA, transmitida hoje na RTP2.

Nuno Ferreira explica que os “sofrimentos notam-se, estão visíveis” nos jovens, “a falta de estrutura familiar” que eles vivem no dia-a-dia “traduz-se nos seus rostos, nos seus comportamentos, onde o erro é muito acusado”, e “não se dá a hipótese de dizer ‘erraste, mas nós gostamos muito de ti, estamos contigo’.

A Igreja Católica em Portugal está a viver a Semana Nacional da Educação Cristã 2024 – Escolas Católicas, catequese, na disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) -, com o tema ‘Construtores do futuro como peregrinos de esperança’, desde este domingo, de 6 a 13 de outubro.

“Ao fazermos este tipo de educação estamos a criar uma sociedade. Não só hoje, porque eles já fazem parte da sociedade, mas de futuro uma sociedade melhor para eles. Não só pelas relações que poderão ter, mas também pela cultura que está cada vez mais misturada e que nós temos que aprender a respeitar”, assinalou Raquel Ferreira.

Para Nuno Ferreira faz “muita falta haver professores cristãos” nas diversas disciplinas, porque “é uma mais-valia para a escola e é uma mais-valia para os alunos”.

O professor tem também “alunos muçulmanos” nas aulas de Educação Moral e Religiosa Católica na Escola da Damaia, “um desafio” que gosta, mas é preciso “ter algum cuidado” na apresentação dos conteúdos, “na abordagem, na linguagem”.

“O programa já está desenhado para esta inclusão e, às vezes, existem debates muito interessantes no seio das aulas. Ainda no ano passado, durante o Ramadão, que coincidiu perto com o final das aulas, alunos que estavam em algum desespero físico, de certa forma, fez entrar em contacto com os colegas que não são muçulmanos”, desenvolveu.

Raquel Ferreira é professora do Primeiro Ciclo, também está na Escola da Damaia e explica que no ensino público, “não é suposto” professar “abertamente uma fé”, mas a sua “personalidade foi formada também com características cristãs, portanto isso transparece”.

Neste ano letivo 2024/2025, a docente foi colocada “numa turma de acolhimento” dos alunos estrangeiros que chegam à escola, ensina-os a falar português e acolhe-os também no “sentido de se sentirem integrados”.

“Eles têm uma turma, Matemática é universal vão para as turmas, chego a ficar com os alunos semanalmente nove horas”, explicou.

A Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, dos bispos católicos portugueses, publicou uma nota pastoral, a partir do tema da Semana Nacional da Educação Cristã 2024.

PR/CB/OC

Raquel Ferreira e Nuno Ferreira casaram há 24 anos, e vão celebrar as bodas de prata em 2025, “a lua-de-mel foi nas Jornadas Mundiais da Juventude, em Roma”, e, no próximo ano, no âmbito do Ano Santo, existe um Jubileu Mundial da Juventude na capital italiana, e vão “ver se será oportuno”.

“Enquanto família, a nossa caminhada é feita na Paróquia da Brandoa, nós pertencemos às comunidades neocatecumenal, somos catequistas, neste momento, estamos em missão numa Paróquia no Casal de São Brás, passamos lá uma boa parte do nosso tempo, também nesta pastoral de evangelização”, explicou Nuno Ferreira.

Ao mesmo tempo trabalham também na sua paróquia, e acompanham “um grupo de jovens do pós-Crisma, para não desaparecerem ali um bocadinho da esfera da paróquia”, e estão com esses sete jovens, às sextas-feiras.

“E damos continuidade à educação cristã também aos jovens, não só aos nossos filhos”, realçou Raquel Ferreira.

A entrevistada salienta que os sete filhos “não foi um projeto delineado”, mas foram-se “abrindo à vontade de Deus”, e “é uma riqueza, o Senhor vai ajudando também nisso, o mais velho já tem 23 e a mais nova tem 2”.

“Vamos passando a fé aos filhos. Esta educação cristã não pode ser feita, na nossa perspetiva, não pode ser feita só na Igreja, tem que vir também de casa. E quando vem de casa, poderá ter mais força. Não significa que eles depois continuem todos no mesmo registo que nós, no entanto, acreditamos que a semente fica e que os ensinamentos ficam e que se poderão tornar cristãos melhores, ativos, ou pessoas bem formadas, neste sentido, da fé cristã”, desenvolveu.

Nuno Ferreira salienta que “é a igreja doméstica”, e explica que têm “o hábito de rezar às laudes” com os filhos ao domingo, tocam os instrumentos, rezam os salmos e ficam “um bocadinho a falar da experiência que foi a semana”, depois de no sábado à noite terem ido “à Eucaristia todos”.

“Isto são questões práticas da forma como passamos a fé aos nossos filhos. Por exemplo, à noite os nossos filhos não conseguem ir para a cama sem pedir a bênção. Temos que ir rezar um bocadinho com eles; eu não posso ser só cristão na paróquia e depois não ser na escola ou não ser em casa”, desenvolveu Nuno Ferreira.

“Isto são pequenos sinais que nos mostram que estamos no bom caminho”, acrescentou Raquel Ferreira.

 

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