D. José Ornelas destaca importância da paz para a promoção humana, em colóquio que assinala 35 anos da Fundação Fé e Cooperação

Lisboa, 10 set 2025 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje que o mundo foi “surpreendido com o regresso dos fantasmas da guerra” e que “a paz não pode ser simplesmente a ausência de conflito”.
No colóquio ‘Fraternidade, novo nome para a paz’, que está a decorrer no auditório da Rádio Renascença, para assinalar o 35.º aniversário da Fundação Fé e Cooperação (FEC), D. José Ornelas sublinhou que existe “uma necessidade urgente de refletir sobre a paz e a fraternidade” e que é “fundamental trabalhar de modo diferente nestas áreas” porque “a paz não é remendar a guerra”.
“Tantas vezes, é no desenrolar dramático e destruidor da injustiça, da violência e da guerra, que se revela a força e a validade reconciliadora e pacificadora do dom da vida”, referiu o presidente da CEP.
Num momento em que as relações internacionais e o sentido de uma comunidade global “estão ameaçados”, assiste-se a “uma desordem geopolítica, com a emergência de novas guerras e a agudização de conflitos armados, sociais e económicos, acentuado a polarização e a fragmentação social”, refere um comunicado da FEC.

Na iniciativa que tem como objetivo ser um momento de diálogo “entre pessoas e instituições, de âmbito nacional e internacional, com responsabilidades partilhadas na área da cooperação internacional para o desenvolvimento”, Jorge Líbano Monteiro salienta que a FEC é um “espaço de encontro” e tem “crescido aos solavancos porque existem muitos projetos”.
“Acreditamos que o pleno desenvolvimento das pessoas e das nações só é possível se for ancorado em relações fraternas, aquelas que têm como único objetivo o bem-estar do outro nas suas múltiplas dimensões”, afirmou o presidente do Conselho de Administração da FEC.
Neste tempo de “grande instabilidade global” é essencial afirmar “a construção da paz a partir da fraternidade, como insistentemente tem manifestado o Papa Leão XIV”, acrescentou.
A secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Ana Isabel Xavier, enviou uma mensagem aos participantes do colóquio, referindo que a “FEC tem um legado singular e ímpar” e “combate a globalização da indiferença”.
D. Rui Valério, patriarca de Lisboa, saudou os participantes reunidos numa “cidade aberta, uma cidade de acolhimento, uma cidade ponto de chegada e, ao mesmo tempo, ponto de partida”.
“Lisboa estará indelevelmente ligada à epopeia da evangelização da própria Igreja ao longo dos séculos e todos nós temos uma relação de familiaridade com esta cidade”, acrescentou, na sua intervenção.
Ao longo da manhã, os participantes refletem sobre “Desenvolvimento, Fraternidade e Paz: que nexo?”, “Diplomacia da Fraternidade” e “Futuro da Cooperação Internacional”.
O colóquio é acompanhado pelos participantes no XVI encontro de Bispos dos Países Lusófonos, que decorre desde terça-feira, reunindo responsáveis católicos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
LFS/OC