Igreja/Sociedade: «Portugal Católico» reconhece papel fundamental do Cristianismo na construção do país

Obra evita visões triunfalistas e procura visão de conjunto sobre realidade complexa e em mutação

Lisboa, 21 nov 2017 (Ecclesia) – O presidente da República apresentou hoje em Lisboa a obra ‘Portugal Católico – A beleza na diversidade’, realçando o papel do Cristianismo na construção do país e na resposta às crises mais riquezas.

Marcelo Rebelo Sousa afirmou que o “Estado e a nação que devem muitíssimo ao Portugal cristão, ao Portugal católica”.

A intervenção decorreu diante de centenas de pessoas reunidas na apresentação do livro, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa.

O chefe de Estado sublinhou a presença dos católicos “nos momentos mais difíceis” das crises mais recentes, em particular no campo social, evocando 900 anos de história nos quais se “confundiu tantas e tantas vezes” com a história do Cristianismo na sociedade portuguesa.

Rebelo de Sousa convidou a superar “complexos” em relação a estas histórias, valorizando sobretudo os momentos positivos.

Para o presidente da República, o Cristianismo “foi e é” muito relevante para Portugal, até hoje.

“Importa sublinhar, como faz esta feliz recolha de testemunho, o papel pretérito e sobretudo atual dos cristãos, e neles, sobremaneira, na educação, na cultura, na solidariedade social, na qualificação em geral, na coesão territorial” e na “vocação” ecuménica de Portugal, precisou.

O livro é apresentado pelos responsáveis por esta edição como uma ‘enciclopédia’ que retrata o catolicismo no país contemporâneo, ao longo de 14 capítulos e 800 páginas, com diversos temas e autores.

O cardeal-patriarca de Lisboa interveio na apresentação da obra ‘Portugal Católico’, falando de um título que só “aparentemente” é difícil, em particular na sua “conjugação”.

D. Manuel Clemente sublinhou a “tensão criativa” entre catolicismo e sociedade na história portuguesa.

“Toda a tradição católica vive desta tensão, conhecendo sucessivos movimentos de reforma que lhe lembram um Reino que não é deste mundo, como o próprio Cristo acentuou, mas que nem por isso quis fora do mundo”, referiu, retomando a reflexão apresentada no prelúdio da obra.

José Carlos Seabra Pereira, um dos diretores da publicação, disse por sua vez que a obra que é agora lançada surge sem “atitude defensiva” ou pretensões “triunfalistas”.

“Temos aqui um esforço de lúcido reconhecimento, dos limites e das oscilações, mas também uma prova forte de vitalidade”, observou o também diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da Igreja Católica.

O livro ‘Portugal Católico’, que conta com o apoio da Conferência Episcopal Portuguesa, apresenta 204 textos-síntese, de 190 autores, com uma “forte componente imagética”, fotos (aéreas e terrestres), gravuras, e poemas de diversos autores portugueses.

A publicação tem 14 capítulos que, simbolicamente, representam as 14 estações da Via-Sacra e as 14 Obras de Misericórdia.

O historiador José Eduardo Franco, codiretor da obra, declarou que há o risco de conhecer religiões e povos “superficialmente”, sem “compreender a complexidade das realidades”.

“Esta obra pretende ser um contributo para obtermos uma visão de conjunto de uma realidade tão complexa, tão ampla e multifacetada como é o catolicismo português”, explicou.

A sessão contou com a atuação dos artistas Rão Kyao, Cuca Roseta e Teresa Salgueiro, além de intervenções de Paulo Oliveira, presidente do Conselho de Administração do Círculo de Leitores, e Paulo Dias, reitor da Universidade Aberta.

O prefácio é da autoria do presidente da República Portuguesa; o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, escreveu um prelúdio e é publicado um limiar do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres.

Novas sessões de apresentação vão decorrer a 28 de novembro, no Porto, no Palacete Araújo Porto, pelas 17h30, e em Braga no dia 30, no Museu Pio XII, a partir das 21h15.

Os lucros feitos com a venda da publicação vão reverter para bolsas destinadas a jovens investigadores desempregados.

OC

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