Leão XIV presidiu a Missa na paróquia de Santa Ana, do Vaticano







Cidade do Vaticano, 21 set 2025 (Ecclesia) – O Papa criticou hoje os investimentos públicos no armamento e na criação de “monopólios que humilham os trabalhadores”.
“Hoje, em particular, a Igreja reza para que os governantes das nações sejam livres da tentação de usar a riqueza contra o homem, transformando-a em armas que destroem os povos e em monopólios que humilham os trabalhadores. Quem serve a Deus torna-se livre da riqueza, mas quem serve a riqueza permanece escravo dela”, alertou, na homilia da Missa a que presidiu, pela primeira vez, na paróquia de Santa Ana, situada na fronteira entre o território do Estado da Cidade do Vaticano e Roma.
“Encorajo-vos a perseverar com esperança num tempo seriamente ameaçado pela guerra. Povos inteiros são hoje esmagados pela violência e ainda mais por uma indiferença descarada, que os abandona a um destino de miséria”, acrescentou.
A comunidade está confiada ao serviço pastoral dos religiosos agostinianos, de que o atual Papa foi responsável mundial.
Leão XIV sustentou que a vida deve ser marcada pela busca pelo “bem comum”; evocando o ensinamento de Jesus sobre o serviço a Deus e não ao dinheiro.
“Não se trata de uma escolha contingente, como tantas outras, nem de uma opção que se pode rever ao longo do tempo, dependendo das situações. É necessário decidir um verdadeiro estilo de vida. Trata-se de escolher onde colocar o nosso coração, de esclarecer quem amamos sinceramente, a quem servimos com dedicação e qual é realmente o nosso bem”, apelou.
O Papa sublinhou que “não é o dinheiro que salva”, falando dos perigos da miséria espiritual e moral.
“A tentação é esta: pensar que sem Deus poderíamos viver bem, enquanto sem riqueza seríamos tristes e afligidos por mil necessidades. Perante a prova da necessidade, sentimo-nos ameaçados, mas em vez de pedir ajuda com confiança e partilhar com fraternidade, somos levados a calcular, a acumular, tornando-nos desconfiados e cautelosos em relação aos outros”, observou.
Estes pensamentos transformam o próximo num concorrente, num rival ou em alguém de quem se pode tirar proveito. Doar, não agarrar; projetar uma sociedade melhor, não procurar negócios ao melhor preço.”
O Papa precisou que este ensinamento ajuda a superar uma visão que apresenta os outros como “classes rivais” e “exorta todos a uma revolução interior, uma conversão que começa no coração”.
A celebração contou com a presença do padre Gioele Schiavella, agostiniano, que acaba de completar 103 anos de idade, pároco de Santa Ana de 1991 a 2006.
Já na recitação do ângelus, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, o Papa insistiu na necessidade de evitar a “acumulação de bens materiais, porque as riquezas deste mundo são passageiras”.
“Como estamos a administrar os bens materiais, os recursos da terra e a vida que Deus nos confiou? Podemos seguir o critério do egoísmo, colocando a riqueza em primeiro lugar e pensando apenas em nós mesmos; mas isto isola-nos dos outros e espalha o veneno de uma competição que muitas vezes gera conflitos”, alertou.
Leão XIV defendeu que os recursos materiais devem ser usados como “instrumento de partilha para criar redes de amizade e solidariedade, para edificar o bem, para construir um mundo mais justo, equitativo e fraterno”.
OC
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