Sacerdote Dehoniano considera que um mundo que perdeu o coração «perdeu o que é mais íntimo, o que é mais essencial da sua existência»
Lisboa, 07 jun 2024 (Ecclesia) – O superior provincial dos Padres Dehonianos em Portugal explicou que celebrar a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, que a liturgia Católica assinala hoje, “é reviver experiência e o amor” de Deus, que o Papa Francisco quer atualizar.
“O Santo Padre, como todos sabemos, tem uma grande atenção à situação que o mundo está a viver atualmente, toda esta instabilidade, um certo individualismo que se vai disseminando na relação entre as pessoas. E chamar a atenção para o culto do Coração de Jesus, vem no sentido também de despertar de novo para as relações humanas, para a maior proximidade da Igreja junto daqueles que estão mais distantes e sobretudo para este cuidado que devemos ter muito a menos com os outros”, disse o padre João Nélio, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O Papa anunciou a publicação de um documento sobre o culto ao Coração de Jesus, para o próximo mês de setembro, no final da audiência pública semanal desta quarta-feira, 5 de junho.
“Julgo que nos fará muito bem meditar sobre vários aspetos do amor do Senhor que podem iluminar o caminho da renovação eclesial, mas que também dizem algo de significativo a um mundo que parece ter perdido o coração”, explicou Francisco, na Praça de São Pedro.
Segundo o padre João Nélio, um mundo que perdeu o coração, “perdeu o que é mais íntimo, o que é mais essencial da sua existência”, e, perdendo o coração, se calhar, deixa de se conhecer, “é um mundo que facilmente se poderá perder, poderá não saber mais para onde ir, qual é o seu objetivo”.
Para o superior da província portuguesa dos Padres Dehonianos, centrar e valorizar a dimensão do coração “é esse desejo” de não ceder “diante desta frieza, diante deste mal que se vai instalando” no mundo e “também dentro da Igreja”, por isso, é importante “estar atentos” e, através destes apelos do Papa Francisco, “olhar constantemente para esse Deus que vem chamar a conversão”.
A Igreja Católica celebra hoje, 7 de junho, a solenidade do Sagrado Coração de Jesus, que foi inserida no seu calendário litúrgico, em 1856, por decisão do Papa Pio IX; em 1995, São João Paulo II instituiu o Dia Mundial de Oração pela Santificação do Clero, associada a esta solenidade.
A Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (SCJ) foi fundada pelo padre Leão Dehon (1843-1925) que “viveu uma experiência forte do amor de Deus”, e via no coração do Jesus aberto na cruz “a imagem mais invocativa, mais simbólica desse amor de Deus”.
“Para nós, celebrar a festa do Sagrado Coração de Jesus é, no fundo, reviver esta experiência e o amor, aproximar-nos desse coração, voltar a senti-lo na nossa vida e podemos também, seja, por um lado, responder a Deus e, por outro lado, também projetar esse amor para com os irmãos”, desenvolveu o padre João Nélio.
O entrevistado destaca que serem Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus sentem uma “exigência”, na forma como estão, como se comportam em sociedade e relacionam com as pessoas: “Porque esse coração de Jesus deve inspirar-nos continuamente, em tudo o que nós somos, em tudo o que nós fazemos”.
“Nós podemos fazer igual ao que fazem todos os outros, mas é sobretudo na dedicação, na atenção, na escuta, no cuidado, com o que fazemos as coisas mais normais e banais do dia-a-dia”, explicou o padre João Nélio, salientando que, todas as manhãs, rezam a oração ‘Ato de Oblação’, unem-se “a Jesus, na sua oferta ao Pai e aos irmãos”.
No Programa ECCLESIA, transmitido esta sexta-feira, na RTP2, o superior provincial dos Padres Dehonianos em Portugal também comentou os textos bíblicos que são propostos para a liturgia das Missas deste domingo.
LS/CB/PR