Igreja/Sociedade: Papa afirmou que obediência consagrada «é um antídoto contra individualismo solitário»

«A castidade consagrada mostra ao homem e à mulher do século XXI um caminho para curar o mal do isolamento» – Francisco

Cidade do Vaticano, 01 fev 2025 (Ecclesia) – O Papa destacou como os consagrados podem ser “portadores de luz para as mulheres e homens” de hoje, através dos votos de pobreza, castidade e obediência, na homilia da celebração que presidiu, este sábado, na Basílica de São Pedro.

“Exercendo a pobreza, a pessoa consagrada, pelo uso livre e generoso de todas as coisas, com estas faz-se portadora de bênção: manifesta a sua bondade na ordem do amor, rejeita tudo o que pode ofuscar a sua beleza – o egoísmo, a avareza, a dependência, o uso violento e para fins de morte – e abraça, em vez disso, tudo o que a pode exaltar: a sobriedade, a generosidade, a partilha, a solidariedade”, disse Francisco, nas primeiras vésperas da Festa da Apresentação do Senhor e do XXIX (29º) Dia Mundial da Vida Consagrada.

Na homilia, enviada à Agência ECCLESIA, o Papa, sobre este primeiro aspeto, “a luz da pobreza”, explicou que “está radicada na própria vida de Deus”, eterno e total dom recíproco do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Sobre o segundo elemento, “a luz da castidade”, Francisco alertou para um mundo “frequentemente marcado por formas distorcidas de afetividade”, em que o princípio ‘o que me agrada acima de tudo’ leva a procurar no outro “mais a satisfação das próprias necessidades do que a alegria de um encontro fecundo”.

“Gera, nas relações, atitudes de superficialidade e precariedade, egocentrismo e hedonismo, imaturidade e irresponsabilidade moral, em que o esposo e a esposa de uma vida inteira são trocados pelo parceiro do momento, e os filhos recebidos como dom são substituídos pelos filhos ou exigidos como ‘direito’ ou eliminados como ‘incómodo’”, acrescentou, na homilia da celebração introduzida pela bênção das velas.

Segundo o Papa jesuíta, a castidade consagrada “mostra ao homem e à mulher do século XXI um caminho para curar o mal do isolamento”, no exercício de um modo de amar livre e libertador, “que acolhe e respeita todos e não obriga nem rejeita ninguém”.

“Que remédio para a alma é encontrar religiosas e religiosos capazes deste tipo de relacionamento maduro e alegre!”

Ainda no contexto do voto de castidade dos consagrados, Francisco indicou que é importante, que nas comunidades religiosas, cuidem do “crescimento espiritual e afetivo das pessoas, na formação inicial e permanente”, para que a castidade mostre “verdadeiramente a beleza do amor que se doa, e não surjam fenómenos deletérios como o endurecimento do coração ou a ambiguidade das escolhas”, e alertou para o desenvolvimento de “verdadeiras ‘vidas duplas’”.

No terceiro aspeto, “a luz da obediência”, o Papa explicou que o texto que escutaram falava disso ao apresentar a “relação entre Jesus e o Pai”, e salientou que é a luz da Palavra que se torna “dom e resposta de amor, sinal profético para a sociedade, na qual tendemos a falar muito e a escutar pouco”, como na família, no trabalho e nas redes sociais.

Segundo Francisco, a obediência consagrada “é um antídoto contra esse individualismo solitário”, promovendo como alternativa um modelo de relação marcado “pela escuta ativa, onde ao ‘dizer’ e ao ‘ouvir’ se segue o ‘agir’”.

Na homilia, publicada online pela Sala de Imprensa da Santa Sé, o Papa concluiu a homilia a recordar o “retorno às origens” na vida consagrada, “não um regresso às origens como um voltar a um museu”, mas “um regresso à origem” da sua vida.

CB

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