D. Armando Esteves Domingues presidiu à Missa Crismal com o clero diocesano, e pediu que sejam «lavadores de pés todos os dias», na ilha de São Miguel
Angra do Heroísmo, Açores, 15 abr 2025 (Ecclesia) – O bispo de Angra presidiu à Missa Crismal na Sé, onde afirmou aos sacerdotes que “os irmãos precisam” deles “como homens de Deus”, a confiança e alento pastoral está no presbitério, e no “fortalecimento do espírito das comunidades”.
“Sentimos o peso das estruturas, herdadas de um passado que já não existe. Sofremos o peso da carga pastoral, o peso do fim de um certo modelo de Igreja que também não é isento de consequências: a magnitude da mudança em que estamos envolvidos confronta-nos com uma sociedade plural, com linguagens que não são imediatas e, ao mesmo tempo, com a necessidade de não ficar à espera, mas de saber ir ao encontro das pessoas. Não é fácil”, disse D. Armando Esteves Domingues, na homilia proferida esta terça-feira, dia 15 de abril, enviada à Agência ECCLESIA.
Na Miss Crismal, na ilha Terceira, o bispo de Angra acrescentou que em certos momentos de solidão ou de incompreensão “pode surgir um sentimento de inutilidade e de amargura”, e, em vez da alegria do profeta, os sacerdotes experimentam “a aflição” que os torna “necessitados de consolação”.
O responsável diocesano indicou aos sacerdotes que essa confiança e alento pastoral “para atravessar esta época” pode ser encontrada em duas formas complementares, “a primeira é a consciência de pertencer a um presbitério”, e a segunda é “o fortalecimento do espírito das comunidades”, que têm de ser fraternas e ministeriais.
“Os irmãos precisam de nós como homens de Deus, num ministério que muitas vezes se desenrola entre muitas fadigas e pouco reconhecimento”, disse D. Armando Esteves Domingues, na Sé, em Angra.
Esta segunda-feira, dia 14 de abril, o bispo de Angra presidiu à Missa onde 45 sacerdotes, sobretudo da ilha de São Miguel, também renovaram as suas promessas sacerdotais, na igreja Matriz de São Sebastião, em Ponta Delgada.
“Sejamos lavadores de pés todos os dias e olhemos para o mundo com os olhos e o coração de Jesus”, disse D. Armando Esteves Domingues, na homilia, lê-se na informação enviada à Agência ECCLESIA.
O bispo de Angra incentivou os sacerdotes que participaram nessa celebração a terem um “olhar limpo de esperança”, afirmou que “há esperança em tudo o que é o ministério”, se deixarem atuar Jesus em cada um, e explicou que os seus gestos ao longo do caminho, “como os de Jesus, são importantes” e dizem quem são.
“Fomos ungidos em primeiro lugar para sermos evangelizadores, anunciadores da Esperança que é Cristo; as multidões de pobres, de cativos, de cegos e oprimidos continuarão ansiosamente à espera desse ano da graça do Senhor, esse Jubileu que os há-de libertar. Todos os que buscam a Deus, precisam da proximidade do seu coração (…) de uma palavra nova, palavra que traga esperança porque vem de alguém ungido.”
Aos sacerdotes da Diocese de Angra, D. Armando Esteves Domingues manifestou “gratidão pelo serviço ao povo santo de Deus, tantas vezes escondido”, são o rosto da Igreja disponível para “ir ao encontro de cada pessoa e família, para escutar a sua voz, para partilhar as suas feridas, preocupações e esperanças”.

Antes do início da Missa Crismal na Sé, o bispo diocesano presidiu à tomada de posse de quatro novos cónegos do Cabido da Sé – monsenhor António Manuel Saldanha, padre Jaime Silveira, padre João António Bettencourt e padre Manuel António das Matas – que tem “uma rica história tão longa quanto a diocese”, também foi criado, em 1534, pela Bula Aequum Reputamus, do Papa Paulo III.
A Diocese de Angra informa que a Missa Crismal, que habitualmente é celebrada na manhã de Quinta-feira Santa, onde o bispo “abençoa o sagrado crisma e os outros óleos, os sacerdotes renovam as promessas”, é antecipada devido à sua geografia e “aos constrangimentos aéreos”, para permitir que os sacerdotes regressem às suas comunidades, presentes nas várias ilhas do Arquipélago dos Açores.
CB/OC
Os momentos centrais da Semana Santa começam na quinta-feira, dia em que se celebram a Missa Crismal e a Missa da Ceia do Senhor.
A manhã é preenchida pela Missa Crismal, que reúne em torno do bispo o clero da Diocese, na qual são abençoados os óleos dos catecúmenos e dos enfermos e consagrado o santo óleo do crisma. Com a Missa vespertina da Ceia do Senhor tem início o Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor: é comemorada a instituição dos Sacramentos da Eucaristia e da Ordem e o mandamento do Amor (o gesto do lava-pés); no final da Missa, o Santíssimo Sacramento é trasladado para um outro local, desnudando-se então os altares. Na Sexta-feira Santa não se celebra a Missa, tendo lugar a celebração da morte do Senhor, com a adoração da cruz; o silêncio, o jejum e a oração marcam este dia. O Sábado Santo é dia alitúrgico: a Igreja debruça-se, no silêncio e na meditação, sobre o sepulcro do Senhor e a única celebração primitiva parece ter sido o jejum. A Vigília Pascal é a “mãe de todas as celebrações” da Igreja, evocando a Ressurreição de Cristo. |