Igreja/Sociedade: Organizações católicas defendem alívio da dívida como «pilar da justiça climática»

«Os países ricos têm a responsabilidade e a obrigação de apoiar os países pobres e vulneráveis», afirma Lydia Machaka, da CIDSE

Lisboa, 05 jun 2025 (Ecclesia) – A CIDSE – rede Internacional de organizações católicas para o desenvolvimento – vai partilhar “a mensagem poderosa” que o “alívio abrangente da dívida é essencial para alcançar a justiça climática”, na 62.ª Sessão dos Órgãos Subsidiários da UNFCCC, em Bona (Alemanha).

“Os países ricos têm a responsabilidade e a obrigação de apoiar os países pobres e vulneráveis no combate eficaz às alterações climáticas. Nos últimos anos, vimos que existe mais dinheiro disponível — o desafio agora é partilhá-lo para o bem comum”, afirma a responsável pela área de Energia e Extrativismo na CIDSE, num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.

No Dia Mundial do Ambiente, que se assinala esta quinta-feira, 5 de junho, Lydia Machaka acrescenta que se deve repensar os modelos económicos que “criam e agravam desigualdades”, e dar um significado mais amplo “à palavra ‘progresso’, indicando que juntos devem “trabalhar para acabar com o ciclo vicioso da dívida ecológica e financeira”.

A CIDSE, da qual faz parte a portuguesa Fundação Fé e Cooperação (FEC), vai estar com a “mensagem poderosa” que “o alívio abrangente da dívida é essencial para alcançar a justiça climática”, na 62.ª Sessão dos Órgãos Subsidiários da UNFCCC (United Nations Framework Convention on Climate Change), que decorre de 16 a 26 de julho, em Bona (Alemanha).

Segundo esta rede internacional de organizações católicas de justiça social, estas sessões de junho realizam-se no contexto de um “cenário desafiante” para as negociações, num momento de “crises globais crescentes”, conflitos em vários continentes, “instabilidade económica”, redução dos orçamentos para a ajuda e “a perda do Papa Francisco — uma figura chave na liderança climática”.

O Papa Francisco apelou aos países de “tradição cristã”, que assinalem o Jubileu de 2025, “a darem um bom exemplo, anulando ou reduzindo o mais possível as dívidas dos países mais pobres”, desde a janela do apartamento pontifício, após a oração do ângelus no primeiro dia do ano novo, a 1 de janeiro.

A CIDSE considera que o Ano Jubilar “oferece um símbolo poderoso de esperança e renovação”, e lançou um novo ‘policy brief’, intitulado ‘Financiamento climático no ano do Jubileu: Por que razão o alívio da dívida externa é mais crucial do que nunca para a justiça climática e ambiental’; documento apela aos governos e instituições internacionais que “concedam um alívio urgente da dívida e promovam reformas profundas no sistema financeiro global”.

“Neste Ano Jubilar falamos não apenas como zambianos, mas como parte de uma família global acorrentada pela dívida e queimada pelos fogos da injustiça climática. Apelamos ao mundo para que recorde: nenhuma nação deveria ter de escolher entre servir o seu povo e pagar dívidas”, disse Edmond Kangamungazi, da Cáritas Zâmbia, que pede “cancelem as dívidas, restaurem a justiça, reconstruam a esperança”.

O documento – ‘Financiamento climático no ano do Jubileu: Por que razão o alívio da dívida externa é mais crucial do que nunca para a justiça climática e ambiental – é apoiado por “mais de 80 líderes religiosos e organizações de fé em todo o mundo”

A CIDSE desenvolve, em cinco pontos, porque é que a dívida “é importante” para o debate sobre o clima, e começa por assinalar que os países sobrecarregados pelo pagamento de juros da dívida externa “enfrentam dificuldades para financiar políticas essenciais de combate às mudanças climáticas”; o financiamento “baseado em empréstimos cria uma armadilha de dívida climática”.

O novo ‘policy brief’ indica ainda que a crise climática “impulsiona o crescimento da dívida”, enquanto as exigências do “Norte Global para resgate de dívidas impulsionam a exploração de combustíveis fósseis”, e acaba a alertar que a dívida e o colapso climático “são legados injustos da mesma exploração do Norte Global”.

CB/OC

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