Igreja/Sociedade: «O verdadeiro populista está-se a marimbar para os factos. O que importa são as perceções», afirma João Paiva

Professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto foi o responsável pela conferência final das Jornadas Nacionais de Comunicação Social, abordando o tema «IA: (este) tempo e sentido(s)»

Foto: Agência ECCLESIA/LS

Coimbra, 26 set 2025 (Ecclesia) – João Paiva, professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, apontou hoje a cultura científica como “um verdadeiro antídoto em relação a alguns formatos de populismo” que se vivem atualmente.

“Os factos são, para a cultura científica, inegociáveis e têm direito de veto sobre qualquer afirmação. O verdadeiro populista está-se a marimbar para os factos. O que importa são as perceções. E as perceções, por um lado, são uma espécie de combate da cultura científica”, afirmou o docente nas Jornadas Nacionais de Comunicação Social, que decorrem em Coimbra.

“Ia: (este) tempo e sentido(s)” foi o tema da conferência final do encontro e esteve a cargo de João Paiva, tendo como moderador o padre Miguel Neto, Diocese do Algarve/Membro RedAlfamed e Universidade de Huelva.

O professor afirmou que “um dos problemas do populismo” é que se “está a marimbar para os números”.

“Surfando nalguma superficialidade das redes sociais, a sua grande especialidade é marimbar-se para os números. E dentro dos números, para os números químicos”, sublinhou.

Segundo João Paiva, um dos problemas da maioria das adesões populistas é que não conhecem a “ideia de concentração que se expressa por números que são, dentro da descrição científica, a robustez mais interessante para dizer como o mundo funciona”.

“A ignorância populista trabalha muito na manipulação entre a estatística e o acaso”, referiu.

Foto: Agência ECCLESIA/LS

O docente realçou que o maior ataque do populismo é a possibilidade de “tirar à ciência” a “liberdade de pensamento”.

Na conferência, João Paiva ressaltou que o “digital não é um veneno, mas pode ter doses venenosas”.

O docente considera que a Igreja pode “ajudar também nas suas mensagens” a mostrar “que o digital não é nenhum papão”.

As Jornadas Nacionais de Comunicação 2025 realizaram-se esta quinta e sexta-feira no Seminário de Coimbra, com o tema “Comunicar sem corantes nem conservantes”.

O encontro parte das intervenções do Papa Leão XIV e da última mensagem do Papa Francisco, para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, abordando os desafios do digital e o valor do humano, na área dos media.

As Jornadas são promovidas pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS), da Conferência Episcopal Portuguesa.

LJ/OC

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