Bispos portugueses lembram guerra na Ucrânia e dificuldades de quem se sente «mais provada no exercício da sua maternidade»
Lisboa, 29 abr 2022 (Ecclesia) – O assistente do Departamento Nacional da Pastoral Familiar de Portugal afirma que “o Dia da Mãe é um coração de paz”, no contexto da mensagem dos bispos católicos que “desce à realidade concreta” lembrando a experiência das mães ucranianas.
“A mensagem é muito interessante: Começa com um parágrafo generalista, alusivo a todas as mães, depois desce à realidade concreta que se está a viver, a partir da experiência das mães ucranianas que veem partir os filhos, que fogem do seu país para proteger os filhos, para os guardar. É muito este o papel de mãe”, disse hoje o padre Francisco Ruivo, no Programa ECCLESIA na RTP2.
A Comissão Episcopal do Laicado e Família, da Igreja Católica em Portugal, escreveu a mensagem ‘Coração de mãe é coração de paz’ para o Dia da Mãe 2022, que se assinala este domingo, dia 1 de maio.
“Este ano, não podemos ficar indiferentes aos muitos relatos provocados pela guerra na Ucrânia e feitos por tantas e tantas mães obrigadas a opções dolorosas para salvarem os filhos dos perigos e porventura da morte”, lê-se na mensagem.
Maria Mira, mãe de quatro filhos e membro do Departamento Nacional da Pastoral Familiar, destaca também o sentido de coragem das mães ucranianas, lembrando que a guerra na Ucrânia implica que “fujam do país deixando para trás parte da família, normalmente os maridos que têm de ficar afetos à causa”, ou vão embora com os filhos “debaixo da asa à procura de outra coisa que não seja a guerra”.
“Como também daquela mãe que fica por motivos vários tem de entregar os seus filhos a outrem para cuidar. Sabendo que a mãe do céu de todos cuida mas os filhos precisam de ser protegidos, acarinhados. Toca-me muito particularmente e sinto que de facto estas mães o que mais querem é por os filhos a salvo”, desenvolveu.
“Neste Dia da Mãe de 2022, a Igreja quer prestar a sua homenagem a todas estas “mães coragem” de todos os dias, as que nunca desistem de cuidar, proteger e ensinar a crescer saudáveis os seus filhos. Quer de modo particular deixar uma palavra de esperança a todas estas mães que estão em fuga às bombas e ameaças à vida. A elas se convida a dirigirem o olhar e preces para Nossa Senhora, a Mãe de Jesus, que viveu igualmente momentos terríveis para salvar o Filho Jesus.” – Comissão Episcopal do Laicado e Família
Maria Mira, mãe de quatro filhos “com uma diversidade grande de idades, dos 19 aos 7 anos”, conta que espera viver o Dia da Mãe “em muita paz”, em família, de forma serena “e com o coração em paz”.
Neste contexto, e da mensagem da comissão episcopal, o padre Francisco Ruivo, sacerdote da Diocese de Santarém, afirmou que “Dia da Mãe é um coração de paz”.
“A mãe é sem dúvida a que por excelência estabelece pontes: Pontes nos conflitos muitas vezes geracionais, nos conflitos familiares, e diríamos que por detrás destas relações de ponte o seu grande desejo é a paz”, desenvolveu o assistente do Departamento Nacional da Pastoral Familiar de Portugal, lembrando que “paz não é apenas a ausência de conflitos”.
A mensagem para o Dia da Mãe da Comissão Episcopal do Laicado e Família também lembra cada mãe que se sente “mais provada no exercício da sua maternidade”, por diversos fatores, as dificuldades na educação dos filhos, “as vítimas de solidão, de separação, de abandono ou de qualquer tipo de violência”.
“São mães resilientes e a resiliência também é uma característica do ser mãe. Independentemente das circunstâncias, aquele é o meu filho, é dele que tenho de cuidar, com tudo o que implica”, comentou Maria Mira, do Departamento Nacional da Pastoral Familiar de Portugal.
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