Igreja/Sociedade: Novos modelos económicos devem ser pensados a partir da «fraternidade», «amizade» e «dom» – Frei Hermínio Araújo

Religioso franciscano participa na reflexão sobre «Economia de Francisco», que decorre entre os dias 19 a 21 de novembro

Lisboa, 17 nov 2020 (Ecclesia) – Frei Hermínio Araújo, religioso franciscano, afirmou que a economia de Francisco se conjuga com as palavras “dom”, “fraternidade” e “amizade”, encontradas no testamento espiritual do santo de Assis.

“O Santo de Assis não elaborou um modelo económico, mas encontramos nos seus textos muitas orientações para o caminho que temos pela frente”, sublinha o religioso franciscano num texto enviado hoje à Agência ECCLESIA, onde recorda o “testamento espiritual” de São Francisco.

Ao propor pensar a economia a partir do exemplo de um jovem do século XII, São Francisco de Assis, o Papa quer indicar o seu testamento como inspiração para elaborar novos modelos económicos.

O irmão, indica o Frei Hermínio Araújo, “é um dom colocado por Deus ao meu cuidado”, devendo ser este “o ponto de partida para repensar a economia”.

“Este princípio orientador esteve na base da elaboração das duas grandes encíclicas deste pontificado: a Laudato si’ sobre o cuidado de todos os irmãos habitantes da mesma Casa e a Fratelli tutti sobre a fraternidade e a amizade social dos humanos”, elucida.

Os irmãos, são para São Francisco, “pessoas concretas”, com quem se concretiza também a fraternidade e, nesse sentido, entre pessoas que vivem “o respeito e a estima”.

As palavras do Papa Francisco, que muitas vezes convida a utilizar em diferentes situações – «com licença», «desculpe», «obrigado» – são, indica o religioso franciscano, uma “breve teologia da amabilidade”, que se encontram também a última encíclica, «Fratelli tutti», e “uma bela inspiração para as empresas”.

“A economia de Francisco está resumida nesta expressão: «É dando que se recebe!» Tudo tão diferente da lógica: «É recebendo que se dá!». E que se dá de uma forma injusta, por isso, mortal”, sublinha.

Também o trabalho, indica o religioso franciscano, é visto por São Francisco como um “dom” e regressa ao seu testamento espiritual para o concretizar.

“«Os irmãos a quem o Senhor deu a graça de trabalhar, trabalhem fiel e devotamente, de maneira que afugentem a ociosidade». O segundo: «Eu trabalhava com minhas mãos e quero ainda trabalhar; e firmemente quero que todos os irmãos trabalhem em ofício honesto. E os que não sabem, aprendam; não pela cobiça de receber o preço do trabalho, mas para dar bom exemplo e para repelir a ociosidade.»”.

São Francisco de Assis, preconiza no século XIII, a pessoa na sua “globalidade e realização”.

“Para São Francisco de Assis, tudo é dom, tudo é graça; por isso, também o trabalho. E porque é graça, o que está em causa não é apenas “o preço do trabalho”, mas a pessoa na sua globalidade e realização”, sublinha.

LS

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