Igreja/Sociedade: «Não podemos permitir que passem legislações que não contemplem respeito absoluto pelo irmão» – D. Armando Esteves Domingues

Bispo de Angra afirma que «seria necessário» entidades públicas, os políticos, os legisladores, tivessem «no coração, e na preocupação», o que são «direitos reconhecidos»

Foto: Agência ECCLESIA/LS

Fátima, 16 out 2025 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização, da Igreja Católica em Portugal, disse hoje que “não” se pode permitir que “passem legislações que não contemplem” o “respeito absoluto pelo irmão”, à Agência ECCLESIA, no Santuário de Fátima.

“Nós não podemos permitir que passem legislações que não contemplem este respeito absoluto pelo irmão, que não apelem a olhar cada homem, cada mulher, seja ele quem for e de onde vier, como alguém com quem eu tenho que construir a fraternidade no respeito, no diálogo, no reconhecimento do valor que tenho”, assinalou D. Armando Esteves Domingues.

A Conferência Episcopal Portuguesa promoveu esta manhã uma conferência sobre a declaração ‘Nostra Aetate’ (“Em nosso tempo”), documento do Concilio Vaticano II, através da Subcomissão de Diálogo Inter-Religioso, da Comissão Missão e Nova Evangelização.

“Quando se discutem as leis dos imigrantes, como outras legislações, era muito importante que os nossos católicos tivessem conhecimento destes documentos”, realçou o presidente da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização, referindo-se à ‘Nostra Aetate’, e também à “maravilhosa declaração da fraternidade humana”, a Declaração de Abu Dhabi, assinada pelo Papa Francisco e pelo grande-imã de Al-Azhar, Ahmad al-Tayeb, a 4 de fevereiro de 2019, nos Emirados Árabes Unidos.

“E que pudessem também fazer dele alimento para o convívio entre todos os povos, entre o acolhimento, sem exclusão, acolher mesmo os imigrantes, mas com dignidade. Lutar para que não sejam cidadãos de segunda, que não sejam espezinhados, mesmo esta questão da reconstrução familiar, como é importante que nós sejamos capazes de colocar as pessoas também juntas”, acrescentou D. Armando Esteves Domingues, bispo de Angra.

Em 2025 comemora-se o 60.º aniversário da publicação da ‘Nostra Aetate’, aprovada a 28 de outubro de 1965 pelo Concílio Vaticano II, e que se tornou um marco no relacionamento da Igreja Católica com as religiões não-cristãs.

Nesta declaração conciliar, intitulada ‘Em nosso tempo’, em português, lê-se, por exemplo, que não se pode “invocar Deus como Pai”, se há recusa em tratar como irmãos alguns homens criados à sua imagem e semelhança, ou que a Igreja reprova toda e qualquer discriminação e violência praticada por motivos de raça, cor, condição ou religião.

“Quanto gostaria, quanto seria necessário que as nossas entidades públicas, os políticos, os legisladores, tivessem no coração, e na preocupação, aquilo que são verdades inalienáveis, direitos reconhecidos”, assinalou D. Armando Esteves Domingues, lembrando que a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi publicada em 1948, por isso, os homens já tinham “uma carta de referência que todos aprovaram”, antes da ‘Nostra Aetate’.

A Subcomissão de Diálogo Inter-Religioso, dos bispos católicos de Portugal, nasceu em novembro de 2023, o presidente da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização que se consolide e que “em todas as dioceses se desenvolvam atividades, as mais diversas” porque “este diálogo é caminho fundamental para o respeito e construção de uma paz duradoura”.

D. Armando Esteves Domingues acrescenta que querem que tenha consequências sociais, e exemplifica que, nas escolas, as crianças convivem umas com as outras, “naturalmente começam “a conhecer como é que eles fazem”, e, “em muitas” aulas da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica os professores “aproveitam as festas de religiões” para a partilha de tradições, porque “é no conhecer que as pessoas se respeitam”.

O prefeito do Dicastério para o Diálogo Inter-Religioso da Santa Sé, o cardeal D. George Koovakad,, esteve no Santuário de Fátima, no âmbito das comemorações do 60.º aniversário da publicação da declaração conciliar ‘Nostra Aetate’, sobre a relação da Igreja Católica com as religiões não-cristãs, esta quinta-feira, dia 16 de outubro.

LS/CB/OC

Igreja/Portugal: Responsável do Vaticano destaca papel das religiões como «fontes de fraternidade e solidariedade»

Partilhar:
Scroll to Top