Francisco pediu para se «escutar mais os povos indígenas» e aprender com seu modo de vida
Cidade do Vaticano, 10 fev 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco destacou hoje a “crise social e ambiental sem precedentes”, afirmando que a “contribuição dos povos indígenas é fundamental na luta contra as mudanças climáticas”, aos participantes do 6° Encontro Mundial do Fórum dos Povos Indígenas.
“Infelizmente, assistimos uma crise social e ambiental sem precedentes. Se realmente queremos cuidar da nossa casa comum e melhorar o planeta em que vivemos, são imprescindíveis mudanças profundas nos estilos de vida, são imprescindíveis modelos de produção e consumo”, disse o Papa, na audiência, desta manhã, na Sala do Consistório, no Vaticano.
Francisco recebeu os participantes do 6° Encontro Mundial do Fórum dos Povos Indígenas, promovido pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), e destacou que a “contribuição dos povos indígenas é fundamental na luta contra as mudanças climáticas”, o que “está comprovado cientificamente”.
“Devemos escutar mais os povos indígenas e aprender com seu modo de vida a fim de compreender adequadamente que não podemos continuar a devorar avidamente os recursos naturais; ignorar as comunidades originárias na salvaguarda da terra é um grave erro, é o funcionalismo extrativista, para não dizer uma grande injustiça”, salientou o Papa.
‘Liderança dos povos indígenas em questões climáticas: soluções baseadas nas comunidades para melhorar a resiliência e a biodiversidade’, é o tema deste 6° Encontro Mundial do Fórum dos Povos Indígenas.
Para o Papa, este lema, é uma oportunidade para “reconhecer o papel fundamental” que os povos indígenas desempenham na proteção do meio ambiente e “destacar sua sabedoria para encontrar soluções globais para os imensos desafios que as mudanças climáticas colocam diariamente à humanidade”.
“Hoje, mais do que nunca, são muitos os que pedem um processo de reconversão das consolidadas estruturas de poder que regem a sociedade de cultura ocidental e, ao mesmo tempo, transformam as relações históricas marcadas pelo colonialismo, exclusão e discriminação, dando lugar a um diálogo renovado sobre a forma como estamos construindo o nosso futuro do planeta”, desenvolveu.
Francisco, pediu aos governos que “reconheçam os povos indígenas de todo o mundo, com suas culturas, línguas, tradições e espiritualidades”, e que respeitem a sua dignidade e os seus direitos, “conscientes de que a riqueza da nossa grande família humana consiste em sua diversidade”.
“As culturas indígenas não devem ser convertidas numa cultura moderna, não. Elas devem ser respeitadas.”
“Saber mover-se em harmonia é o que dá a sabedoria que chamamos de viver bem. A harmonia entre uma pessoa e sua comunidade, a harmonia entre uma pessoa e o ambiente, a harmonia entre uma pessoa e toda a criação. As feridas contra esta harmonia são as que estamos vendo evidentemente, que destroem os povos. O extrativismo, no caso da Amazónia, por exemplo, o desmatamento, ou o extrativismo de minério.”
Segundo o Papa, é louvável o trabalho do FIDA em “ajudar as comunidades indígenas num processo de desenvolvimento autónomo”, sobretudo pelo Fundo de Apoio aos Povos Indígenas, mas esses esforços “devem ser multiplicados e acompanhados de decisões firmes e claras, para uma transição justa”, divulga o ‘Vatican News’.
CB/PR