Igreja/Sociedade: «Muitas pessoas que não eram pobres tornaram-se pobres durante a pandemia» – Joana Silva (c/vídeo)

Comissão Nacional Justiça e Paz promove conferência sobre aumento da pobreza e desigualdades

Lisboa, 20 jan 2021 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), da Igreja Católica, promove este sábado a sua conferência anual, debatendo o tema ‘pobres, pobreza e desigualdade’, com particular atenção ao impacto da pandemia.

Joana Silva, economista e docente da UCP, sublinha à Agência ECCLESIA que é importante “ter uma abordagem diferente” sobre estas questões.

“Um dos grandes problemas da atualidade é não só o elevado nível da pobreza, mas também o aumento que teve nos anos recentes, com a pandemia”, refere a vogal da CNJP, organismo laical ligado à Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

“Muitas pessoas que não eram pobres tornaram-se pobres durante a pandemia”, acrescenta.

O risco de pobreza em Portugal aumentou para 18,4% em 2020, subida de 2,2 pontos percentuais relativamente ao ano anterior, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

“É um aumento significativo, a taxa já era alta, ao nível europeia, estávamos acima da média europeia, de vários países com os quais nos comparamos”, destaca a entrevistada desta quinta-feira no Programa ECCLESIA (RTP2).

A especialista admite que as políticas implementadas durante a pandemia conseguiram impedir um “aumento ainda mais substancial” da pobreza, mas sublinha que “a desigualdade aumentou significativamente”.

“É um indicador preocupante”, assume.

Joana Silva sustenta que é necessário evitar que esta situação se torne “permanente”.

“Em Portugal, há uma franja grande da população que tem rendimentos muito próximos da linha de pobreza”, adverte.

A docente da UCP observa ainda que a pandemia vem dificultar a inserção de jovens no mercado de trabalho.

Para a vogal da CNJP, é importante trocar experiências, a partir do terreno, e entender “as causas” da pobreza, propondo “programas substanciais” que estejam aliados a programas de mercado de trabalho e formação profissional.

“Facilitam, não só dão amparo às pessoas, mas dão trampolins, para que possam sair da pobreza”, acrescenta.

Joana Silva realça a necessidade de avaliar o “impacto” das políticas de combate à pobreza e as mudanças que, efetivamente, provocaram na vida das pessoas.

“Ninguém é pobre por escolha”, sustenta.

A conferência decorre no Centro Cultural Franciscano, Largo da Luz, em Lisboa, a partir das 10h0, com intervenções do presidente da CEP e bispo de Setúbal, D. José Ornelas, e do presidente da CNJP, Pedro Vaz Patto.

Segue-se a conferência ‘novos desafios no combate à pobreza’, com Carlos Farinha Rodrigues, economista e especialista em pobreza e desigualdades.

A partir das 11h30, a Comissão Nacional Justiça e Paz promove um painel sobre ‘o que se faz e o que falta fazer’ na ‘luta contra a pobreza’, com Rita Valadas, presidente da Cáritas Portuguesa, Maria José Gonçalves, das Escravas do Sagrado Coração de Jesus, e Joana Silva.

A conferência anual da CNJP vai ser encerrada por D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana da CEP e bispo de Santarém, pelas 12h30.

Para a participação presencial, com inscrição prévia, o organismo solicita a apresentação de certificado de vacinação contra a Covid-19, ou teste negativo ou certificado de recuperação.

A Comissão Nacional Justiça e Paz informa ainda que a conferência anual vai ser transmitida através da sua página na rede social Facebook.

OC

 

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