Economista, falecida aos 87 anos, é evocada por organizações católicas como «referência» na luta contra a pobreza
Cascais, 09 out 2019 (Ecclesia) – O cónego António Janela afirmou hoje na Missa exequial de Manuela Silva que a economista viveu um “compromisso” cristão não apenas na “frequência dos ritos”, nas no “empenhamento” social.
“A Manuela Silva foi, para a minha geração, uma referência muito importante, para aqueles que a conheceram no seus escritos, mas sobretudo no testemunho de vida”, afirmou o sacerdote do Patriarcado de Lisboa.
O padre Janela recordou os anos em que conheceu a militante da Juventude Universitária Católica, no curso de economia e nos congressos dos anos 50 anos, sublinhando que Manuela Silva “escreveu e comunicou até ao fim”, afirmando, já nos últimos momentos de vida, que “gostava de viver”.
“Gostar de viver é a melhor resposta que um cristão pode dar diante da morte”, afirmou o cónego António Janela na intervenção que fez durante a homilia da Missa das exéquias de Manuela Silva, que faleceu esta segunda-feira aos 87 anos de idade,
A Missa exequial foi celebra hoje, pelas 14h00, na igreja da Ressurreição, em Alvide, Cascais; a 14 de outubro, pelas 19h15, será celebrada Missa de 7.º dia na Capela do Rato (Lisboa) presidida por D. Manuel Clemente.
Esta terça-feira, o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, padre Manuel Barbosa, manifestou “pesar” pelo falecimento de Manuela Silva, uma “mulher de causas sociais” onde colocava “testemunho e empenhamento”, seja no ensino superior, na administração pública e na direção da Comissão Nacional Justiça e Paz e, mais recentemente, na Rede Cuidar da Casa Comum.
A Cáritas Portuguesa, por sua vez, homenageou a economista Manuela Silva, antiga presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) considerando-a uma “referência” na luta contra a pobreza.
“Toda a sua vida foi marcada por uma preocupação de procurar maior justiça e maior fraternidade para o mundo e de uma forma muito especial para Portugal”, refere Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas, em mensagem enviada à Agência ECCLESIA.
“Manuela Silva, foi uma mulher exemplo para todos nós e uma referência para a Igreja em Portugal. Manuela Silva foi o ícone daquilo que é o social da Igreja em Portugal. Nós iremos todos sentir a sua falta, mas ficamos com o legado de prosseguir o seu trabalho”, acrescenta.
A rede ‘Cuidar da Casa Comum’, de que a falecida economista foi fundadora, manifesta o seu pesar pela morte de Manuela Silva, considerando que todos os que a conheceram ficam “mais pobres e um pouco órfãos”.
O CRC – Centro de Reflexão Cristã recorda, por sua vez, a sua fundadora antiga presidente, que ali promoveu “estudos pioneiros sobre a pobreza e exclusão social”.
“Manuela Silva promoveu estudos sobre a pobreza, a igualdade salarial entre homens e mulheres, o combate às desigualdades e o desenvolvimento, sendo considerada o rosto português de combate à pobreza”, pode ler-se, na nota enviada à Agência ECCLESIA.
O movimento Metanoia recorda uma figura que soube “ligar a vida e a investigação à procura de justiça para todos preferindo os mais pobres”.
“A Igreja portuguesa e a sociedade muito lhe devem pela sua luminosa e intervenção eclesial, social e política ligada à economia de que foi professora universitária”, assinala o comunicado da equipa coordenadora.
OC/PR
Notícia atualizada às 17h45