Entrevista ao portal de notícias do Vaticano evoca impacto da guerra sobre crianças em idade escolar

Cidade do Vaticano, 02 set 2025 (Ecclesia) – Malala Yousafzai, vencedora do Nobel da Paz em 2014, disse ao portal de notícias do Vaticano que o diálogo inter-religioso tem um papel central na promoção do direito à educação.
“Quando pessoas de diferentes religiões se encontram, pode ser uma oportunidade para se entenderem melhor e se lembrarem dos muitos valores que todos partilhamos. Eu realmente acredito no poder da educação para superar barreiras e promover a empatia entre culturas e religiões”, referiu a jovem paquistanesa, em entrevista ao ‘Vatican News’.
Recordando que “mais de 122 milhões de meninas continuam fora da escola”, em todo o mundo, Malala aborda o impacto das guerras sobre as crianças em idade escolar.
“Este pensamento mantém-me acordada à noite. Quantas crianças adormecem ao som de tiros, neste momento? Quantas escolas foram bombardeadas esta semana? Quantas famílias foram separadas para sempre, para nunca mais se reunirem? Em Gaza, o número de crianças mortas é chocante e assustador”, denuncia.
A conversa aborda ainda a situação das meninas afegãs sob o regime talibã, com severas restrições ao seu acesso à educação.
“A escala da opressão dos talibãs é quase inimaginável. Mulheres e meninas não têm acesso à educação, ao trabalho e a qualquer forma de participação pública e política”, indica a Nobel da paz.
O Fundo Malala anunciou um investimento de 3 milhões de dólares para ajudar as meninas no Afeganistão, “atendendo a necessidades educacionais urgentes e promovendo justiça a longo prazo”.
Projetando o Dia Mundial da Alfabetização da ONU (8 de setembro), a jovem paquistanesa pede que se recordem as “muitas meninas que estudam à luz de velas, que caminham quilómetros para ir à escola ou estudam apesar daqueles que lhes dizem para ficar em casa”.
“Se há meninas dispostas a arriscar tudo pela oportunidade de aprender, então acho que todos nós podemos encontrar forças para defendê-las. A mudança não acontece sozinha. Devemos ouvi-las e exigir que nossos líderes invistam na educação e em soluções duradouras”, conclui.
OC