D. José Policarpo confia que «Nova Evangelização» será uma «sacudidela» à imagem do Concílio Vaticano II
Lisboa, 28 out 2011 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa considera que a “rotina” é hoje um dos principais obstáculos à renovação da Igreja Católica, que deve voltar a olhar com “frescura” para a sua missão evangelizadora no mundo.
“A diferença que há entre a primeira celebração vivida com fé e as celebrações rotineiras é muito grande. De vez em quando, tem de haver um alerta, dinamismos internos da Igreja para voltar a descobrir o ardor e a frescura da Verdade inicial”, defende D. José Policarpo, em declarações ao jornal “Voz da Verdade”.
Numa entrevista dedicada aos seus 50 anos de sacerdócio, o patriarca lisboeta recorda alguns dos acontecimentos que marcaram a sua caminhada de fé, apontando o Concílio Vaticano II (1962-1965) como “uma grande sacudidela” para a “busca de autenticidade da Igreja”.
Apesar da importância da mensagem que ecoou daquele evento, sobretudo no que diz respeito à afirmação de uma vivência cristã mais comunitária, ela “já sofreu o desgaste do tempo e da história”, sublinha D. José Policarpo, que olha agora com entusiasmo para a “nova evangelização”.
Para o patriarca de Lisboa, este apelo a um “novo ardor” no anúncio de Cristo, proposto por João Paulo II e continuado por Bento XVI, “acabará por dar frutos e marcar o rosto da Igreja e o seu contributo para a sociedade global, no seu conjunto”.
No entanto, para que isso aconteça, “a Igreja tem de escutar tanto a Palavra de Deus como os anseios dos homens”, sustenta ainda, apontando para a sede de “esperança” que atinge hoje tantos homens e mulheres.
“Um dos contributos que a Igreja dá à humanidade é suscitar a esperança! Mas cautela, a esperança não é desligável de um projeto de eternidade, realizado no tempo, mas um projeto de eternidade”, advoga.
Apesar da “nova evangelização” representar também um esforço da Igreja para vencer o individualismo, já que desafia todos os cristãos a anunciarem a Palavra de Deus, esse trabalho “ainda não está totalmente feito”.
D. José Policarpo sublinha que “a força da Igreja” vem dela “ser um povo, uma comunidade crente” e que só a interiorização dessa dimensão é que “torna tudo possível”.
VV/JCP