31 de OUTUBRO
Escola Católica e professores de Educação Moral e Religiosa Católica ensinam a tradição do «Pão por Deus» às crianças
Angra do Heroísmo, Açores, 31 out 2024 (Ecclesia) – O padre Vítor Medeiros, professor de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) nos Açores, “gostaria que não houvesse confusão entre o halloween e o ‘Pão por Deus’”, e afirma que “as duas festas podem existir mas não se misturando”.
“Gostaria que as duas coisas fossem vividas de forma a que não houvesse confusão entre o halloween e o Pão por Deus. São coisas distintas e embora uma festa não tenha que anular a outra, a verdade é que não se devem misturar também”, disse o sacerdote da Diocese de Angra, citado pelo portal online ‘Igreja Açores’.
O padre Vítor Medeiros realça que “cada coisa deve estar no seu lugar” e que não se pode esquecer o sentido de cada uma destas manifestações, enquanto o Halloween “celebra a morte, o medo, as travessuras e a questão da noite”, o ‘Pão por Deus’ “celebra a vida, a partilha, a ajuda”.
“A celebração da vida e da luz que acreditamos ser Cristo Jesus e olharmos uns para os outros, com a questão da amizade e da caridade”, acrescentou o docente de EMRC.
A diretora do Colégio de São Francisco Xavier, em Ponta Delgada, explica que, esta quinta-feira, dia 31 de outubro, as crianças do pré-escolar vão visitar os vários sectores deste colégio das irmãs de São José de Cluny, “recitando quadras onde farão o seu pedido de Pão por Deus”.
“As salas dos quatro e cinco anos trazem algo de casa para partilhar com os colegas, mas não deixamos de falar no Halloween de forma pedagógica, lembrando até como na antiguidade as bruxas eram usadas para espantar os males”, acrescentou.
Segundo a irmã Domingas Lisboa, diretora da única Escola Católica da ilha de São Miguel, que tem alunos desde a Creche ao Segundo Ciclo, no Colégio de São Francisco Xavier assinalam “a importância do Dia de Todos os Santos”, falam “sobre exemplos de modelo de vida cristã e sobretudo de valores como a partilha e as crianças aderem”.
“É uma festa de partilha e de simplicidade porque o ‘Pão por Deus’ é isso justamente: estarmos atentos às necessidades dos outros”, indicou.
O padre Vítor Medeiros, professor de Educação Moral e Religiosa Católica na Escola Secundária da Ribeira Grande, observa que talvez seja “mais fácil promover a animação do Halloween – quem não gosta de se fantasiar” – mas, salienta que “é bom” também que possam “manter a tradição, valorizando outros valores”.
O ‘Pão por Deus’ no Arquipélago dos Açores, comemora-se no dia 1 de novembro, esta sexta-feira, a Diocese de Angra explica que “é uma tradição muito viva”, impulsionada pelas Escolas Católicas, e que está “a ser recuperada como uma tradição cultural pelas escolas do ensino público regional, sobretudo as do ensino básico”.
“Tenho pena de que, às vezes, pareça que há uma vergonha em ensinar a tradição. As duas festas podem existir mas não se misturando”, realçou o padre Vítor Medeiros, ao sítio online ‘Igreja Açores’.
A tradição do ‘Pão Por Deus’ remonta a 1756, um ano após do sismo que devastou Lisboa. A pobreza que atingia a capital agravou-se com a destruição provocada pelo abalo de terra e um ano depois os lisboetas saíram à rua para pedirem Pão por Deus para “matar” a fome.
A Igreja celebra esta sexta-feira o dia de Todos os Santos, na qual lembra conjuntamente “os eleitos que se encontram na glória de Deus”, tenham ou não sido canonizados oficialmente. Segundo a tradição, em Portugal, as crianças saíam à rua e juntavam-se em pequenos grupos para pedir o ‘Pão por Deus’ de porta em porta, que remonta a 1756, um ano depois do sismo que devastou Lisboa: recitavam versos e recebiam como oferenda pão, broas, bolos, romãs e frutos secos, nozes, amêndoas ou castanhas, que colocavam dentro dos seus sacos de pano; nalgumas aldeias chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’. Em contraste com esta festa católica está o ‘Halloween’, vindo dos Estados Unidos da América e agora muito celebrado também na Europa, no dia 31 de outubro. A comemoração veio dos antigos povos celtas que habitavam a Grã-Bretanha há mais de 2000 anos, na véspera do Dia de Todos os Santos, em inglês ‘All Hallow’s Eve’ (contraída mais tarde na palavra Halloween). |
CB/OC