«Não podemos viver desenraizados daquilo que é o cuidado do ambiente, e cuidar do ambiente, cuidando das pessoas» – Catarina António
Lisboa, 05 jun 2025 (Ecclesia) – A Fundação Fé e Cooperação (FEC), da Igreja Católica em Portugal, tem a “sustentabilidade” como princípio e, neste Dia Mundial do Ambiente, incentiva à “mudança de hábitos de consumo” e destaca a importância da encíclica ‘Laudato Si’.
“A verdade é que nós temos de mudar os nossos hábitos, é algo que não se consegue de um dia para o outro, sabemos disso, e, também, por isso, nós trabalhamos muito na sensibilização para a mobilização e para a ação, mas é algo que é possível”, disse Catarina António, gestora de projetos da FEC, em entrevista à Agência ECCLESIA, no Dia Mundial do Ambiente 2025, que se assinala esta quinta-feira.
A entrevistada destaca que a “sustentabilidade é um dos nossos princípios” da Fundação Fé e Cooperação e está “sempre presente” no trabalho da organização não-governamental para o desenvolvimento, que sempre que elabora um projeto, um programa, tem “em atenção quer as pessoas, quer o planeta”.
“Não existe planeta sem pessoas, nem pessoas sem planeta. E, portanto, temos sempre este cuidado também de sensibilizar as pessoas para as mobilizar para agirem, e também para serem corresponsáveis no cuidado pelo nosso planeta”, acrescentou a gestora de projetos.
A fundação católica, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), ao longo de 35 anos “de ação”, tem desenvolvido “vários projetos que focam na sustentabilidade ambiental”, em Angola, em Moçambique e na Guiné-Bissau, para além de Portugal; terminou, recentemente o ‘Pequenos Passos’, “que apelou à mudança de estilos de vida e também dos hábitos de consumo”, e tem a decorrer o projeto ‘Volta Atrás, Repensar o Consumo pelas Pessoas e pelo Planeta’, em parceria com a ONGD OIKOS, cofinanciado pelo Camões- Instituto da Cooperação e da Língua.
Neste Dia Mundial do Ambiente, a entrevistada destaca também as encíclicas ‘Laudato Si’, que foi publicada há 10 anos, e a ‘Fratelli Tutti’ do Papa Francisco, “foi uma inspiração para cristãos e não cristãos com estes documentos” que também “inspiram muito o trabalho da FEC”.
“Este documento [Laudato Si] veio, no fundo, colocar em comum tudo aquilo que tem sido, ao longo dos anos, também a preocupação da Igreja Católica, quer em Portugal, quer no mundo; nós usamos muito a expressão ‘casa comum’, eu gosto mais da expressão ‘ecologia integral’. Esta ecologia integral a que ele nos convoca, a que somos convocados, diria pelo batismo, porque não podemos viver desenraizados daquilo que é o cuidado do ambiente, e cuidar do ambiente cuidando das pessoas também”, desenvolveu Catarina António.
O Dia Mundial do Ambiente, instituído pelas Nações Unidas, é assinalado, anualmente, a 5 de junho, desde 1973, este ano de 2025 tem como lema ‘Combater a poluição por plástico’, e Catarina António alerta que “só a reciclagem não vai resolver a questão da imensidade de plásticos” que existe no dia a dia.
“Se calhar, era altura de começarmos a pensar em comprar, por exemplo, a granel, começarmos a ter os nossos próprios sacos, os nossos sacos de pano, como havia antigamente; hoje em dia é muito mais fácil chegar a um supermercado e comprar produtos previamente embalados e nem reparamos na quantidade de plástico que envolve e para onde é que vai a seguir”, desenvolveu a entrevistada.
A gestora de projetos da FEC, que é de “uma pequena aldeia”, recorda o tempo em que se usavam “cestas para ir às compras”, e sobre os produtos incentiva a pensar nos que “têm menos plástico, quer na sua produção, quer no embalamento”, e na reutilização do plástico para que “não seja mais um desperdício e mais um descarte”.
“É uma mudança de paradigma, mais do que de hábitos, porque, muitas vezes, ouvimos dizer ‘sempre fiz assim’, ‘sempre foi assim’, ‘como é que vou mudar’, ‘não vejo mudança com os meus hábitos individuais’, e a verdade é que tem um grande impacto; se fôssemos analisar tudo aquilo que ingerimos, se calhar íamos ver a quantidade de plástico que estamos a ingerir”, desenvolveu no Programa ECCLESIA, transmitido esta quinta-feira, na RTP2.
O Dia Mundial do Ambiente, comemorado a 5 de junho, foi instituído pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972, durante a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Humano, em Estocolmo.
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![]() “Infiltra-se em todos os cantos da Terra, desde o topo do Monte Evereste até às profundezas do oceano, desde os cérebros humanos até ao leite materno. No entanto, há um movimento para uma mudança urgente: Estamos a assistir a um crescente envolvimento público, passos no sentido da reutilização e de uma maior responsabilização, e políticas para reduzir os plásticos de utilização única e melhorar a gestão dos resíduos”, desenvolveu António Guterres. O secretário-geral das Nações Unidas convida a, juntos, “acabar com o flagelo da poluição por plásticos e construir um futuro melhor para todos”, na mensagem onde lembra que os países vão reunir-se para “elaborar um novo tratado global para acabar com a poluição por plásticos”, dentro de dois meses e pede “um acordo ambicioso, credível e justo”. A ONU estima que, anualmente, 11 milhões de toneladas de plásticos acabem em lagos, rios e mares, o que equivale aproximadamente ao peso de 2,2 mil de Torres Eiffel juntas. Em Portugal, existe o Pacto Português para os Plásticos, que foi lançado há cinco anos (4 de fevereiro de 2020), e é promovido pela Associação Smart Waste, com o apoio do Ministério do Ambiente e da Ação Climática, em parceria com a rede dos Pactos para os Plásticos da Fundação Ellen MacArthur. |