Provincial da Companhia de Jesus em Portugal explica novo portal «Ponto SJ» dos jesuítas
Lisboa, 26 fev 2018 (Ecclesia) – O provincial dos jesuítas em Portugal diz que o novo projeto editorial da Companhia de Jesus, o portal ‘Ponto SJ’, vai ao encontro da necessidade da Igreja Católica “ousar” algo diferente na área da comunicação.
Numa sessão de lançamento desta iniciativa, no Café-Teatro da Comuna em Lisboa, o padre José Frazão Correia salientou que é preciso fazer cada vez mais chegar a palavra cristã “para lá do espaço eclesial” e deixou uma nota sobre o clima de crispação que domina grande parte da comunicação atual, no espaço público.
“Falta um certo cavalheirismo no diálogo de hoje”, apontou aquele responsável.
O novo portal ‘Ponto SJ’, já ativo em www.pontosj.pt, pretende ser um espaço plural de troca de ideias acerca dos mais variados temas, desde a Religião à Cultura, passando pela Política, a Educação e a Justiça.
Uma “confluência de várias perspetivas”, concretizou o provincial dos jesuítas.
O diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja, padre Américo Aguiar, relevou precisamente a abertura e pluralidade que carateriza este projeto e que está patente no próprio nome, que “é Ponto SJ e não SJ Ponto”.
Para o sacerdote, é essencial que “a presença da Igreja no espaço mediático”, e mais concretamente na internet, seja feita de modo “profissional e com muita qualidade”.
Também como forma de “rasgar” com um contexto em que a internet e as redes sociais mais parecem muitas vezes “tanques de lavar roupa suja digitais” e em que está “a perder-se o hábito de trocar ideias diferentes”.
“Obrigado e que este projeto provoque a disponibilidade de fazer coisas complementares, não iguais”, incentivou o padre Américo Aguiar.
Uma das principais apostas dos jesuítas, com este portal ‘Ponto SJ’, é o envolvimento de um conjunto de vozes e cronistas com peso na sociedade, chamados a partilhar as suas reflexões e conhecimentos no espaço público.
Figuras como Guilherme D’Oliveira Martins, Joaquim de Azevedo, Clara Almeida Santos, Carla Quevedo, Jacinto Lucas Pires, Joana Rigato, Alfredo Teixeira, os padres Gonçalo Portocarrero e Nuno Amador e a irmã Irene Guia.
“Significativo é o facto de serem propostas que vêm de pessoas de gerações muito diferentes, desde os 28 até depois dos 70 anos temos pessoas que vão propor reflexões com experiências de vida também elas diversas, pela idade, pelo percurso, e creio que isso é um dos aspetos que também enriquece muito o Ponto SJ”, frisou o padre José Maria Brito, coordenador do projeto.
Do lado das figuras públicas que se associaram a este novo portal, Marisa Matias, eurodeputada pelo partido Bloco de Esquerda, salientou a responsabilidade da Igreja Católica, enquanto “uma das instituições mais importantes da sociedade”, estar cada vez mais “ligada” a estes novos meios mediáticos.
Já o escritor João Miguel Tavares destacou o surgimento deste projeto no contexto de uma Igreja Católica dividida entre “uma ala mais conservadora e outra ala mais progressista”, que estão “cada vez mais afastadas entre si”.
“Então a Igreja às vezes está a fazer uma espargata que enfim, necessita de uma certa elasticidade para não causar lesões”, apontou o cronista.
A irmã Júlia Bacelar, que trabalha com mulheres em extrema vulnerabilidade, foi desafiada pelo Ponto SJ a uma “conversa improvável” com Marisa Matias, e gostou da experiência.
“Todos nós temos valores e princípios e não são tão contraditórios quanto isso, desde que tenhamos uma causa comum”, disse a religiosa.
Jacinto Lucas Pires tocou em duas áreas que mais tempo abarcam e mais polémica causam na sociedade atual, a política e o futebol, para reforçar a necessidade de uma mudança de paradigma na comunicação.
“Há 10, 15, 20 anos atrás, adversários políticos ferozes conseguiam estar numa sala e ser amigos, um benfiquista, um portista e um sportinguista conseguiam ter uma conversa sobre futebol sem insultos. E isso é cada vez mais difícil no espaço público atual”, completou.
JCP