Igreja/Sociedade: «Discursos e comportamentos racistas ou xenófobos não deveriam vir da Igreja», afirmou diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações

Eugénia Quaresma salientou que «desafio de acolher diferentes nacionalidades dá a oportunidade de a Igreja pensar-se como verdadeiramente católica»

Foto: Folha do Domingo/Samuel Mendonça

Faro, 19 out 2023 (Ecclesia) – A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) afirmou que “discursos e comportamentos racistas ou xenófobos não deveriam vir da Igreja”, numa reunião na Diocese do Algarve, onde assinalou oportunidade da Igreja ao acolher “diferentes nacionalidades”.

“Os discursos e os comportamentos racistas ou xenófobos que possam surgir não deveriam vir da Igreja. Como é que nós, a partir do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja, combatemos esta narrativa?”, referiu Eugénia Quaresma, esta terça-feira, na Diocese do Algarve.

“Pela minha experiência, é muito pela história de vida, é conhecendo, é muito promovendo o encontro para poder mudar mentalidades porque senão as pessoas ficam no preconceito”, acrescentou, informa o jornal diocesano ‘Folha do Domingo’.

A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações, da Conferência Episcopal Portuguesa, assinou que a Pastoral da Mobilidade Humana está sujeita a “diferentes tensões, conflitos e medos”, e deve lidar com essas condicionantes “com criatividade, com gestos concretos e com presença constante”.

Segundo esta responsável, este trabalho tem “implicações políticas” porque deve “espicaçar” os decisores políticos “sobre algumas coisas que estejam menos bem”.

A diretora da OCPM esteve na Diocese do Algarve onde reuniu com o bispo diocesano, D. Manuel Quintas, em Faro, e com os novos responsáveis do Secretariado Diocesano da Mobilidade Humana e do Setor Diocesano das Migrações e Comunidades Étnicas, em Loulé.

Eugénia Quaresma salientou que a Pastoral da Mobilidade Humana é “um setor importante” para o trabalho da Igreja Católica, “para que cumpra sua missão evangelizadora”, e realçou a importância de olhar para o migrante para além da vulnerabilidade, para “toda a riqueza cultural e bem espiritual que pode testemunhar” na comunidade de acolhimento.

“O migrante como pessoa de fé que vive imensas dificuldades, por vezes, transporta uma fé que deve ser testemunhada e que é um exemplo para a comunidade local. Se não fossem as comunidades migrantes, muitas igrejas na Europa estariam fechadas”, explicou, observando que o migrante também presta “um serviço de Igreja”, com a sua cultura e a forma como vive a espiritualidade.

Eugénia Quaresma afirmou que o desafio de acolher diferentes nacionalidades “dá a oportunidade de a Igreja pensar-se como verdadeiramente católica”, salientando que quando as diversas comunidades estão sediadas, por exemplo, numa paróquia, ajudam a perceber que são “uma família humana”.

“Podemos ter línguas diferentes, mas estamos unidos pela mesma fé, este é o desafio da catolicidade”, sublinhou.

A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações acrescentou ainda o “desafio” dos diálogos inter-religioso e ecuménico, assinalando que o que os católicos, fazem “não está só fechado aos que comungam da mesma fé”, dando como exemplo a ação social da Igreja Católica que é “aberta à pessoa em necessidade”, informou o jornal diocesano ‘Folha do Domingo’.

CB/OC

 

 

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