Data «coloca na agenda política e mediática a situação de milhões de pessoas que não têm acesso a bens essenciais»
Lisboa, 11 jul 2024 (Ecclesia) – A Fundação Fé e Cooperação (FEC), da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), destaca a importância do Dia Mundial da População 2024, destacando a necessidade de combater as desigualdades num mundo com 8 mil milhões de pessoas e recursos “limitados”.
“A pertinência da celebração do Dia Mundial da População é a de focar a atenção global nas questões cruciais relacionadas ao crescimento populacional e servir como catalisador para a ação coletiva, para políticas informadas e educação pública, com o objetivo de criar um mundo mais equilibrado e sustentável para as gerações futuras”, referiram hoje duas coordenadoras da FEC, à Agência ECCLESIA.
Para Isa Neves, coordenadora do Departamento de Cooperação para o Desenvolvimento, e Patrícia Fonseca, coordenadora do Departamento de Educação para o Desenvolvimento e Advocacia Social, assinalar anualmente o Dia Mundial da População é uma oportunidade para “lembrar e celebrar a vida de 8 mil milhões de pessoas”, que, cada uma, na sua diversidade e singularidade, “tem direito a uma vida digna”.
O Dia Mundial da População coloca na agenda política e mediática a situação de milhões de pessoas que não têm acesso a bens essenciais, como alimentação, educação, vestuário, não porque não existem bens disponíveis para todos, mas porque os bens estão distribuídos de forma desigual. Este Dia é, por isso, uma oportunidade para que todos – governos, organizações da sociedade civil, academia, empresas… – continuemos a trabalhar no sentido da redução das desigualdades globais e da erradicação da pobreza”.
Adotado na Assembleia Geral das Nações Unidas, a 21 de dezembro de 1990, o Dia Mundial da População é comemorado a 11 de julho; em 2024 tem como tema ‘Para não deixar ninguém para trás, conte com todos’.
Isa Neves e Patrícia Fonseca, da Organização Não Governamental para o Desenvolvimento FEC, da Igreja Católica em Portugal, lembram que ‘Não deixar ninguém para trás’ é o mote da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, um compromisso global assumido por todos os Estados-Membros das Nações Unidas, em 2015, e “caminhar no sentido do cumprimento dos ODS à escala global, não só continua atual, deve ser prioritário”.
O Papa também assinalou o Dia Mundial da População, com uma publicação online, na conta @pontifex_pt, na rede social ‘X’: “O problema do nosso mundo não é o nascimento de crianças: é o egoísmo, o consumismo e o individualismo, que tornam as pessoas saciadas, sozinhas e infelizes. #WorldPopulationDay”.
“O alerta do Papa Francisco é uma chamada de atenção para reavaliar os nossos valores e comportamentos. Em detrimento de responsabilizar o crescimento populacional, devemos olhar para dentro e para as relações que mantemos com a Criação e com a Humanidade e considerar como o egoísmo, o consumismo e o individualismo moldam o mundo que nos rodeia e agravam os seus problemas”, acrescentam as responsáveis da Fundação Fé e Cooperação.
Na cooperação para o desenvolvimento, “o egoísmo, pode levar à falta de empatia e cooperação entre países e dentro das comunidades, potenciando os problemas sociais e económicos”.
“O consumismo tem impactos ambientais severos, contribuindo para a degradação dos ecossistemas, mudanças climáticas e degradação dos recursos naturais. Já o individualismo enfatiza a independência pessoal e a autonomia, frequentemente à custa do bem-estar coletivo. Em sociedades altamente individualistas, a coesão social pode ser enfraquecida, podendo resultar numa sociedade menos solidária e mais fragmentada”, desenvolvem.
A FEC, que “tenta minimizar” as desigualdades sociais e a exclusão social com a sua ação, com intervenções nas áreas da saúde, educação e infraestruturas, salienta ainda que para enfrentar os desafios ambientais “é crucial” uma mudança de paradigma “do consumismo para a sustentabilidade”, incentivando a “práticas mais ecológicas e justas”.
CB/OC