Cardeal português assinalou que «a guerra é o contrário da santidade», que «pede amor, compreensão, reconciliação e paz»
Roma, 14 nov 2023 (Ecclesia) – O prefeito da Dicastério para a Cultura e a Educação (Santa Sé) explicou que a “guerra é o contrário da santidade”, que é preciso “dizer basta à violência”, após a conferência num congresso sobre a ‘Dimensão comunitária da santidade’.
“A guerra é o contrário da santidade. A santidade de Deus nos pede amor, compreensão, reconciliação e paz. Todos devemos rezar neste contexto porque não é uma situação fácil para ninguém”, disse o cardeal D. José Tolentino Mendonça, esta segunda-feira ao portal de notícias do Vaticano, questionado sobre como falar de santidade num cenário ferido pela guerra.
Devemos insistir, como faz o Santo Padre, e dizer basta à violência e ser capazes, através dos caminhos do encontro e do diálogo, de revelar-nos realmente à imagem e semelhança de Deus”.
O cardeal português explicou que a santidade “é uma proposta de Deus” para que se possa “colocar em prática o que Deus é”, é o mistério do próprio Deus que “Ele partilha”, salientando que “é muito bom ver”, por exemplo, no Levítico, livro bíblico do Antigo Testamento, como esse chamamento à santidade “é feito não apenas aos sacerdotes, mas a toda a comunidade: pequenos, grandes, homens, mulheres”.
“Não apenas uma adesão a um mistério de transcendência que nos esforçamos para compreender plenamente. É algo que conhecemos porque é o bem que podemos fazer, aquela aliança concreta com o amor, com a justiça, com a solidariedade, com a amizade social que podemos ativar na vida quotidiana”, acrescentou.
D. José Tolentino Mendonça proferiu a conferência de abertura do congresso de estudos ‘Dimensão comunitária da santidade’, promovido pelo Dicastério das Causas dos Santos, entre esta segunda e quarta-feira, no Instituto Patrístico Augustinianum, em Roma.
O prefeito da Dicastério para a Cultura e a Educação (Santa Sé) centrou-se na análise do capítulo 19 do livro de Levítico, considerado a “pedra angular de toda a Torá”, e examinou o versículo 2 ‘Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo’, afirmando que o que Deus pede para fazer “ilumina o mistério do próprio Deus, numa misteriosa circularidade”.
“Santidade significa correr o risco de experimentar a transformação operada em nós por Cristo, caso contrário a fé é uma paixão inútil”, explicou, numa intervenção divulgada hoje pelo portal ‘Vatican News’.
Segundo o cardeal português, a santidade expressa-se através da “categoria da alteridade e da relação”, sendo o conceito de santo “uma extensão do divino ao humano”, porque a santidade é expansiva, “não é uma ideologia, mas uma experiência ‘tátil’ na própria vida de Deus, que inclui a dimensão da intimidade, do silêncio, até do absurdo que habita a existência humana”.
O cardeal Marcello Semeraro, responsável pelo Dicastério das Causas dos Santos que organiza esta conferência, explicou que a perspetiva, este ano, é olhar para a Igreja como habitat onde floresce a santidade.
CB/OC