Bispo auxiliar do Porto alerta para «aumento galopante do custo de vida»
Fátima, 17 out 2023 (Ecclesia) – D. Roberto Mariz, vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, assinalou hoje que a maior parte das pessoas se confrontou com um”aumento galopante do custo de vida”, com particular impacto na habitação.
“O custo daquilo que foi a habitação e daquilo que é o custo do arrendamento atingiu patamares que a rede de apoio social e socio-caritativo tem muitas dificuldades em responder imediatamente e atempadamente, mesmo articulando com apoios que existem no Setor Social”, disse à Agência ECCLESIA, no 35.º Encontro de Pastoral Social da Igreja Católica em Portugal.
O bispo auxiliar do Porto admite que não existem “soluções mágicas”, mas espera que a preocupação se mantenha na “agenda”.
“Olhemos para ela porque é importante e fundamental para a dignificação do ser humano e para a dignidade de cada um no nosso país”, desenvolveu.
D. Roberto Mariz alerta para o “risco” de, quando se fala de Portugal, “parecer que aparentemente tudo está bem”, quando na realidade não está tudo bem, mas “também não será correto dizer que está tudo mal”, e, no contexto da habitação, observa que “é bom ver que as forças políticas vão dele falando”, mesmo que as soluções ainda não estejam “no nível que se desejam”.
O entrevistado observa que a realidade da vida das pessoas “confrontou-se com um aumento galopante do custo de vida”, a nível salarial destaca “alguns indicadores de procurar correr atrás do salário mínimo”, mas o contexto global trouxe um aumento dos produtos, da inflação, “daquilo que são os juros”, e, “muitas vezes”, as famílias, as instituições e empresas tiveram “um custo acrescido que levou a um garrote”.
“Importa situarmo-nos enquanto sociedade naquilo que são as decisões que possam ser âncora e balão para contrabalançar com as realidades, que muitas vezes são macro, e que a gente não consegue localmente, ou num só país lutar contra elas. Com as medidas mais acertadas e mais corretas conseguem certamente ser uma alavanca para melhorar essas circunstâncias desfavoráveis ao contexto atual”.
D. Roberto Mariz, doutorado em Estudos da Religião (UCP-Braga) com a tese ‘O rosto social da Religião – As motivações religiosas das organizações sociocaritativas católicas’, conta que não gosta da palavra “do desalento e do desânimo” porque não ajudam “a olhar o presente e a olhar o futuro”, mas “a realidade é efetivamente bastante complexa”.
‘Envelhecer’ é o tema do 35.º Encontro de Pastoral Social, que começou esta segunda-feira, em Fátima, organizado pelo Secretariado Nacional da Pastoral Social (SNPS), da Comissão Episcopal Pastoral Social e Mobilidade Humana.
“Sabemos o peso que tem dentro da nossa sociedade a dimensão da longevidade da vida que cresceu, que é uma graça – uma graça das pessoas, da medicina, das condições de vida -, e que na fé também dizemos de Deus, mas onde é importante olhar também como um desafio; com as condicionantes que incorporam alguma fragilidade, mas onde possamos encontrar aquilo que sejam alegrias desse mesmo caminhar articulado e em conjunto do viver de uns com os outros”, assinalou D. Roberto Mariz.
Sobre o encontro nacional da Pastoral Social da Igreja Católica em Portugal, na sua 35ª edição, o bispo auxiliar do Porto destacou que “é reconhecer e a ser grato por quem faz todo esse trabalho”, ao mesmo tempo situa naquilo que é “sentir-se que é preciso fazer algo mais”, um “despertar reflexivo” de outras soluções a serem encontradas.
O Encontro de Pastoral Social termina esta quarta, com dois painéis, sobre saúde mental e cuidados paliativos, e a conferência de encerramento da presidente da Cáritas Portuguesa, Rita Valadas.
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