«Missão da Igreja faz-se também em diálogo com a cultura», realça cardeal português
Lisboa, 09 jan 2019 (Ecclesia) – O cardeal D. António Marto, bispo da Diocese de Leiria-Fátima, foi hoje distinguido como membro de mérito pela Academia Portuguesa de História.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o responsável católico saudou a iniciativa desta instituição, que “manifesta o empenho desta academia, a mais antiga do país, em abrir o conhecimento da História à transversalidade, numa interação dos vários saberes, também do ponto de vista cultural, teológico e espiritual, que também faz parte da história e da identidade de um povo”.
“Hoje também precisamos desta globalização do conhecimento, em diálogo com os vários ramos do saber, e a Igreja Católica é essencialmente uma Igreja em missão também através do diálogo com a cultura e com a história”, destacou D. António Marto.
A sessão solene da Academia Portuguesa de História decorreu esta quarta-feira à tarde no Palácio dos Lilases, em Lisboa, com a participação da ministra da Cultura, Graça Fonseca.
“Possam os estudos da nossa Academia contribuir para o humanismo integral, sempre dialogante com todas as áreas do pensamento, para que entendamos o que fizemos no tempo pretérito, mas, sobretudo, para termos consciência de quem somos hoje e o que, no futuro, queremos ser”, frisou D. António Marto, no discurso que deixou aos participantes da sessão solene.
Durante a iniciativa foram ainda acolhidas outras cinco personalidades com o grau de académicos honorários: Pedro Santana Lopes, António Miguel Forjaz Pacheco Trigueiros, José Alarcão Troni, José Bouza Serrano e Fernando Baptista.
D. António Marto passa a figurar numa lista de membros da Academia Portuguesa de História que incluía já várias figuras da Igreja Católica em Portugal, como D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa; D. Francisco Senra Coelho, arcebispo de Évora; D. Carlos Azevedo, atualmente em Roma como delegado do Conselho Pontifício da Cultura; e D. António Montes, bispo emérito de Bragança-Miranda.
Na mesma senda estão nomes da sociedade civil como o de Marcelo Rebelo de Sousa, atual presidente da República Portuguesa; e do professor Adriano Moreira, distinguido pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da Igreja Católica em Portugal, com o prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes.
António Augusto dos Santos Marto nasceu a 5 de maio de 1947, em Tronco, concelho de Chaves; e foi ordenado padre em Roma no ano de 1971, como presbítero da Diocese de Vila Real.
A sua formação académica contemplou estudos em Teologia Sistemática na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (de 1970 a 1977), onde fez o doutoramento, com a tese: “Esperança cristã e futuro do homem. Doutrina escatológica do Concílio Vaticano II”.
Desde 1977 até 2000 trabalhou na formação de candidatos ao sacerdócio no Seminário Maior do Porto, como formador e prefeito de estudos.
A partir de 1977 exerceu também atividade docente em diversos âmbitos. Foi professor de diversas áreas da teologia no Instituto de Ciências Humanas e Teológicas (Porto), no Centro de Cultura Católica (Porto), na Faculdade de Teologia e na Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa (Porto).
Nestas instituições académicas integrou diversas comissões, tanto ao nível científico como diretivo; foi também diretor-adjunto da mesma Faculdade de Teologia.
É atualmente membro da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa.
D. António Marto foi nomeado bispo no ano 2000, por João Paulo II, tendo escolhido o seguinte lema episcopal: “Servidores da vossa alegria” (2Cor 1,24).
Foi bispo auxiliar de Braga de 2001 a 2004 e bispo de Viseu desde então até 22 de abril de 2006, data em que recebeu a nomeação para bispo de Leiria-Fátima, por decisão de Bento XVI; entrou nesta diocese no dia 25 de junho de 2006.
Como bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto recebeu no Santuário da Cova da Iria os Papas Bento XVI (2010) e Francisco (2017).
O prelado português, criado cardeal pelo Papa Francisco em junho de 2018, escreveu vários artigos de especialização em diversas publicações periódicas, nomeadamente nas revistas “Humanística e Teologia”, “Communio” e “Theologica”.
D. António Marto é desde 2014 vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, e no plano internacional foi delegado da Conferência Episcopal na Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE) entre 2011 e 2017; e é desde outubro de 2018 membro do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.
Fundada em 1720 pelo rei D. João V, a Academia Portuguesa de História é uma instituição científica de utilidade pública que reúne especialistas que se dedicam à reconstituição documental e crítica do passado, através da organização de eventos e da criação de publicações, nomeadamente de fontes e obras que, com o necessário rigor científico, facilitem a todos os portugueses o conhecimento da sua História.
O mesmo organismo, que funciona como órgão consultivo do Governo em matérias da sua competência, passa a contar a partir de hoje com um total de 459 académicos, distribuídos entre membros de mérito, honorários, de número, beneméritos e correspondentes.
HM/JCP