Igreja/Sociedade: Conferência Episcopal de Angola realiza Congresso Nacional da Reconciliação, nos 50 anos da independência do país lusófono

D. José Imbamba destaca que a independência foi uma conquista, «mas a paz e a reconciliação continuam a ser um projeto por consolidar»

Luanda, 23 set 2025 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST) anunciou a abertura das inscrições para o Congresso Nacional da Reconciliação, que realiza pelos 50 anos da independência de Angola, nos dias 29 e 30 de outubro.

“A Independência foi uma conquista, mas a paz e a reconciliação continuam a ser um projeto em construção por consolidar. É nossa convicção que a paz não se resume à ausência de guerra, é fruto da justiça, da verdade e da amizade social. É por isso que o nosso País precisa de uma reconciliação verdadeira, que cure as feridas do passado e nos permita construir um futuro em conjunto de convívio harmonioso, de desenvolvimento sustentável e de justiça social”, explica o presidente da CEAST, numa nota divulgada pela sua Comissão Episcopal de Justiça e Paz e Integridade da Criação.

O Congresso Nacional da Reconciliação, com o lema ‘Eis que faço Novas todas as Coisas’ (Ap. 21,5), vai realizar-se na capital angolana, em Luanda, nos dias 29 e 30 de outubro deste ano, e a Igreja Católica convida “a Nação inteira, homens e mulheres de boa vontade”, a irem todos “à presença do Senhor com alegrias e tristezas, com forças e fragilidades”.

“Com as nossas esperanças e desesperos, com as nossas certezas e dúvidas e, sobretudo, com toda a nossa alma, inteligência e fé para confirmarmos que é possível fazer caminhos novos e construir novas realidades sociais, políticas, culturais, económicas, jurídicas e espirituais para a nossa amada Nação”, acrescenta D. José Imbamba, arcebispo de Saurimo.

O presidente da CEAST explica que o Congresso Nacional da Reconciliação angolana constitui um “marco relevante” no caminho de escuta, diálogo e compromisso com a reconciliação nacional, “congregando lideranças religiosas, políticas, sociais, académicas e comunitárias”, com o objetivo de fortalecer a cultura da paz, da justiça e da coesão em Angola.

Para o Congresso Nacional da Reconciliação, o arcebispo angolano indicou três passos a serem observados, nomeadamente de “introspeção”, a reflexão e assunção de erros que “desconfiguraram a estrutura social, cultural e familiar” de Angola, e é pedida “a humildade necessária e a verdade libertadora”.

O segundo momento é de “reconhecimento do mal feito e/ou infligido aos outros e à Nação” com a ação coletiva e individual, por isso, a atitude fundamental é “o sentido da corresponsabilidade” em tudo o que a história de Angola configurou, “fruto da nossa ação humana”.

D. José Imbamba aponta como terceiro passo a “restauração”, e propõem o caminho da cura, com a firme vontade de repor, até onde seja possível, “os danos sociais e inverter percursos resultantes do descompromisso para com a Nação”, um momento que teria como resultado “a compilação de um compromisso coletivo escrito” que sirva de guia.

A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe pede a “todos” que produzam “um compromisso de reparação e de conversão”, e que “de acordo com a sua categoria social” cheguem ao Congresso Nacional da Reconciliação com os resultados desses encontros privados para juntos construírem “uma agenda nacional de compromissos e consensos, projetando o futuro de paz, justiça, reconciliação e desenvolvimento”.

À Agência ECCLESIA, sobre este congresso nacional, D. José Imbamba já tinha explicado que querem “convocar todos os agentes da sociedade”, e encontrarem-se num espaço único para fazer “este exame de consciência que vai levar também a identificar as falhas, as irresponsabilidades, as omissões, para um propósito de emenda”.

O presidente da CEAST, e arcebispo de Saurimo, defendeu também uma “uma intervenção de fundo” para repensar Angola, que a sociedade saia do “marasmo em que se encontra”, no programa ‘70×7’, emitido este domingo, na RTP2.

CB/OC

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