Igreja/Sociedade: Compasso alentejano visitou pela primeira vez a Junta de Freguesia e Paços do Concelho de Mora (c/fotos)

«A comunidade reúne-se, abre a porta da sua intimidade, as portas da sua casa» – Padre Nelson Fernandes

Mora, 17 abr 2023 (Ecclesia) – O pároco de Mora, Pavia, Cabeção e Malarranha, na Arquidiocese de Évora, começou este domingo a Visita Pascal às comunidades, instituída em 2017, indo pela primeira vez à Junta de Freguesia e à Câmara Municipal de Mora.

“Tudo o que são relações, ou seja, tudo o que é viver em comunidade e o que isso brota de ser Igreja é indescritível, só vivendo, e cada pessoa sente de forma única. Cada um de nós é diverso e, nesta celebração encontramos a unidade. A comunidade reúne-se, abre a porta da sua intimidade, das portas da sua casa, não só para a bênção pascal, o anúncio da ressurreição, mas a outros membros da comunidade que são os mais jovens que acompanham o compasso”, disse o padre Nelson Fernandes, após a visita aos Paços do Concelho, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O primeiro dia de Visita Pascal à Vila de Mora começou após a Missa dominical das 11h30, e percorreu muitas 55 casas, passaram pelo lar e pela Unidades de Cuidados Continuados, este ano foram pela primeira vez aos edifícios da Junta de Freguesia e da Camara Municipal de Mora.

“Para tudo se quer uma primeira vez, e recebemos com todo o gosto a visita pascal. Espero que a intenção com a é feita nos venha a proteger, nos venha a ajudar, e que consigamos fazer um excelente trabalho em prol de toda a comunidade e até do concelho”, disse a presidente da Junta de Freguesia de Mora.

À Agência ECCLESIA, Nélia Santos explicou que o “desafio” de receberem o compasso partiu do padre Nelson Fernandes, e foi com “todo o gosto” que o abraçaram e ficaram “muitos gratos”, sublinhando que “há um laço” que une a junta de freguesia, “independente da politiquice dos partidos”, e a paróquia católica que são “as pessoas”.

“Nós estamos cá para ajudar, para partilhar, estamos cá pelas pessoas. E é isso que nos move, assim como a comunidade cristã, está cá para ajudar as pessoas para ir junto daqueles que mais necessitam”, acrescentou, destacando que o sacerdote tem feito “um trabalho extraordinário” com os jovens e “junto da população mais isolada, mais idosa”.

Foto: Agência ECCLESIA/CB

O padre Nelson Fernandes destaca que “este cruzamento de gerações é algo extraordinário”, “ser Igreja passa muito por isto”, e explica que realizar o compasso, desde 2017, tem permitido “fortalecer os vínculos” e também verificar que “o interior está cada vez mais envelhecido”, encontram “cada vez mais casais que os filhos saíram para trabalhar, outros emigraram”.

Já Paula Chuço, a presidente do Município de Mora, que também ia receber pela primeira vez o compasso na sua casa, assinalou a “boa iniciativa que o Senhor Padre está a realizar mais uma vez”, e que , segundo lhe contou, “todos os anos está a aderir mais gente”.

“Esta identidade poder participar é muito bom, é para mostrar que também estamos com o Senhor Padre e que queremos colaborar”, salientando o “significado muito especial porque é a primeira vez” e a importância de receber o sacerdote, os jovens “numa partilha que se deveria alargar”.

“Os jovens são o rosto jovem da Igreja, são aqueles que também têm mais ânimo e aguentam a jornada de um dia ou dois: Eles cantam, convidam, carregam a cruz, acompanham o compasso, e dão este ar fresco às pessoas que estão em casa, dizer a Igreja lembra-se de vós, sobretudo àqueles mais isolados”, acrescentou o sacerdote.

O padre Nelson Fernandes é natural de Vila Verde, no Distrito de Braga, onde a visita pascal é uma tradição e começou este anúncio nesta região da Arquidiocese de Évora em 2017, pelas ruas, o compasso é anunciado pelas campainhas, “assim a ressurreição não fica despercebida, nem para os de fora, nem para aqueles que são Igreja”.

“O fruto maior é este, fortalecimento dos laços que brotam da vivência da fé cristã. Ser cristão não é viver sobre a nossa própria sombra, fechados numa bolha, é sair no anúncio”, salientou.

Nestas comunidades, a paróquia realiza esta iniciativa em todos os domingos do tempo pascal, para que compreendam que a Páscoa só termina com a Solenidade do Pentecostes, este ano no dia 28 de maio, e também permite que seja o pároco a presidir a cada compasso.

“A maior das pessoas pensam que o tempo da Páscoa acabou, ao mesmo tempo é catequisar, é perceber que o tempo da Páscoa enquanto a Quaresma são 40 dias, a Páscoa é maior, são 50, até domingo de Pentecostes e por outro lado é uma forma de solenizar estes 50 dias”, acrescentou o padre Nelson Fernandes.

No próximo dia 30 vão continuar em Mora, visitam mais casas e o Quartel dos Bombeiros, e depois vão às restantes localidades, Pavia, Cabeção e Malarranha, que é a “comunidade mais pequena”, onde vão aos montes alentejanos visitar as pessoas mais isoladas, no dia 14 de maio.

Na Unidade de Cuidados Continuados (UCC) de Mora, a enfermeira coordenadora explica que a visita pascal aproxima os utentes da vida religiosa, “fá-los lembrar um bocadinho do que vivam lá fora” porque, a maioria são católicos e “têm estado privados, durante a pandemia, da Eucaristia, da comunhão”, mesmo tendo a “visita periódica” do padre.

“Tínhamos algumas senhoras, pelo menos duas ou três, emocionadas porque expliquem ontem, tinha dito há mais tempo e voltei a reforçar, e foi muito aguardado. Eles estavam ansiosos por receber a visita, é pena que não tenham podido ficar mais tempo, alguns queriam mais tempo e conviver”, contou Natalina Aniceto à Agência ECCLESIA, observando que para os funcionários, “pelo menos quem é católico, é importante porque é um momento de encontro com toda a comunidade e de partilha”.

Saindo da UCC da Misericórdia de Mora, a primeira casa é de Ana Salvado Infante que recebe o compasso porque é “católica”, sente “alegria” e destaca que acolher os jovens faz “bem, dá ânimo”; a visita pascal “não é novidade” para quem é natural do concelho do Fundão, no distrito de Castelo Branco, mas já “tinha” saudades.

A casa de Maria Marques, professora do 1º Ciclo já reformada, também é paragem obrigatório desde 2017, lembrando que “só via na televisão, na zona do norte é mais habitual fazer as visitas pascais”, mas não acho “estranho” realizar-se nesta região.

“Eu gosto de receber pessoas, desde que venham com bem tenho sempre as portas abertas para toda a gente e procura ajudar dentro do possível”, referiu, acrescentando que alguns dos jovens do compasso são eus antigos alunos, um convívio que “faz bem”, não tivessem sido da “última turma e deixou muito boas recordações”.

“Gosto dessa partilha; não me custa nada abrir a porta, ter umas coisinhas, o padre fica feliz. Eu também fico muito feliz”, partilhou Manuela, que celebrou as visitas pascais anteriores na casa da prima Maria Albertina, ao lado da igreja, destacando que “este padre tem muitas iniciativas”, e que com o marido são seus alunos na Universidade Sénior.

Em todas as casas, para além da pagela, “que convida à oração”, o padre Nelson Fernandes deixa uma recordação que faz questão que “seja um símbolo religioso para usar”, para não ficar em casa “como algo para ornamentar”, e “este ano é um porta-chaves com a imagem do Bom Pastor”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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