Igreja/Sociedade: Cáritas Internacional pede «proteção» dos trabalhadores humanitários, que «enfrentam perigos sem precedentes»

«Braço humanitário» da Igreja Católica alerta que foram mortas «128 pessoas, em 17 países», nos primeiros cinco meses de 2025

Cidade do Vaticano, 19 ago 2025 (Ecclesia) – A Cáritas International faz hoje um apelo urgente, no Dia Mundial da Ajuda Humanitária 2025, de “maior proteção dos trabalhadores humanitários e dos civis”, e a um “compromisso político renovado” com o direito internacional humanitário.

“Pessoas em todo o mundo acompanham os horrores a que civis e trabalhadores humanitários estão sujeitos em Gaza, no Sudão, na Ucrânia e em outros lugares, através das notícias e das redes sociais. Para os funcionários da Cáritas que trabalham na linha de frente dos conflitos, essa é a realidade quotidiana do seu trabalho”, salienta o secretário-geral da ‘Caritas Internationalis’, num comunicado divulgado esta terça-feira, no sítio online da organização.

No Dia Mundial da Ajuda Humanitária 2025, que se assinala a 19 de agosto, Alistair Dutton explica que o “braço humanitário da Igreja Católica” pede que todos parem um momento para “perguntar o que podem fazer, e o que os seus governos podem fazer”, porque “as atrocidades continuarão” caso não exista “compromisso real e responsabilização”.

A confederação ‘Caritas Internationalis’, presente em mais de 162 países e territórios, tem uma “vasta experiência dos riscos enfrentados” na linha da frente em zonas de conflito, como Sudão do Sul, a Colômbia, a República Democrática do Congo, e afirma que a necessidade de maior proteção, apoio e responsabilização “atingiu agora um ponto crítico”, e, neste Dia Mundial da Ajuda Humanitária, apela “urgentemente a uma maior proteção dos trabalhadores humanitários e dos civis”, e a um “compromisso político renovado” com o Direito Internacional Humanitário.

Neste sentido, a organização católica cita Leão XIV, quando o Papa disse que “é preocupante ver que a força do direito internacional e do direito humanitário parece já não ser vinculativa, substituída pelo alegado direito de coagir os outros”, num encontro com bispos católicos das Igrejas orientais, no dia 26 de junho, no Vaticano.

“Este sentimento ecoa as preocupações de toda a confederação Caritas. Estamos profundamente alarmados com o enfraquecimento das normas internacionais que outrora serviram como última defesa para os mais vulneráveis”, acrescenta a ‘Caritas Internationalis’.

Foto: Vatican News

Neste Dia Mundial da Ajuda Humanitária 2025, o “braço humanitário da Igreja Católica em todo o mundo”, “compromete-se a amplificar as vozes” dos líderes religiosos e das pessoas de fé “chocadas com as atrocidades perpetradas” em Gaza, Sudão, Sudão do Sul, Ucrânia, Mianmar, e outras zonas de conflito, e reforça o apelo àqueles que têm o poder de pôr fim à violência para que “o façam e reconheçam a dignidade e o valor intrínsecos de cada vida humana”.

O secretário-executivo da Cáritas Congo Asbl, Abbé Edouard Makimba Milambo, salientou que a proteção dos civis e dos trabalhadores humanitários “não é apenas uma obrigação legal, é um imperativo moral, enraizado na justiça, na solidariedade e no amor de Deus”, após o ataque a civis na Igreja Católica, no leste da República Democrática do Congo, a 27 de julho.

Segundo a ‘Caritas Internationalis’, os trabalhadores humanitários “enfrentam perigos sem precedentes”, e une-se às agências humanitárias para “homenagear aqueles que perderam a vida ao prestar ajuda humanitária”, indicando que “só em 2024”, mais de 380 trabalhadores humanitários foram mortos em 20 países, e “2025 promete ser ainda pior, com relatos indicando que 128 pessoas, em 17 países, foram mortas nos primeiros cinco meses do ano”.

A instituição católica recorda as “vidas perdidas de colegas nos últimos anos”, como Viola Al Amash e Issam Abedrabbo, da Cáritas Jerusalém, e outros que faleceram em Mariupol, na Ucrânia, e no Níger (África).

CB/PR

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