Organização católica evoca territórios atingidos por conflitos armados

Roma, 19 jun 2025 (Ecclesia) – A confederação internacional da Cáritas alertou para um “aumento sem precedentes” de refugiados e deslocados em todo o mundo, em particular nos territórios atingidos por conflitos armados.
“Até agora, em 2025, assistimos a um aumento sem precedentes no número de refugiados e pessoas deslocadas, especialmente em países e territórios afetados por conflitos, como o Sudão, a República Democrática do Congo e Gaza”, assinala uma nota da organização católica, enviada hoje à Agência ECCLESIA.
A respeito do Dia Mundial do Refugiado, que se celebra a 20 de junho, a ‘Caritas Internationalis’ cita o relatório anual de tendências globais do ACNUR de 2025, o qual regista 122,1 milhões de pessoas deslocadas à força em todo o mundo até ao final de abril, das quais 42,7 milhões são refugiados que fugiram dos seus países.
“Isto representa um aumento alarmante”, sustenta o comunicado.
Este ano, em particular, a ‘Caritas Internationalis’ apela às comunidades, governos e organizações internacionais para que trabalhem em conjunto para manter e aumentar o financiamento humanitário, manter as fronteiras abertas para aqueles que procuram asilo e abordar as causas profundas da deslocação forçada.”
Em 2025, indica a nota, uma grande preocupação é a “redução significativa da ajuda financeira humanitária global, com cortes importantes vindos dos EUA e de outros doadores”.
“Como resultado, os refugiados têm sido os mais afetados. Por exemplo, os refugiados sudaneses no Chade foram privados do acesso a necessidades básicas, como alimentação, abrigo, educação e cuidados de saúde. Isto também obrigou alguns a tentar a sorte atravessando a Líbia para chegar à Europa, colocando muitas vidas em risco no processo”, adverte a Cáritas.
A confederação internacional sublinha ainda que o princípio do regresso voluntário deve ser baseado “numa decisão livre e informada, sem qualquer coerção”.
“Para aqueles que foram deslocados na Síria, tanto interna como externamente, o regresso a casa coloca muitos desafios, principalmente devido à instabilidade do país. Com os recentes cortes na ajuda, muitos não conseguem reconstruir as suas casas destruídas”, exemplifica a nota.
A organização católica assume ainda preocupação com “um aumento alarmante nas restrições fronteiriças em várias regiões”.
O espaço Schengen tem visto controlos mais rigorosos, enquanto a situação na fronteira entre os EUA e o México continua a ser um desafio humanitário. Estas restrições muitas vezes forçam os refugiados a tomar rotas mais perigosas, colocando as suas vidas em risco, e também fortalecem as redes de tráfico de pessoas.”
A ‘Caritas Internationalis’ fala de um cenário “sombrio” dada a “instabilidade global, os múltiplos conflitos e a redução do financiamento e do compromisso político”.
“Ao celebrarmos o Dia Mundial dos Refugiados de 2025, rejeitamos a normalização dos conflitos e das guerras, bem como recordamos que a proteção e a integração dos refugiados são uma responsabilidade partilhada”, indicam os responsáveis da instituição.
OC
“Vir para o Reino Unido trouxe novos desafios. Tive de aprender uma nova língua, adaptar-me a uma cultura diferente e recomeçar do zero. Mas a gentileza das pessoas aqui ajudou-me a sentir-me muito bem-vinda. Fiz novos amigos, continuei os meus estudos e encontrei uma sensação de segurança que tinha perdido há muito tempo. Sou grata pelo apoio que recebi e espero que um dia a Síria volte a ser segura. Até lá, levo a minha terra natal no coração e continuarei a seguir em frente, tal como milhões de outros refugiados em todo o mundo.”
Avin (nome fictício), refugiada síria |