Igreja/Sociedade: Cardeal-patriarca assinala que acolher refugiados é única «resposta dos cristãos»

D. Manuel Clemente diz que «é pecado» não acolher o outro onde está Deus

Lisboa, 18 set 2015 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa revelou que compreende a novidade da atual crise de refugiados, apenas pelos números e “intensidade”, e alerta que “a resposta da parte de quem é cristão só pode ser de acolhimento”.

“Surgirem refugiados não é novo, porque todos os anos há centenas. Mas com estes números e premência é novidade, e o facto de muitas destas famílias provirem de países com islamismo radical causa medo… essas coisas até certo ponto são entendíveis”, disse D. Manuel Clemente em entrevista à revista ‘Família Cristã’.

Contudo, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa adverte que não acolher os refugiados é pecado: “Pecado é tudo o que nos afasta de Deus, e Deus está nos outros, sobretudo nos que mais precisam. Aí não há outra resposta, claro que é pecado”.

Se estivesse com um católico que se recuse a acolher refugiados de guerra, D. Manuel Clemente revela que primeiro fá-lo-ia “pensar” e perguntava “se gostaria de ser tratado assim se estivesse nas mesmas condições”.

“Mas as pessoas têm consciência…”, acrescentou, divulga a publicação.

O prelado que “todos os dias” recebe mostras de “disponibilidade e vontade de colaborar” por parte das comunidades cristãs explica que quem tem “obrigação de gerir a coisa pública” e tem os meios para isso que “diga como e qual a melhor maneira”.

“Não é apenas alojamento e alimentação. Isto vai meter, trabalho, escolaridade, alfabetização em alguns casos, aprendizagem da língua, integração onde, com quem? Vamos fazer com simplicidade e prudência», aconselha.

Aos que alarmados são contra o acolhimento dos refugiados por causa dos possíveis terroristas infiltrados, D. Manuel Clemente recorda ainda que “todos os atentados que têm surgido não são de gente que chega”.

“São de gente que já cá está, mal integrada, concretamente no espaço europeu. É um problema que já existe, não é um problema novo», observa o cardeal-patriarca de Lisboa.

RP/CB/OC

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