«Neste país há tanta gente que trabalha, e trabalha de sol a sol, e também nas horas escuras, e que não é capaz de sustentar a própria família» – D. José Ornelas

Fátima, 13 nov 2025 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje que os bispos católicos estão “preocupados” e seguem “com muita atenção” as alterações à Lei do Trabalho, que está em discussão, com consultas a sindicatos e outras instituições.
“Temos tido também, através de organismos da Conferência Episcopal, alguma intervenção. Estamos preocupados, sim”, disse D. José Ornelas, na conferência de imprensa da 212.ª Assembleia Plenária da CEP, que terminou, esta quinta-feira, em Fátima.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa disse aos jornalistas que os bispos seguem com muita atenção as alterações legislativas à Lei do Trabalho, que estão a ser discutidas em Portugal, e adiantou que têm também realizado “consultas com a realidade do mundo do trabalho, de sindicatos e de outras instituições”.
“Neste tempo que é complexo, em que vivemos, em que não significa que as realidades, que as normas do passado tenham de ser sempre as mesmas, porque a realidade também muda, mas que isso se passa na justiça, no respeito para quem trabalha”, acrescentou.
D. José Ornelas salientou que este é um tema que têm feito referência “constantemente”, e que é preciso ser resolvido, porque “neste país há tanta gente que trabalha, e trabalha de sol a sol, e também nas horas escuras, e que não é capaz de sustentar a própria família”.
“E isto já não se passa só nos setores de menor rentabilidade da sociedade, mas passa também, frequentemente, na classe média. E são preocupações que levamos. Sabemos que não são de fácil solução, mas é evidente que não deixa de ser uma preocupação muito grande”, desenvolveu.
A 212.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa decorreu de 10 a 13 de novembro de 2025, em Fátima.
O presidente da CEP, aos jornalistas, explicou que os bispos portugueses estão “atentos” também ao que se passa no “sistema de saúde, no sistema de educação, no sistema laboral e, concretamente, também na questão da migração”, onde tem existido também uma preocupação em “contatar os próprios responsáveis, seja a nível governamental, seja com outras instituições que têm voz neste campo”.
“Nós aproveitamos este espaço que temos, nesta altura das nossas assembleias, para criar também consensos entre nós, e tratar destes temas. Mas temos também outras instituições dentro da Igreja, concretamente das migrações etc, que são temas importantes, e modos importantes que nós temos de estar presentes também nesta vida social”, acrescentou D. José Ornelas.
Para além dos membros da CEP estiveram nesta Assembleia Plenária como convidados o encarregado de Negócios da Nunciatura Apostólica, o presidente e a vice-presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), e a recém-eleita presidente da Conferência Nacional dos Institutos Seculares de Portugal (CNISP).
A CEP é a entidade representativa da Igreja Católica em Portugal e uma das conferências mais antigas, atuando regularmente como tal desde os anos 30 do século passado, embora só em 1967 tivesse os primeiros estatutos.
São membros de pleno direito da CEP os bispos diocesanos, incluindo o das Forças Armadas e de Segurança, os bispos coadjutores e auxiliares.
CB/OC
