Importância dos valores e o Dia da Universidade Católica Portuguesa também estiveram em destaque
Lisboa, 07 fev 2021 (Ecclesia) – Os bispos portugueses, em diversas dioceses, incentivaram à evangelização e ao cuidado do próximo, em reflexões a partir das leituras dominicais, do Dia Mundial do Doente, no contexto da pandemia, lembrando também o dia da Universidade Católica Portuguesa (UCP).
“A Universidade Católica Portuguesa escolhe para seu lema este ano os valores; Tem desenvolvido uma série de saberes e aplicações, como agora se vai lançar no campo da medicina, para que a resposta seja total e a valorização seja completa, no corpo e no espírito, e para que a partir dai também pelo ensino e pela aplicação profissional o Evangelho continue a acontecer”, disse o cardeal-patriarca de Lisboa e magno chanceler da UCP, na Eucaristia que presidiu na igreja do Parque das Nações.
‘O Valor de uma Universidade com Valores’ é o tema do dia nacional 2021 da Universidade Católica Portuguesa que se assinala no primeiro domingo de fevereiro.
A partir da liturgia, D. Manuel Clemente explicou que o grito de Job “pode dar voz a tantas angústias” que a pandemia Covid-19 “redobrou e a tantas outras que são um mote comum na humanidade”, no seu percurso quer global, quer individual.
O cardeal-patriarca de Lisboa recordou que hoje são muitas as pessoas, “em todos os serviços de saúde”, que se aproximam “dos doentes, da pandemia e não só, e com uma coragem e persistência para todos exemplares”.: “Não deixam de cuidar deles, de certa maneira, tomar pela mão e os levantar”.
O bispo de Aveiro começou por lembrar que hoje em Portugal era um dia para pensar e rezar pela UCP e por “todas aquelas pessoas que ajudam que esta comunidade educativa seja presença de Deus também neste mundo”.
“Tem-se afirmado em muitos dos cursos como escola de excelência no nosso país; A Universidade Católica para além de ser uma instituição de ensino superior e de investigação é também o espaço onde se devem aprofundar os valores do Evangelho e ajudar a todos aqueles que nela estão presentes a fazer uma síntese entre a fé e a vida”, desenvolveu, na Missa na igreja do Carmo, Paróquia da Vera-Cruz.
D. António Moiteiro, a partir da liturgia começou por explicar que “nestes tempos de dificuldade” há pessoas que “gastam o seu tempo ao serviço dos outros e prestam os mais variados serviços de ajuda às vítimas e aos cuidadores sobretudo nos hospitais” e apelou à atenção “aos doentes isolados em suas casas, àqueles que sofrem”, e a “uma palavra de carinho, um gesto de conforto, uma presença amiga”.
Na Arquidiocese de Braga, D. Jorge Ortiga, explicou que a Igreja “vive para evangelizar, não tem outra opção”, e deverá fazê-lo “por meio de todos, sacerdotes e leigos, individualmente ou através das instituições”.
Neste contexto, o arcebispo primaz apelou à UCP que “interprete a sua missão nesta perspetiva” e observou que “graças ao corpo docente conseguiu situar-se na vanguarda do ensino universitário” e, agora, “importa integrar-se nesta tarefa que a Igreja lhe confia”.
“Não faltamos à verdade reconhecendo que o grande problema da sociedade atual consiste na ausência de valores, o relativismo impôs-se, o vale tudo e cada um que se arranje. É de esperar da Universidade Católica, mas também de todos os cristãos, que se empenhem neste compromisso de levar valores, de os assumir e ensinar para que nas diversas situações e circunstâncias a Igreja possa dar um contributo original e imprescindível para a hora que estamos a atravessar”, desenvolveu D. Jorge Ortiga na Sé de Braga.
O bispo de Coimbra começou a sua homilia com as perguntas “para que serve o anúncio do Evangelho”, a quem é que se dirige, o que é que deve motivar a “anunciá-lo e o que é que e deve provocar no coração de cada pessoa que o acolhe”.
“Pode haver perspetivas de anúncio mais motivadas pelas mudanças estruturais da sociedade, e pode haver perspetivas de anúncio mais motivadas pela consolação interior, numa perspetiva espiritualista”, explicou D. Virgílio Antunes a partir da Capela da Casa Episcopal de Coimbra.
No Oratório do Paço Episcopal da Diocese do Algarve, D. Manuel Quintas recordou o Dia Internacional da Fraternidade Humana e deu destaque também ao Dia Mundial da Saúde, que a Igreja Católica vai celebrar a 11 de fevereiro.
“A palavra deste domingo, no testemunho pessoal de Job, na ação de Jesus, sugere-nos que cultivemos os mesmos sentimentos em relação à construção de uma verdadeira fraternidade humana, numa atenção constante aos que sofrem física e espiritualmente, sendo discípulos missionários como Paulo”, desenvolveu.
D. Manuel Quintas explicou que as perguntas sobre o sentido da vida das leituras são as que se “colocam em tempos conturbados” como o atual com a pandemia e destacou que “Jesus aproxima-se, estende a mão, e ergue, gesto de quem cura, cuida e restabelece”.
‘«Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos» (Mt 23,8)’ é o tema da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Doente 2021.
“Nesta semana dedicada aos doentes, fazendo a experiência da fragilidade da pandemia que estamos a viver, faz-nos falta esta mensagem de Jesus. É preciso antes de mais que sintamos a necessidade daqueles que foram infetados, a necessidade das suas famílias, a necessidades dos que estão sem emprego, a necessidade daqueles que precisam de uma palavra de estímulo, de carinho e de esperança”, disse D. José Ornelas.
O bispo de Setúbal, incentivou a viver “para o outro” e a conjugação de esforços “nas pessoas que sofrem”, nas que “precisam de ajuda”.
“É triste ver quem se aproveita, por exemplo, neste caso que estamos a viver das vacinas. Quem se aproveita dessas situações também já deploráveis para angariar outros trunfos políticos, pessoais, de grupo, de partido, todos esses vivem à custa dos doentes”, alertou D. José Ornelas.
O bispo da Diocese de Vila Real referiu que em casas de muitas famílias “encontram-se doentes infetados com Covid ou com outras doenças, sem esquecer os hospitais repletos de doentes” e com maior ou menor gravidade “é importante que não se sintam sós ou desamparados”, e as normas que obrigam a precauções não podem “significar que os doentes sejam esquecidos”.
“Ao sofrimento físico próprio de qualquer doença não podemos acrescentar o sofrimento da solidão ou do abandono; Mais do que nunca os nossos irmãos doentes precisam de todos os sinais e manifestações de carinho, de apoio e de tantas formas de proximidade”, alertou D. António Augusto Azevedo, que indicou que o testemunho cristão “diante do sofrimento é o de lutar, tudo fazer em termos humanos para o pleno restabelecimento da pessoa”.
Em Viseu, o bispo diocesano alertou para as situações de doença provocadas pela pandemia mas também para o “sofrimento” provocado pelas “pandemias da falta de trabalho, de poder económico, de falta de convivência e oração” que gera tb violência na família. Tudo isto são situações que encontramos de algum modo na primeira leitura tirada do livro de job.
“Convido a sabermos ler, escutar, discernir e por em prática a palavra de Deus para que possa produzir muitos frutos, e o primeiro é que através de nós o reino de Deus cresça”, disse D. António Luciano.
A partir do Evangelho, o cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, salientou que a atenção de Jesus à “multidão dos que sofrem” mostra que “é um trabalho nunca acabado, um grande canteiro aberto às misérias e às desgraças do mundo, aos seus sonhos por ventura desfeitos e aos entusiasmos passageiros e superficiais desiludidos”.
“Estes gestos de Jesus abrem o nosso coração e iniciam-nos à nossa responsabilidades pessoais e sociais face ao mundo de sofrimento, para sermos apoio a quem está ao nosso lado, para que ninguém, especialmente quem se encontra em condições de duro sofrimento, se sinta só e abandonado”, explicou.
D. António Marto apelou à “responsabilidade social de cada um” neste momento de pandemia, “em respeitar as exigências sanitárias, em receber a vacina para que não se dissemine o contágio do vírus e para não provocar a morte dos irmãos”.
CB