D. José Traquina diz que o caminho para sair da pandemia implica solidariedade entre nações
Santarém, 08 jul 2020 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana afirmou que o caminho para sair da pandemia implica solidariedade entre nações, destacando em particular a necessidade de uma vacina para a Covid-19 que esteja disponível para todos.
“Espero muito que essa solidariedade venha ao de cima e esteja presente. Vai ser certamente muito difícil, depende de quantas empresas vão produzir um medicamento, em quantas partes do mundo. Há sempre ganhos com essa produção e distribuição, mas os países têm estado a colaborar para que haja solução”, sustentou D. José Traquina, em declarações à Agência ECCLESIA.
“Vamos ver como é que de facto os governantes são capazes entre si, de cuidar dessa distribuição de forma equitativa, que vai chegando aos países e sendo aplicada, distribuída de forma que chegue a todos”, acrescentou o bispo de Santarém.
O responsável católico destaca que a “globalização também tem aspetos positivos” e rejeita ideia de “nacionalismos egoístas”, quando o caminho é de solidariedade e entreajuda entre pessoas, instituições e nações.
“Não vá alguém entusiasmar-se a ideia de que numa ditadura é que vai. Há quem pense isso, mas não é o pensamento da Igreja”, advertiu.
Para D. José Traquina, a distância dos cidadãos às instituições nacionais e europeias, que se percebe na participação a que são chamados, “é um problema” que “preocupa e interpela”.
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana considera que quem defende o fim da União Europeia “com certeza está a ver benefícios que são muito difíceis de entender no conjunto” que é de países fechados, onde “mais facilmente se desenvolvem as ditaduras”.
Queremos valorizar na União Europeia o sentido de comunidade e o sentido de pertença. É preciso crescer nessa dimensão”.
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, da Igreja Católica em Portugal, assinala que a União Europeia para “além da bandeira e dos euros tem pouco mais” com que as pessoas se identifiquem.
“Uma consciência europeia não existe, mas essa consciência europeia não tem de fazer desaparecer o meu amor, consideração pelo meu país. Uma Europa de nações, mas a formar uma comunidade”, assinalou.
O bispo de Santarém recorda que este sentido de comunidade, “que surgiu depois de uma grande crise”, que foi a IIGuerra Mundial, “é uma ideia positiva e exemplar para outras instituições”.
“Os políticos têm de fazer alguma coisa para inverter isto. A falta de credibilidade política leva a que as pessoas não querem saber, deixam de acreditar nos políticos que existem”, desenvolveu o bispo de Santarém que é o convidado desta semana do programa ‘Ecclesia’, (22h45) na Antena 1 da rádio pública, numa reflexão a partir do documento ‘Recomeçar e reconstruir’, da Conferência Episcopal, sobre a sociedade portuguesa a reconstruir depois da pandemia de Covid-19.
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