D. Ildo Fortes foi um dos conferencistas da Assembleia Jubilar dos Padres de Lisboa, realizada pelo Ano Santo
Fátima, 08 jan 2025 (Ecclesia) – O bispo de Mindelo (Cabo Verde) afirmou hoje que na missão do sacerdote “o estar no meio do povo e a proximidade é fundamental”, uma partilha “numa linha testemunhal” que ia fazer na Assembleia Jubilar dos Padres de Lisboa.
“Para mim, a missão do sacerdote, eu falo da minha vida, o estar no meio do povo e a proximidade é fundamental. Com todos, a proximidade aqui é com todos, com aqueles que estão connosco, os que vão à nossa igreja, ao fim de semana, aqueles que estão nos nossos movimentos e grupos”, disse D. Ildo Fortes, em declarações à Agência ECCLESIA, no Santuário de Fátima.
O bispo cabo-verdiano de Mindelo acrescenta que essa proximidade realiza-se mesmo “quando passa no aeroporto, em relação com os políticos, no mundo das artes e da cultura”.
“E, sobretudo, hoje em dia, uma Igreja credível é a Igreja que vai à procura dos tão longe, que vai à cadeia, que vai ao hospital, que está com aqueles que estão na margem, e são tantos, e esperam de nós isso, porque Nosso Senhor era assim”, desenvolveu.
O Patriarcado de Lisboa está a realizar uma Assembleia Jubilar dos Padres com 201 participantes – cinco bispos, 186 padres, oito seminaristas e dois conferencistas, esta terça e quarta-feira, (dias 7 e 8 de janeiro), no Centro Pastoral Paulo.
D. Ildo Fortes, que ia fazer uma “intervenção numa linha testemunhal”, da sua experiência como pastor, como sacerdote, adiantou também que ia começar por explicar, porque “o termo sacerdotal pode ser ambíguo”, que são sacerdotes, observando que, “hoje, há muito um cultivo de alguma parte dos presbíteros para a dimensão clerical, para a dimensão cultual”, e prefere usar o termo pastor.
“Eu penso que o desafio que se coloca a nós hoje, e o Papa Francisco insiste a torto e a direito, nós temos que ser padres; um sacerdote que cultiva, que tenha bem consciente que ele é membro do povo de Deus, sem esta categoria e que nós somos parte do povo de Deus, tudo isto fica escangalhado”, acrescentou.
O bispo, que representou as Conferências Episcopais do Senegal, Mauritânia, Cabo Verde e Guiné-Bissau na assembleia sinodal sobre sinodalidade, recordou que o Sínodo dos Bispos “sublinhou muito” a dimensão da Igreja Ministerial, são todos ministros, são “todos servidores neste sentido”.
O entrevistado contou ainda, que a partir das prioridades de um padre do arcebispo emérito de Boston, D. Seán O’Malley, ia destacar aos padres de Lisboa as quatro prioridades de Jesus: “estar com os pobres, com os doentes, com os que sofriam, ou seja, em misericórdia; a pregação, a palavra; os encontros com as pessoas, o diálogo, a conversa – Jesus está na casa de Zaqueu, está na casa de Mateus, com este, com aquele outro”.
“Depois a oração, em quarto lugar, parece para estranhar, não é. Nós não podemos passar a nossa vida inteira na oração, embora Eucaristia é o centro da nossa vida”, acrescentou.
Para D. Ildo Fortes era “ótimo que se alinhasse” por estes quatro pontos, afirmando que um padre tem de ser “um padre do povo, tem de ser um padre-irmão dos seus irmãos, não é um freelancer”.
“Facilmente, podemos correr o risco de vou depressa, vou sozinho, mas isso não tem a ver com a nossa missão”, alertou.
HM/CB/OC
O padre Nuno Tavares explicou que esta experiência “está a ser muito boa” – “de maior comunhão com os bispos, de maior comunhão uns com os outros” -, e realçou estes encontros eram “há muito desejados e queridos por todos” no presbitério de Lisboa, porque convivem, trocam experiências e, também, têm “momentos formativos”. Segundo o pároco de Lousa e vigário paroquial (coadjutor) de Loures criam também uma dinâmica especial para agarrar este período jubilar e para serem “agarrados por ele, sobretudo, porque a esperança é que agarra”. “Eu não sei se somos nós que vamos fazer o jubileu ou se é o jubileu que nos é oferecido, que nos é dado, para a nossa renovação, talvez até seja mais isso, porque de facto esta experiência de Igreja é assim, onde dois ou três ou mais estão reunidos, o Senhor torna-se presente no meio deles, isto não é uma coisa nossa, é de facto da presença de Cristo que nos agarra”, desenvolveu o padre Nuno Tavares. Já o padre Mendo Ataíde, neste contexto do Jubileu da Esperança, destaca que começam por se entusiasmar “juntos, em presbitério, com o patriarca, a aprofundar a mensagem que Cristo veio para salvar”. “Entusiasmámo-nos a nós primeiro, quis assim o nosso patriarca, para depois também levarmos esta esperança aos outros, num mundo em que de facto Jesus quer vir para salvar e dar-nos esta mensagem de vida eterna, dizer que existe uma boa nova”, acrescentou. Sobre a Assembleia Jubilar dos Padres de Lisboa, o padre Mendo Ataíde, vigário paroquial de Cascais, lembrou a conferência sobre “as várias dimensões do que é de ser padre”, a fraternidade é uma “dimensão essencial” que devem viver enquanto Igreja, primeiro como padres, para, depois, “propagar ao povo de Deus essa alegria que é o encontro com Cristo e que dá esta vida nova”. |