Igreja/Sociedade: «Batizados na esperança», bispo de Angra escreve primeira Carta Pastoral

D. Armando Esteves Domingues determina que todas as paróquias devem criar Conselhos Pastorais, até ao final do ano pastoral

Imagem: Diocese de Angra

Angra do Heroísmo, Açores, 04 out 2025 (Ecclesia) – O bispo de Angra escreve a sua primeira Carta Pastoral, intitulada ‘Batizados na Esperança – À Igreja que vive nos Açores sobre o Projeto Pastoral Diocesano’, foi publicada antes da abertura do Ano Pastoral 2025/2026, este domingo, em Santa Maria.

“Batizados na esperança, os cristãos, também na Diocese de Angra, sentem o apelo a ser, neste mundo desesperançado, um vigoroso sinal de contradição. É, por isso, sob o signo da esperança que me proponho escrever esta Carta Pastoral, dirigida aos presbíteros, aos diáconos, aos consagrados, aos leigos, a todos os batizados e a todas as pessoas de boa vontade que vivem na Diocese de Angra”, começa por explicar D. Armando Esteves Domingues, no documento enviado à Agência ECCLESIA.

O bispo de Angra na sua primeira carta pastoral, com o tema ‘Batizados na Esperança – À Igreja que vive nos Açores sobre o Projeto Pastoral Diocesano’, assinala também que é em neste Ano Jubilar da Esperança que iniciam “uma caminhada eclesial” que vai ter como “ponto alto” o ano de 2034, com a “celebração dos cinco séculos da data em que foi criada” esta diocese.

A Diocese de Angra vai começar a viver o primeiro triénio, de uma caminhada de três triénios, nove anos até 2034, este domingo, dia 5 de outubro, a partir das 16h00 locais (mais uma hora em Lisboa), em Vila do Porto, na Ilha açoriana de Santa Maria; o ano pastoral 2025/2026 é o primeiro de um triénio centrado no ‘anúncio’.

Na Carta Pastoral, com 49 pontos em 14 páginas, D. Armando Esteves Domingues traça as linhas orientadoras para os próximos nove anos na Diocese de Angra, centradas na esperança, na corresponsabilidade e na construção de uma Igreja sinodal, o portal diocesano ‘Igreja Açores’ destaca a obrigação de todas paróquias criarem ‘Conselhos Pastorais’, até ao final deste ano 2025/2026.

“E, em alguns casos específicos, zonas interparoquiais e de ouvidoria, os respetivos Conselhos Pastorais, estruturas básicas de corresponsabilidade eclesial e espaços fundamentais de sinodalidade. Que os que já existem se possam enriquecer com a presença de outros membros da comunidade, mesmo não sendo do âmbito eclesial, para que o seu carácter eminentemente representativo do Povo de Deus seja eficaz,”, desenvolve o bispo de Angra.

“O caráter consultivo dos Conselhos não os pode remeter para a esfera secundária de serem apenas um repositório ao serviço do Bispo, do Pároco ou do Ouvidor; sem contrariar o que o Direito estabelece, podemos criar órgãos consultivos alargados e processos de discernimento partilhado. Deste modo, a voz do Povo de Deus torna-se mais audível também nas decisões que tocam a vida da Diocese”, acrescenta.

Ainda neste âmbito, o bispo da Igreja Católica no Arquipélago dos Açores vê que os Conselhos Pastorais intermédios (interparoquiais, de Ouvidoria e de ilha) “poderão ir já mais além”, porque “menos vinculados juridicamente à Paróquia ou à Diocese”, ser “um leigo” a poder presidir.

Foto: CA; bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues

O novo documento assinala o papel das estruturas diocesanas que, em conjunto, procuram dar corpo ao dinamismo sinodal que marcará a vida desta Igreja insular até 2034, porque “a comunhão, a participação e a missão não são apenas conceitos, mas caminhos concretos”, nomeadamente o Serviço de Coordenação da Pastoral Diocesana, responsável por acompanhar e articular a execução das propostas já delineadas; o Instituto Católico de Cultura, porque “é tempo de encontrar novas linguagens para que a mensagem cristã seja compreendida no mundo de hoje”; os seminaristas açorianos estão a estudar no Porto, mas o Seminário Episcopal de Angra continuará a ser “um farol cultural e educativo para a Diocese”, e a Equipa Sinodal tem a responsabilidade de implementar as orientações de Roma, no caminho rumo à Assembleia Eclesial de 2028.

O Projeto Pastoral Diocesano de Angra até 2034, as celebrações dos 500 anos da diocese, vai ser desenvolvido em três triénios, a partir deste ano pastoral: Anúncio (2025-2028); Caridade (2028-2031); Celebração (2031-2034).

No primeiro triénio deste novo ciclo, que começa este domingo, vão centrar-se na redescoberta do batismo e da identidade cristã, com especial foco na escuta da Palavra, no acolhimento e no anúncio, num movimento contínuo de conversão pessoal e comunitária.

A Diocese de Angra vai criar novas equipas de preparação para o Batismo em todas as paróquias, ouvidorias ou zonas pastorais, até janeiro de 2026; cada equipa composta por um assistente espiritual, preferencialmente um sacerdote ou diácono, casais cristãos com experiência de vida familiar e testemunho de fé, e podem integrar outros membros da comunidade.

Projeto Pastoral Diocesano de Angra com as orientações práticas para o ano pastoral centrado, foi desenhado pelas equipas da coordenação pastoral e da sinodalidade a partir das conclusões da Assembleia Conjunta dos Conselhos Pastoral Diocesano e Presbiteral, tem 74 páginas, apresenta na capa o novo logotipo que a diocese irá adotar até 2034, e está disponível online.

CB

O novo ano pastoral da Igreja Católica nos Açores vai começar no dia 5 de outubro, em Vila do Porto, na ilha Santa Maria, segundo o programa começa com uma sessão sobre a temática pastoral, às 16h00 locais (menos uma hora em Lisboa), na biblioteca local, seguindo-se a Missa, presidida pelo bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, às 18h00, na igreja matriz.

Foto: Paróquias da Ilha de Santa Maria (Facebook, arquivo 2023)

Esta ilha vai receber um novo sacerdote, o padre João Ponte, que se juntará ao ouvidor de Santa Maria, padre Carlos Espírito Santo, e terá uma nova coordenação pastoral assegurada por leigos na catequese (Ana Almada), na pastoral juvenil (Susana Cabral) e na formação (Rui Esteves).

O portal online diocesano ‘Igreja Açores’ informa que vão transmitir a sessão de abertura do ano pastoral 2025/2026, em direto na sua página na rede social Facebook, quando será lançado também o caderno operativo deste primeiro ano do triénio, sob o lema ‘Cristão, que dizes de ti mesmo’.

Até à celebração dos 500 anos da criação da Diocese de Angra, em 2034, a abertura e o encerramento de cada ano pastoral vai realizar-se nas várias ilhas dos Açores, por sugestão das ouvidorias (conjunto de paróquias), e termina, o jubileu, numa “grande celebração na cidade de Angra do Heroísmo, sede da catedral diocesana e coração da vida eclesial açoriana”.

A ilha de Santa Maria foi a primeira do arquipélago dos Açores a ser descoberta e povoada, e, segundo D. Armando Esteves Domingues, é um regresso às origens que remete “não apenas às raízes geográficas, mas sobretudo à fonte e razão da fé: Jesus Cristo”.

 

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