Mensagem de fraternidade e perdão encerrou visita ecuménica a Genebra
Genebra, Suíça, 21 jun 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco denunciou hoje em Genebra, na Suíça, a especulação que coloca em causa a subsistência de milhões de pessoas.
“Ai daqueles que especulam sobre o pão! O alimento básico para a vida quotidiana dos povos deve ser acessível a todos”, disse, na Missa que encerrou a viagem ecuménica à cidade suíça, nos 70 anos do Conselho Mundial das Igrejas (WCC, sigla em inglês).
Falando perante cerca de 40 mil pessoas no centro de exposições Palexpo, o pontífice recomendou uma “vida mais simples”.
“A vida tornou-se tão complicada; apetece-me dizer que hoje, para muitos, a vida de certo modo está ‘drogada’: corre-se de manhã à noite, por entre mil chamadas e mensagens, incapazes de parar e fixar os rostos, mergulhados numa complexidade que fragiliza e numa velocidade que fomenta a ansiedade”, lamentou.
Numa reflexão a partir da oração do Pai-Nosso, Francisco disse que os cristãos são chamados a uma vida “sóbria, livre de pesos supérfluos”.
“Não é preciso pedir mais: só o pão, isto é, o essencial para viver. O pão é, antes de mais nada, o alimento suficiente para hoje, para a saúde, para o trabalho de hoje; aquele alimento que, infelizmente, falta a muitos dos nossos irmãos e irmãs”.
Após dois encontros no centro ecuménico do WCC, o Papa concluiu a sua 23ª viagem internacional junto da comunidade católica.
“Optemos pelas pessoas em vez das coisas, para que levedem relações, não virtuais, mas pessoais”, apelou.
Francisco sublinhou a dimensão de fraternidade incluída na oração do Pai-Nosso, a qual impede que haja indiferença perante o irmão, “tanto do bebé que ainda não nasceu como do idoso que já não fala”.
A intervenção centrou-se em três palavras, “Pai, pão, perdão” que levam ao “coração da fé”.
“Pai-Nosso é a fórmula da vida, aquela que revela a nossa identidade: somos filhos amados. É a fórmula que resolve o teorema da solidão e o problema da orfandade”, sustentou o Papa.
O pontífice sustentou que a oração que Jesus ensinou aos seus discípulos devolve as raízes em “sociedades frequentemente desenraizadas”.
“Quando está o Pai, ninguém fica excluído; o medo e a incerteza não levam a melhor”, precisou.
Na homilia, Francisco realçou que é “difícil perdoar” e pediu uma “radiografia do coração”, para ver se há “pedras a remover”.
“Não há novidade maior do que o perdão, que muda o mal em bem. Vemo-lo na história cristã. Como nos fez e continua a fazer bem o facto de nos perdoarmos uns aos outros”, concluiu.
O Papa entrou no centro de exposições num veículo descoberto, acompanhado pelo presidente da Conferência Episcopal da Suíça, D. Charles Morerod.
No final da Missa, Francisco agradeceu à comunidade diocesana de Lausanne-Genebra-Friburgo, aos católicos da Suíça e aos fiéis vindos de várias partes da Suíça, da França e doutros países, antes de regressar ao Vaticano.
OC