Igreja/Sociedade: A Área Metropolitana de Lisboa é «bastante singular» nas dinâmicas religiosas, afirma Alfredo Teixeira (c/vídeo)

Professor da Faculdade de Teologia explica que existe «um decréscimo enorme do peso relativo dos católicos» nas pessoas que vivem aqui «há menos de dois anos»

Lisboa, 12 abr 2023 (Ecclesia) – O professor Alfredo Teixeira, coordenador do livro ‘Religião, Identidade e Território’ afirmou que a Área Metropolitana de Lisboa “é bastante singular do ponto de vista das dinâmicas religiosas”.

“Do ponto de vista da identidade católica, é muito interessante observar o que se passa aqui porque, provavelmente, são dinâmicas que também vão caracterizar outros territórios. Isto pode dar uma capacidade de projeção bastante interessante para aquilo que são essas dinâmicas de mudança nesta relação entre religião e território”, explicou hoje o investigador, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Para Alfredo Teixeira, esta “espécie de zoom” sobre a Área Metropolitana de Lisboa, traz uma “enorme visibilidade para aquilo que é o problema da pluralização religiosa em Portugal”, e, ao mesmo tempo, a recomposição das identidades existentes.

O investigador destaca que, “um dado curioso” que é trabalhado no livro ‘Religião, Identidade e Território – Contextos metropolitanos’, diz respeito a um facto observado nesta amostra, representativa da população que habita este território, que existe “um decréscimo enorme do peso relativo dos católicos” nas pessoas que vivem aqui “há menos de dois anos”.

“Já tínhamos verificado isso noutros estudos, quando nas amostras nos centramos na população que habita há menos tempo um território o peso relativo dos católicos decresce extraordinariamente. O que quer dizer que de alguma maneira boa parte daquilo que podemos hoje ainda identificar como uma população católica portuguesa por ventura ainda está muito determinada por esses dinamismos antigos, tradicionais, de pertença a um território e de uma vivência religiosa muito enraizada num território”, desenvolveu.

O investigar acrescenta que, do ponto vista pastoral, “parece claro” que isso implica uma “maior atenção à natureza das mobilidades” hoje, e implica do ponto de vista das estratégias eclesiais “um maior investimento nas dimensões de acolhimento e de acompanhamento das pessoas nos seus trânsitos”.

O livro ‘Religião, Identidade e Território – Contextos metropolitanos’, conta com ensaios de Margarida Franca, Helena Vilaça, Steffen Dix, Jorge Botelho Moniz, José Pereira Coutinho e de Alfredo Teixeira; é o último volume da Coleção ‘Estudos de Religião’, uma série coordenada pelo CITER – Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião da Universidade Católica Portuguesa, que foi iniciada pelo agora cardeal José Tolentino Mendonça, publicado pela Imprensa Nacional – Casa da Moeda (INCM).

Segundo Alfredo Teixeira, este trabalho é um “ponto culminante” do estudo por amostragem, “uma amostra representativa da população da Área Metropolitana de Lisboa”, realizado em 2018 e 2019, com o apoio da Fundação Francisco Manuel dos Santos e da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa.

“Não apresentamos apenas números, desenvolvemos muito mais: Tudo aquilo que diz respeito à interpretação desses números. É muito interessante perceber que esta Área Metropolitana de Lisboa é bastante singular do ponto de vista das dinâmicas religiosas”, salientou, no Programa ECCLESIA transmitido na RTP2.

O professor da Faculdade de Teologia da UCP lembrou também que coordenou um estudo, em 2011, com o patrocínio da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), onde observaram que “mais de metade das pessoas sem religião habitavam este território”, mais de metade dos evangélicos também, e “grande parte” daqueles que nessa amostra se identificavam como crentes sem religião habitavam esta região.

HM/CB/PR

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Agência ECCLESIA

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