Igreja: Sínodo «pode aproximar-se, no seu significado, daquilo que foi o Concílio Vaticano II» – D. Virgílio Antunes

No final da segunda sessão da Assembleia Sinodal, convocada pelo Papa Francisco, que encerra um processo iniciado em 2021, é convidado da entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença D. Vigílio Antunes, vice-presidente da CEP, um dos delegados portugueses neste Sínodo

Foto: Agência ECCLESIA/OC

Entrevista conduzida por Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

Foram duas sessões aqui no Vaticano, muitas semanas de trabalho, de debate conjunto. Acredita que esta Assembleia Sinodal vai ser um ponto de referência para o futuro da Igreja Católica?

Vai, sem dúvida. Do ponto de vista pessoal, para mim, é uma experiência única, porque, além de serem quase oito semanas, praticamente dois meses, em 2023 e 2024, houve uma preparação, houve um antes, houve um ano de intervalo entre as duas sessões desta Assembleia e há, sobretudo, uma experiência na Assembleia Sinodal, que é, de facto, uma experiência inesquecível. Sente-se aqui o pulsar da Igreja, não àquela escala que estamos mais habituados, que é a nossa diocese, ou a nossa paróquia, ou até o nosso país, a nossa Conferência Episcopal, mas sente-se o pulsar da Igreja universal, no sentido mais pleno desta palavra. E, portanto, veio o sentir do povo de Deus, de uma forma muito alargada, como nunca, provavelmente, teria acontecido na história da Igreja.

 

E isso vai deixar consequências para o futuro? 

Vai deixar consequências, porque, além daquilo que é a reflexão, que é o debate, que é a escuta, que é a oração, que é a partilha, na sala Sinodal. Há, com toda a certeza, aquilo que está por detrás, que é o pensar, que é o sentir, que é o viver da fé cristã na Igreja do povo de Deus, que teve a possibilidade de falar, que nós sentimos que está sempre na retaguarda, mas que também está à frente como horizonte, como desejo de transformação, de evangelização. Portanto, vai deixar marcas. Há quem diga, e o futuro o dirá, que uma vez que o Sínodo tem não como tema um aspeto muito concreto e identificado da vida da Igreja, mas a complexidade e, por outro lado, a grandeza daquilo que é a vida da Igreja, que ele vai ser uma marca muito forte no futuro, vai ficar uma referência, não digo que seja como o Concílio Vaticano II, evidentemente, porque são realidades de âmbito diferente, mas, de algum modo, pode aproximar-se no seu significado para a Igreja daquilo que foi o Concílio Vaticano II nos anos 60.

 

Ao longo dos últimos dias foi-se reforçando a ideia de que este sínodo, mais do que resolver problemas particulares, serviu para imaginar uma nova forma de ser Igreja. Sente que as comunidades católicas estão preparadas para este desafio?

As regiões do mundo são muito diversas umas das outras, os modos de pensar, de sentir, até de viver a fé,  a mesma fé, una, santa, católica, apostólica, são diferentes, mas o povo de Deus está preparado. Está preparado e tem desejo, concretamente, em Portugal, mas em muitos outros países do mundo,: as pessoas manifestaram-se, disseram que queriam ver a Igreja a crescer, a Igreja a evangelizar, as comunidades cristãs a serem felizes, mas também precisavam de ver alguns sinais de transformação. Alguns aspetos pareciam estar até a ser até alguns entraves para o processo evangelizador e na relação dos membros da Igreja entre si, mas também da Igreja com a comunidade e as comunidades, com as sociedades e as culturas em que está envolvida e de que faz parte, inclusivamente. Há um desejo muito grande de grande parte do povo de Deus de dar continuidade a este processo e a este caminho sinodal.

 

Entende também que possa haver quem sinta que as suas expectativas, sobretudo após aquela grande consulta global de 2021, ficam um pouco defraudadas com o decorrer dos trabalhos?

Vai haver reações muito diferentes, já houve na primeira fase do Sínodo, após a primeira sessão no ano passado. Aquele relatório final, a algumas pessoas deixou muita esperança e outras deixou um pouco, talvez, desencantadas, podemos dizer, porque estavam à espera e tinham imaginado, porventura, coisas diferentes e todos nós imaginamos realidades e caminhos e percursos diferentes. Agora, eu penso que este Sínodo, como tinha de ser, e eu vejo aí a força do Espírito Santo, é um Sínodo que vai unir e que vai congregar pessoas e que vai fazer sentir a Igreja mais comunhão; não vai ser, como a certa altura até se pensou, o Sínodo da discórdia e da divisão e da rutura ou dos cismas. E isso acho que é exatamente a força do Espírito Santo.

Às vezes é preciso ir mais lento para ir mais seguro, é preciso estar atento a todos os sinais do interior da Igreja, da sociedade, é preciso estar na abertura ao Espírito, à Palavra de Deus, à força da fé e o andar, nalguns casos, de uma forma mais lenta, significa que se pode andar mais seguros, mas não significa perder o horizonte. O horizonte que é a Igreja sempre em renovação, é uma frase que faz parte de toda a sua história e que teve esse epicentro fundamental no Concílio Vaticano II, de que continuamos a ser herdeiros.

 

Cada bispo vai ter agora um papel fundamental para traduzir no terreno as indicações que saem desta Assembleia Sinodal, também no sentido de promover uma maior participação, responsabilidade dos vários membros da comunidade católica. Vê isso como uma ameaça à forma tradicional de exercer a autoridade? Sente que ainda existe alguma desconfiança relativamente a este processo?

Em primeiro lugar, nós não estamos a zero. Às vezes há pessoas que pensam que a Igreja está a zero, no que diz respeito à participação dos fiéis, no que diz respeito aos órgãos de comunhão, de corresponsabilidade e agora, de um momento para outro altera as coisas. Não é a realidade. Aliás, o próprio Sínodo está a reconhecer isso.

Há caminhos já feitos, depende depois de região para região, de país para país, de diocese para diocese, de paróquia para paróquia, mas há caminhos já feitos. Em muitos lugares da Igreja já há uma participação ativa e, vamos dizer, muito responsável e interventiva de pessoas, leigos de todas as condições, homens, mulheres, consagrados, que partilham esta responsabilidade como verdadeiras pedras-vivas da Igreja. Agora, todos reconhecemos também que há um caminho a fazer e que aquilo que foram algumas intuições daqueles que nos precederam, nomeadamente no Concílio, ainda não estão efetivamente desenvolvidas no terreno. Há um caminho muito longo que não é um começar tudo do princípio, mas que é um acentuar alguns aspetos que têm muito a ver com aquilo que é a Igreja, desde as suas origens ao longo de toda a sua história, mas também tem a ver com o modo como nós hoje nos sentimos enquanto encarnação em determinado lugar e em determinado tempo e isso nunca pode ser alheio nem ao pensar, nem ao sentir, nem ao caminho que a Igreja faz, ao serviço da mesma realidade evangélica de sempre. Portanto, há muito a fazer e as pessoas estão desejosas e disponíveis para darem esses passos. Se nós ouvirmos às vezes algumas críticas nas nossas comunidades, é de ainda não estarmos a dar, às vezes, os passos tão rápidos como às vezes o povo de Deus sentia que era necessário. Temos de estar todos à altura desta fidelidade a Deus e, ao mesmo tempo, à atenção àquilo que é o povo de Deus.

 

Esse era, aliás, o sentido da minha próxima pergunta, porque a Constituição Apostólica sobre o Sínodo dos Bispos, que o Papa Francisco publicou em 2018, sublinha que depois da Assembleia há uma nova fase, a fase da receção, da aplicação das conclusões em todas as comunidades. Acredita na mobilização dos responsáveis destas mesmas comunidades? Há possibilidade de um certo cansaço, depois de três anos de um processo em que o Sínodo esteve praticamente na boca de toda a gente?

Pode haver e é natural, num processo quando se alonga, e também há algumas bolsas de resistência. É evidente que na Igreja não funciona tudo ao mesmo ritmo, nem funcionamos todos à mesma voz e, portanto, há perspetivas, há formas de entender e, portanto, algumas dificuldades com certeza que já houve, continuam a haver e haverá no futuro, mesmo no que diz respeito à receção do Sínodo, como houve no que diz respeito à receção do Concílio, apesar das décadas que já nos separam e das linhas orientadoras até do Magistério Pontifício, com este contorno ou aquele, portanto, isso faz parte integrante da vida da Igreja. Agora, nós de facto sentimos, e o Sínodo tem depois a autoridade que o Santo Padre lhe der e lhe quiser dar, mas o que todos pensamos que vai aceitar com interesse, com entusiasmo até aquilo que são as conclusões e as proposições do Sínodo, vai ser para pôr em prática, para continuar a pôr em prática, mas incentivando muito este dinamismo eclesial que está a desenvolver-se neste momento e nesta Assembleia que tem as características que todos nós conhecemos. Portanto, vai haver uma receção, vai haver nas dioceses interesse, entusiasmo, vai haver muitos aspetos que têm de ser transformados, melhorados, aprofundados, e vai haver também algumas dificuldades e resistências, como sempre tem acontecido.

 

 

Vários dos temas, vamos chamar-lhes assim, mais polémicos, continuam a ser trabalhados pelos grupos de trabalho que foram criados pelo Papa e continuam até ao verão de 2025. Eu destaco aqui a questão ligada ao papel das mulheres, que mereceram várias intervenções.  Considera que é necessária uma transformação, também cultural, para uma maior integração de leigas, por exemplo, em cargos de responsabilidade a vários níveis?

Nós não sabemos ainda com toda a certeza qual vai ser o desenvolvimento destes diferentes pontos e aspetos que o Santo Padre decidiu entregar a um estudo mais aprofundado das referidas 10 comissões. Tinha sido um pedido da Assembleia, ou da sessão anterior da Assembleia, que alguns assuntos fossem mais aprofundados, uma vez que não havia, por assim dizer, um consenso alargado ou universal acerca deles. Agora, não sabemos exatamente qual vai ser o destino, se o Santo Padre recebe agora o relatório final do Sínodo e depois junta outras conclusões provenientes das 10 comissões, se vão ter um tratamento à parte ou se isso vai inclusivamente ser objeto de uma outra fase deste processo sinodal para ter, por assim dizer, um processo mais alargado de reflexão.

Mas à parte disso, é evidente que o retirar alguns desses temas deixou esta Assembleia Sinodal um pouquinho mais distendida, mais tranquila, menos nervosa, podemos mesmo dizer, porque aqueles pontos que, de facto, são de algum modo mais críticos e que não reúnem um consenso universal, estão em fase de estudo. Mas todos eles precisam de ser estudados, todos precisam de ser estudados, e todos precisam de um aprofundamento teológico e, em alguns casos, também canónico, tendo em conta aquilo que são os modos de sentir dos diferentes lugares do planeta, que têm culturas diferentes e que estão em estádios também diferentes, mas a Igreja tem de procurar acolher a todos, mas não deixar ninguém de fora e isso é um processo que só o Espírito Santo pode fazer. Acolher a todas as sensibilidades, a todas as perspetivas, sem pôr em causa o Evangelho, sem pôr em causa a doutrina e a tradição, é quase uma quadratura do círculo.

 

Mas aqui nos trabalhos, especificamente na questão da participação das mulheres, houve o cuidado de valorizar aquilo que já vai sendo feito?

Sim, e não só valorizar o que já vai sendo feito, que em alguns casos é muito, mas nós podemos dizer que no nosso país já há, de facto, um olhar para a mulher neste sentido das suas capacidades, da sua forma de estar presente, completamente diferente daquilo que aconteceu no passado. Podemos não estar ainda, de facto, nesta consideração da plena e total igualdade, porque nem as sociedades ainda chegaram a isso, mas temos de chegar, de facto, a uma forma diferente de entender toda a pessoa humana, homem ou mulher, de forma diferente, que respeite aquilo que é pessoa humana, na sua condição sexual, do seu género, na sua maneira de ser e tudo isso. Agora, nós temos de continuar esse trabalho, com a exclusão daquilo que tem sido dito pelo Santo Padre, que é o Sacramento da Ordem, e aquelas funções que são diretamente dependentes do Sacramento da Ordem, de facto, tem de haver um caminho que está em curso, mas que tem de continuar a realizar-se, e nisso, de facto, há diferentes partes do mundo que pensam de formas bastante diferentes.

 

Houve alguns pontos de tensão, especificamente até sobre a relação entre os grupos de trabalho e Assembleia Sinodal. A sinodalidade, esta forma de trabalhar mais sinodal, também faz falta na Cúria Romana?

Faz falta em toda a parte. Faz falta nas nossas dioceses, faz falta na Cúria Romana, mas são, depois, realizações diferentes. A Cúria Romana é mandatada pelo Santo Padre diretamente, estão ao serviço e, portanto, no fundo, assim como um bispo na sua diocese, não é exatamente igual à Cúria Romana. Os nossos outros órgãos consultivos, órgãos de cooperação, de responsabilidade, portanto, a sinodalidade tem diferentes lugares e diferentes modos de realização, consoante os vínculos e as relações, que foi um dos aspetos e dos temas muito tratados, e os lugares em que a Igreja se realiza e se concretiza. Portanto, não é tudo igual em todas as partes do mundo e a Cúria Romana não é igual a nenhuma diocese, nem uma diocese, até, é igual a todas as outras dioceses do mundo. E há que ter a capacidade de olhar para as realidades tais quais são.

 

No regresso às dioceses, os participantes no Sínodo foram desafiados a ser embaixadores ativos da sinodalidade. Pergunto-lhe se sente que, em Portugal, esse esforço vai ter muitos parceiros e que experiência vai transmitir aos outros bispos portugueses, já na próxima Assembleia Plenária da CEP?

Já aconteceu o mesmo quando se realizou o encontro dos párocos aqui em Roma, a propósito da sinodalidade, para envolver de uma forma mais direta, mais explícita, esses que são absolutamente fundamentais, não só na vivência da Igreja em cada uma das suas comunidades, mas também no alargamento deste espírito e deste sentido sinodal. E nós, os bispos, de facto, temos a mesma missão e a mesma função. É evidente que participar numa Assembleia Sinodal nos dá uns horizontes e uma experiência muito diferente e, portanto, nós temos uma responsabilidade, efetivamente, acrescida.

Não é fácil de passar, mas é possível fazer-se trabalho e, como disse, já na próxima Assembleia da Conferência Episcopal, no próximo mês de novembro, vamos procurar fazer alguns ecos do que foi esta Assembleia e também alguns pontos que achamos que devem já ser tidos em conta e salientar, por aventura, alguns aspetos do documento final para que a nossa Igreja em Portugal se sinta, efetivamente, envolvida, como penso que está, desde o primeiro momento.

A experiência de quem aqui esteve pode e deve ajudar os outros a envolver-se, porque às vezes é mais importante ouvir um testemunho do que ler propriamente um texto escrito.

 

Também vai regressar à Diocese de Coimbra, onde neste mês de outubro houve um primeiro encontro, do Sínodo dos Jovens, que aponta já a implementação de medidas concretas até 2026. É um sinal deste modo de ser Igreja Sinodal também?

É isso que eu desejo e é isso que a Diocese deseja. Nós tivemos um plano pastoral sobre a juventude durante três anos, depois veio a Jornada Mundial da Juventude e nós pensámos que não podíamos ficar exatamente nem com a mesma atitude, nem com o mesmo tipo de trabalho que já realizávamos e nem sequer com as mesmas estruturas que já tínhamos, e que era, portanto, um grande impulso da pastoral dos jovens. E, de facto, não há outra forma de fazer este trabalho sem envolver os jovens, em todas as fases do processo.

Portanto, pensamos, efetivamente, que era um Sínodo dos jovens, não é simplesmente um Sínodo da Igreja sobre os jovens ou para os jovens, mas que teria importância neste processo que acho que é crucial na vida de uma comunidade e na vida da Igreja.

 

E é um desafio particular, tendo consciência, por exemplo, que as novas gerações são mais ativas, são mais reivindicativas, até relativamente a posicionamentos do magistério em que eles sentem um certo distanciamento…

É evidente, as pessoas têm o direito de se formar, de falar, de dizer, de escutar, de rezar, mas eu acredito que o Espírito Santo nos conduz, mesmo no meio de algumas turbulências das nossas histórias, e os jovens que nós somos, que nós temos nas comunidades e na Igreja, também têm esta particularidade de estar atentos e de estar disponíveis. Eu acredito que vai ser um grande momento da vida da nossa Diocese de Coimbra, portanto, vou cheio de esperança. Eu não pude estar lá na apresentação que fizeram no passado dia 13, agora já vou estar num encontro; vamos ter um festival agora no dia 10 de novembro, em Ansião, e vamos procurar que envolva, de facto, os jovens, com uma linguagem dos jovens, festiva, juvenil, alegre, de partilha, de oração. Vamos dar este impulso à nossa Igreja, que precisa de forças vivas, precisa de entusiasmo, precisa de juventude, mesmo daqueles que já não são jovens a idade, pois se não tivermos esta forma de viver como cristãos, que seja alegre, que seja feliz, sem esconder os problemas e as dificuldades, pois nós não realizamos a missão que nos foi dada, e o Sínodo é uma palavra de esperança, tanto o Sínodo da Igreja Universal, como gostaríamos que o nosso Sínodo dos jovens fosse uma palavra e um gesto e um sinal de muita esperança para a Igreja.

 

Depois destas duas sessões sinodais, que mensagem deixas às comunidades católicas em Portugal? Acredita que se abriu caminho para que muitas pessoas possam aproximar-se, na esperança de serem ouvidas e integradas?

Sim, há muitas pessoas que em todas as comunidades estão à margem e não se sentem integradas e, às vezes, não sentiram aquela palavra de carinho, de amor, de acolhimento, que faz a mudança. Entre nós, nas nossas comunidades, temos pessoas que estiveram sempre à margem. A maior parte já fez parte da Igreja e depois foi arrefecendo na sua fé.

Temos algumas pessoas que estão absolutamente aborrecidas e até zangadas com a Igreja ou com alguns dos seus membros, nomeadamente com os ministros ordenados ou com as suas comunidades. Esta gente toda precisa de proximidade, precisa de encontro, precisa de um abraço. Está aí a encíclica nova do Papa Francisco sobre o coração de Jesus e o coração da humanidade e o coração de Deus e temos a via para este encontro, para o acolhimento das pessoas todas que estejam à margem e que queiram ou que sintam este impulso.

Portanto, eu repito a palavra do Papa João Paulo II, que é do Evangelho: não tenhamos medo, não tenhais medo e vamos por esta via, que é a via de Deus, e a via de Deus é sempre de abertura a toda a humanidade.

 

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Agência ECCLESIA

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