Igreja: Sínodo 2021-2023 é «maior acontecimento eclesial» desde o Concílio Vaticano II – Padre Paulo Terroso

Membro da Comissão de Comunicação integrou grupo de especialistas que elaborou documento para a Etapa Continental

Foto: Vatican Media

Braga, 15 out 2022 (Ecclesia) – O padre Paulo Terroso, membro da Comissão de Comunicação do Sínodo 2021-2023, disse à Agência ECCESIA que a Igreja está a viver o “maior acontecimento eclesial” desde o Concílio Vaticano II (1962-1965).

“Depois do Concílio Vaticano II, este é o grande momento e acho que nos reserva muitas surpresas”, destaca o sacerdote da Arquidiocese de Braga, que integrou o grupo de especialistas responsável pela redação do documento orientador para a segunda fase do processo sinodal convocado pelo Papa.

“Para muitos, [o Sínodo] é realmente a concretização do Concílio”, acrescentou.

Os relatórios nacionais entregues no último verão estão na origem ao documento para a Etapa Continental do Sínodo –o ‘Instrumentum Laboris 1’ –, a ser publicado até final de outubro.

O texto foi redigido após um encontro, na cidade italiana de Frascati, de quase 50 pessoas, durante 12 dias de trabalho; o grupo foi recebido, em audiência privada, pelo Papa Francisco, a 2 de outubro, no final dos trabalhos.

“No coração da sinodalidade está a conversação espiritual, esta não é uma análise sociológica”, indica o padre Paulo Terroso.

O membro da Comissão de Comunicação do Sínodo 2021-2023 aponta como prioridade a consciência de uma participação “ativa” de todos, independentemente do número de sacerdotes, nas comunidades católicas.

“A forma de governo da Igreja, de dialogar e relacionar-se com o mundo, não pode ficar exclusivamente na mão da hierarquia, do ministério ordenado”, precisa.

Para o responsável português, o processo sinodal vai ajudar a “colocar no centro da vida da Igreja, na sua fundação, o Povo de Deus, esta radical igualdade do Batismo”.

O trabalho de redação em Frascati partiu das 112 sínteses das Conferências Episcopais (num total de 114), bem como das Igrejas Orientais, congregações religiosas, associações e movimentos eclesiais, dicastérios do Vaticano e contributos individuais recebidos na Secretaria-Geral do Sínodo.

“É um número significativo e nunca aconteceu antes. Desse ponto de vista, é um sucesso”, destaca o padre Paulo Terroso, a respeito das respostas dos episcopados de todo o mundo.

A equipa de redação sentiu, segundo o sacerdote, um “claro desejo de mudança, de reforma na Igreja”.

O responsável assume a intenção de “colher a voz do Povo de Deus”, sem “negar as tensões”.

“Não se nega a voz do Povo de Deus, não se nega. Todos os assuntos que entende que devem ser falados, abordados, estão lá”, adianta.

O documento vai ser partilhado com todos os bispos, convidados a responder a um questionário.

‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’, é o tema do processo sinodal, convocado pelo Papa, que decorre até outubro de 2023.

O percurso para a celebração do Sínodo está dividido em três fases, entre outubro de 2021 e outubro de 2023, passando por uma fase diocesana e outra continental, que dará vida a dois instrumentos de trabalho diferentes distintos, antes da fase definitiva, a nível mundial.

“É um processo novo, estamos a fazer um caminho inédito, na Igreja”, afirma o padre Paulo Terroso.

O 60.º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II e a sua ligação ao atual processo sinodal vai estar em destaque na emissão do programa ‘70×7’ deste domingo, na RTP2, a partir das 17h30.

OC

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