Obra Católica Portuguesa das Migrações realiza encontro anual da mobilidade humana e capelanias de imigrantes
Lisboa, 04 jul 2011 (Ecclesia) – A Igreja Católica está sem recursos humanos e materiais suficientes para acompanhar os migrantes que entram e saem de Portugal, afirmou hoje o presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana, D. António Vitalino.
“As Igrejas estão a atravessar algumas dificuldades” que as impedem de dar “a devida recompensa” a agentes pastorais que acompanham as comunidades lusas no estrangeiro, enquanto que as dioceses dificilmente dispensam presbíteros que estejam ao lado dos emigrantes portugueses, explicou o bispo de Beja à Agência ECCLESIA.
Em Portugal a Igreja tem dedicado “especial atenção aos imigrantes que não falam a língua portuguesa, como os ucranianos, greco-católicos e ortodoxos”, grupos que têm mais agentes pastorais do que é habitual noutras comunidades, assinala o prelado.
Referindo-se aos africanos e brasileiros a residir em Portugal, D. António Vitalino diz saber que algumas pessoas dessas origens “têm dificuldade em integrar-se nas comunidades europeias e portuguesas, pelo que é preciso dar-lhes atenção”.
A Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM), dependente da Comissão da Mobilidade Humana, realiza entre hoje e sexta-feira em Albergaria-a-Velha, distrito e diocese de Aveiro, o Encontro Anual dos Secretariados ou Departamentos Diocesanos da Mobilidade Humana e Capelanias de Imigrantes.
A iniciativa pretende “promover o conhecimento atualizado das Migrações” e perceber, no contexto de crise, a forma como os portugueses olham os imigrantes”, refere o site da OCPM.
Os cerca de 50 inscritos propõem-se também “analisar as respostas locais da Igreja para perceber se são adequadas à situação real dos imigrantes” e fomentar um maior conhecimento e aproximação às capelanias católicas estrangeiras, especialmente de rito oriental.
No quadro do tema do encontro, ‘Migrações: presente e futuro’, D. António Vitalino lamenta a “perda” que representa a emigração de “cérebros” para Portugal: “A mobilidade é um direito e não podemos limitar essa liberdade. Temos é de dar condições para essas pessoas serem aproveitadas para o desenvolvimento do país que as formou”.
Para o bispo de Beja, a crise e o desemprego não têm contribuído para a rejeição dos estrangeiros: “Há sempre quem pense que os imigrantes tiram o trabalho aos portugueses, mas felizmente não tem havido grande tendência para a xenofobia”.
Alguns imigrantes, assinala o prelado, laboram em áreas onde os portugueses não querem estar, como na agricultura intensiva, onde “trabalham com salários menores e dão mais rentabilidade, não se sujeitando a horários estritos, com os quais a atividade sazonal não se compadece”.
“Em Portugal há a mentalidade de que há trabalhos menos dignos e que as pessoas só devem ter emprego nas áreas em que foram qualificados. Era bom que assim fosse, mas hoje temos de ter mais mobilidade e adaptarmo-nos às necessidades do mercado, que mudam muito”, considera.
D. António Vitalino revelou que as comemorações do 50.º aniversário da OCPM, que se assinala em 2012, vão terminar a 12 e 13 de agosto do próximo ano com a peregrinação dos migrantes ao Santuário de Fátima, celebrações que vão ser presididas pelo presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, o arcebispo italiano D. Antonio Maria Vegliò.
RM