Igreja/Saúde: Vaticano apela a «um maior empenho» na inclusão social de quem sofre de autismo

Igreja Católica destaca incidência crescente deste problema do foro neurológico que afeta atualmente 1 em cada 160 crianças

Cidade do Vaticano, 02 abr 2018 (Ecclesia) – O Vaticano assinalou hoje o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo com um apelo a “um maior empenho” dos governos e das instituições na resposta a este distúrbio neurológico, que afeta cada vez mais pessoas em todo o mundo.

Numa mensagem divulgada hoje pelo prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, da Santa Sé, é realçada a necessidade de buscar “novas forças que permitam efetivamente ir ao encontro desta tendência, que parece ter assumido hoje um carácter de emergência”.

O cardeal Peter Turkson lembra que, segundo os últimos estudos, “o número de pessoas com autismo aumentou nos últimos 50 anos”.

Estima-se que “1 em cada160 crianças seja hoje afetada por este tipo de distúrbio”, pelo que o responsável católico ganês considera fundamental que “os governos, as instituições e toda a comunidade social trabalhem para responder adequadamente às necessidades das pessoas com autismo, aprendendo a entender as suas diferentes especificidades ao longo da vida e oferecendo-lhes oportunidades de inclusão social”.

Ao mesmo tempo, “é essencial construir uma aliança sólida entre setores como a saúde e a educação”, de modo a “garantir a continuidade dos cuidados e da assistência ao longo da vida”.

O representante da Santa Sé frisa que atualmente as pessoas afetadas por este transtorno neurológico são frequentemente relegadas para as “margens da sociedade”.

“Confrontadas não só com as dificuldades decorrentes de sua condição, mas também com os muitos limites que a sociedade lhes coloca, privando-os de viverem o máximo das suas possibilidades”, denuncia D. Peter Turkson.

Neste quadro, importa também que a Igreja Católica, as suas comunidades, os cristãos em geral, deem o exemplo.

Na “inclusão” e integração destas crianças e também no apoio às suas famílias, que tantas vezes prestam um verdadeiro “testemunho de amor”, de “ternura e perseverança”.

“É essencial estar ativamente ao lado daqueles que são afetados pelos transtornos do espectro do autismo e as suas famílias, sobre as quais pesa uma quantidade enorme de trabalhos, às vezes insuportáveis”, aponta D. Peter Turkson.

O prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral defende que “as manifestações e apelos destas famílias devem ser ouvidos e transformados em ações e atividades concretas e apropriadas”.

“Todos os membros da família devem ser levados em consideração, não apenas os pais, mas também outras crianças, cujo desenvolvimento requer o máximo cuidado e atenção. Quantas vezes elas experimentam um sentimento de inadequação, ineficácia e frustração!”, sustenta o cardeal.

O Papa assinalou hoje o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo com um momento de oração especial esta manhã, durante a recitação do Regina Coeli, em Roma.

Para Francisco, “é necessário o empenho de todos para promover a aceitação, o encontro, a solidariedade, num trabalho concreto de apoio e de promoção renovada da esperança” que permita “romper o isolamento” e o “estigma” que muitas vezes “pesa sobre as pessoas que sofrem de autismo e também sobre as suas famílias”.

O prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral acrescenta que, “apesar de existirem muitas leis, nacionais e internacionais, emitidas para reconhecer e facilitar a integração das pessoas com autismo, elas ainda são mal implementadas”.

Em virtude disso, são “as famílias” que “têm de cobrir, com muitas dificuldades, as deficiências” do atual “sistema de assistência e de saúde”.

O Dia Mundial da Consciencialização do Autismo (World Autism Awareness Day) ou simplesmente Dia Mundial do Autismo é comemorado no dia 2 de abril, data definida pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Esta iniciativa tem como objetivo esclarecer a população mundial sobre os desafios que rodeiam este distúrbio neurológico, no campo da saúde, mas também no foro social.

O autismo está ligado a um grupo de doenças do desenvolvimento cerebral e cognitivo e compromete tanto a interação social como a comunicação verbal e não-verbal, o comportamento restritivo e repetitivo.

Esta condição, que não tem cura e parece afetar maioritariamente crianças do sexo masculino, foi identificada e descrita pela primeira vez em 1943 pelo médico austríaco Leo Kanner.

De acordo com a Organização das Nações Unidas, existem hoje no mundo pelo menos 70 milhões de pessoas com autismo, sendo que o diagnóstico inicial é geralmente feito por volta dos 2 anos de idade.

JCP

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Agência ECCLESIA

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