Coordenação das Capelanias dos Hospitais de Coimbra reuniu profissionais e especialistas para debate sobre a importância de «Comunicar com Rosto»
Coimbra, 24 mar 2014 (Ecclesia) – A Coordenação das Capelanias dos Hospitais da Diocese de Coimbra quer reunir esforços de profissionais e especialistas para que se entenda “a humanização como uma mais-valia” no cuidar dos doentes.
“O hospital é o local das grandes notícias, boas e também más e é necessário saber dar boas e más notícias, é necessário saber comunicar não o fazendo apenas tecnicamente, ou seja não é apenas o técnico que comunica com a pessoa tem de ser a pessoa do técnico que comunica com a pessoa que está doente”, disse à Agência ECCLESIA o padre José António Pais, capelão dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) e coordenador dos capelães dos Hospitais da Diocese de Coimbra.
O responsável falava durante um simpósio sobre o tema ‘Comunicar com Rosto’, dedicado aos profissionais de saúde, que decorreu entre quinta e sexta-feira.
Para ensinar “as pessoas a comunicar” têm sido organizados vários eventos e cursos para ajudar os profissionais de saúde, algo essencial porque “a humanização é uma mais-valia, não gasta dinheiro porque está dentro de cada um”, revelou.
Para tal “é determinante que se tenha a consciência de que um hospital não pode ser só regido por questões económicas, mas sobretudo por questões humanas”, porque “muitas vezes pode até faltar algum material mas se não faltar o coração, a ternura, o afeto, o respeito para com o doente já quase que nem é preciso dinheiro”, explicou o capelão dos HUC.
O pediatra Filipe Almeida coordena um grupo de humanização no Hospital de São João no Porto onde trabalha e lembra que “os profissionais de saúde não lidam com doenças mas sim com doentes” e por isso “são indissociáveis as capacidades de preparação científica, tecnológica para dar resposta às doenças mas inserida no meio real que é o humano” sendo” preciso estar preparado para conhecer e acompanhar o doente que é quem tem a doença”.
“Num tempo de contenção económica a humanização deve ser o patamar que mais facilmente é acolhido pelas instituições porque é o que menos custa dinheiro por isso não há questões orçamentais que possam obstaculizar o desenvolvimento da humanização”, pelo contrário “é exatamente nesta altura que se deve perceber que o investimento em humanização vale a pena”, acrescenta.
“É importante que a avaliação das instituições e dos profissionais de saúde se faça também nesta vertente sob pena de a esquecermos e valorizarmos apenas aquilo que é o caráter científico, de produtividade, de contenção económica que têm muita importância mas não podem ser os últimos rankings para avaliar”, concluiu.
Magda Freitas, enfermeira no Centro Hospital Tondela-Viseu acredita que “a enfermagem tem duas componentes: a ciência e a arte de cuidar” sendo que “é essencial que a parte científica não seja descurada” tendo sempre a seu lado “o lado humano, deixando fluir de uma forma consciente e formada o cuidar do doente”.
“A redução do número de enfermeiros, o aumento do número de doentes, a falta de espaço para colocar os doentes faz com que se viva a profissão sob muita pressão de termos de corresponder ao pedido do aumento de produção e das burocracias que nos são pedidas mas o humanismo vai ficando sempre dentro daqueles que exercem a profissão com alma e acaba por transparecer sempre”.
LS/MD