Igreja/Saúde: Paróquias no Algarve refletiram sobre «sentido cristão» para o sofrimento e para a morte

Foto Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Faro, 08 abr 2019 (Ecclesia) – As paróquias algarvias da Conceição de Tavira, da Luz de Tavira e de Santo Estêvão dinamizaram um encontro de doentes oncológicos para ajudar a entender o “sentido cristão” para o sofrimento e para a morte.

“Pode ser algo que se torna atrativo para as pessoas, este convívio e esta partilha sobre a doença, sobre sentimentos e sobre a forma de encarar”, explicou o padre Rafael Rocha ao jornal ‘Folha do Domingo’, adiantando que a iniciativa foi sugerida por uma pessoa doente.

Na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, o padre Rafael Rocha, que falou sobre ‘Sofrimento e Espiritualidade’, salientou que tem sido confrontado com “dois tipos” de reação ao sofrimento: “Aquelas pessoas que crescem com ele, encontram-se consigo próprias e, muitas vezes, aceitam-no e passam a suportá-lo de uma forma diferente e “aquelas pessoas que entram numa negação total e que não querem aceitar”.

“Para quem acredita em Deus, para quem O procura e para quem O quer sentir, olhar para o sofrimento olhando para a cruz de Jesus já lhe começa a dar algum significado”, explicou.

O padre Rafael Rocha lembrou que a morte do seu pai foi por doença oncológica e quando percebeu que tinha semanas de vida “se tivesse optado pela eutanásia, caso fosse permitida, nunca teria tido tempo para esse encontro com Deus” e para “reparar aquilo que estava mal na sua vida”.

O cónego Manuel Rodrigues, que faz parte da equipa sacerdotal das paróquias que organizaram o evento, refletiu sobre ‘a morte’ que considerou “um amanhecer”.

“Para falar da morte, temos que falar da vida. A morte é um acontecimento que será entendido conforme nós vivermos a nossa vida; Grandes filósofos refletiram sobre a morte, mas o interessante, o que há de comum é a vida”, explicou, tendo apresentado a reflexão de alguns filósofos e pensadores de Sócrates a Santo Agostinho, Epicuro, Montaigne, Schopenhauer e Nietzsche.

O sacerdote que destacou o pensamento e o entendimento cristão da morte, diferenciando-o das outras religiões observou que era uma “viagem tão suave e tão bela que é um nascimento”, entender o sentido cristão para a morte “é aprender a valorizar a própria vida”.

“É bem possível pensar na morte de maneira bastante saudável. Não se trata de uma cega prestação de culto à morte ou de dar-lhe uma projeção maior do que realmente possui. Se o facto de pensar seriamente na morte nos ajudasse a encarar a vida com olhos menos materiais, um excelente movimento já teria sido realizado em nós”, desenvolveu, alertando que “o problema” é que ainda se é “muito terreno”.

O diácono António Moitinho testemunhou a perda do pai, aos 17 anos, por doença oncológica como “um momento complicado e que revoltou”, mais tarde o “encontro com Deus” foi uma ajuda no processo e retoma da vida normal.

A iniciativa promovida pelas Paróquias da Conceição de Tavira, da Luz de Tavira e de Santo Estêvão contou com cerca de 30 participantes, entre doentes, familiares e pessoas que já passaram pela doença, informa o jornal diocesano.

CB

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Agência ECCLESIA

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