Há 220 mil novos casos de lepra em cada ano
Cidade do Vaticano, 31 jan 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco assinalou hoje no Vaticano o Dia Mundial dos Leprosos, com apelos à solidariedade em favor destas pessoas.
“Hoje celebra-se o Dia Mundial dos doentes de lepra. Esta doença, apesar de estar a diminuir, atinge ainda infelizmente sobretudo as pessoas mais pobres e marginalizadas”, recordou, na Praça de São Pedro, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a recitação do ângelus.
Francisco disse ser “importante manter viva a solidariedade” com estes doentes.
“Asseguramos-lhe a nossa oração e o nosso apoio a quantos os assistem, leigos corajosos, irmãs corajosas, padres corajosos”, acrescentou.
O Dia Mundial dos Leprosos assina-se no último domingo de janeiro desde 1954, altura em que foi instituída pela ONU, a pedido de Raoul Follereau (1903-1977), que dedicou 50 anos da sua vida à causa dos leprosos.
De acordo com os últimos dados da Organização Mundial da Saúde, cerca de 220 mil pessoas contraem a lepra em cada ano, também em Portugal, e muitos desses casos novos foram diagnosticados quando a doença já estava em fase avançada.
O trabalho de Raoul Follereau é continuado em Portugal pela ‘Associação Portuguesa Amigos de Raoul Follereau’ e a ‘Associação Mãos Unidades Padre Damião’, duas instituições que acompanham e apoiam pessoas com lepra e os seus familiares, tanto a nível nacional como internacional.
Ana Margarida Azevedo Pereira, vice-presidente da ‘Associação Portuguesa Amigos de Raoul Follereau’ e antiga voluntária junto dos leprosos, em Moçambique, salienta que "o problema nem reside tanto na doença mas na marginalização que ela provoca, é o próprio doente que se exclui e se isola".
Em Portugal, a ação ‘Associação Portuguesa Amigos de Raoul Follereau’ centra-se na sensibilização e angariação de fundos para auxiliar doentes nas regiões do mundo mais afetadas.
A ‘Associação Mãos Unidas padre Damião – Portugal’ centra o seu trabalho e ação humanitária nos doentes de lepra e no combate à doença.
Francisco Penha, diretor-executivo da ‘Associação Mãos Unidas padre Damião – Portugal’, diz que "Portugal está livre da doença mas ainda registam alguns casos pontuais".
"Os novos casos são consequência das migrações e ocorrem em quem chega de países como Moçambique ou Índia", refere Francisco Penha, lamentando o facto da doença estar erradicada na Europa provoque algum desinteresse por esta causa na opinião pública.
A Lepra é uma doença dermatológica, infeciosa, crónica que atinge as pessoas pelo contágio, em especial as mais frágeis que sofrem de desnutrição, falta de água potável e baixos padrões de higiene.
Quando a Lepra é detetada e tratada atempadamente, evita-se a formação de úlceras, a afetação do sistema nervoso periférico, a produção de lesões graves nos pés, nas mãos e também a cegueira.
Atualmente há tratamento e cura para a doença e são tratados cerca de um milhão de doentes por ano.
O padre Damião era um sacerdote da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, que partiu em 1873 para a ilha de Molokai, no arquipélago do Havai (Oceano Pacífico), onde eram segregados os doentes de lepra e onde se dedicou ao tratamento dos leprosos.
O sacerdote belga morreu 16 anos depois, vítima da doença, e foi beatificado por São João Paulo II, em 1995, e o Papa emérito Bento XVI canonizou-o, proclamou-o santo, em 2009.
O Dia Mundial dos Leprosos foi o tema em destaque no programa Ecclesia emitido na Antena 1 este domingo, pelas 6h00.
OC/HM/PR
Notícia atualizada às 11:55