Igreja/Saúde: Papa incentivou médicos a pensar na cirurgia como «uma cultura da dedicação ao irmão»

«Uma ciência humana», pediu Francisco, afirmando que «a ciência é para o homem, e não o homem para a ciência»

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 16 out 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco pediu aos participantes do Congresso Nacional da Sociedade Cirúrgica Italiana que “pensem no futuro do cirurgião a partir de uma cultura da dedicação ao irmão”, na audiência realizada esta quarta-feira, 16 de outubro, no Vaticano.

“É importante que o vosso estilo seja sempre humano e profissional, de quem cuida dos sofredores, de modo que, antes de tudo, os levem a sério, conjugando competência e deontologia em todas as suas intervenções, de acordo com a cultura da saúde, que seja serviço à pessoa na sua integridade”, disse o Papa, que pediu a estes médicos que cuidem dos outros “com o mesmo cuidado com que gostariam de ser tratados”.

Os médicos-cirurgiões da Itália estão reunidos no 126.º Congresso Nacional da Sociedade Italiana de Cirurgia, com o tema ‘O futuro do cirurgião – o cirurgião do futuro’, desde domingo, 13 de outubro, até esta quarta-feira, dia 16, em Roma.

“Um belo tema! Quem fala de futuro, fala de esperança, de projeto, de compromisso”, afirmou o Papa, destacando que o trabalho dos cirurgiões é “precioso para o homem”, uma criatura “bonita, frágil” e “tão vulnerável”.

“Pensem no futuro do cirurgião a partir de uma cultura da dedicação ao irmão, especialmente se pobre e marginalizado. É sempre o homem que vive e que morre, que sofre e se cura, não apenas os seus órgãos ou tecidos”, pediu, no encontro antes da audiência geral na Praça de São Pedro.

Francisco convidou os médicos-cirurgiões a serem “guardiões da vida de quem sofre”, e acrescentou que, mesmo quando uma pessoa “não pode ser curada, sempre pode porém ser curada, de modo que ninguém jamais seja considerado ou se sintam um descarte”.

“Ver com amor, sentir compaixão, estar próximo e cuidar”, pediu o Papa, na audiência realizada na sala anexa à Sala Paulo VI.

O Papa assinalou que a medicina moderna, por vezes, concentra-se “demasiado na dimensão física do homem, em vez de o considerar na sua totalidade e singularidade”, e o corpo torna-se “um objeto nu de investigação científica e manipulação técnica”, ficando o paciente “em segundo plano”.

“A ciência é para o homem, e não o homem para a ciência! Uma ciência humana”, salientou, pedindo, por exemplo, sobre Inteligência Artificial para “nunca esquecer que nada pode ser feito sem a ‘mão’ do cirurgião”, porque “os cirurgiões precisam ferir, incisar, cortar”.

Francisco pediu aos participantes do Congresso Nacional da Sociedade Cirúrgica Italiana para refletirem sobre os gestos que, “como profissionais, devem colocar em prática, juntos”, como uma equipa com seus colaboradores, e que “não tenham medo de promover, especialmente entre os jovens, a formação humana, científica, tecnológica e psicológica”.

“Quando tiverem nas suas mãos o corpo do homem, criado à imagem de Deus, hajam como ‘artesãos da saúde’, tratando os outros com o mesmo cuidado com que gostariam de ser tratados”, acrescentou, no discurso publicado pela sala de imprensa da Santa Sé.

O Papa ofereceu “um ícone que pode inspirar o futuro da profissão”, e escolheu o ícone de Jesus, narrado na parábola do Bom Samaritano: “Nela, aquele que cuida vê e para sem pressa. Tem compaixão de quem encontra, se aproxima deles e enfaixa suas feridas”.

O presidente da Sociedade Cirúrgica Italiana, Massimo Carlini, doou uma placa comemorativa ao Papa, um capote cirúrgico (avental descartável), calças e um gorro médico para sala de cirurgia com o logotipo da associação, informa o portal ‘Vatican News’.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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