Igreja/Saúde: Coordenador Nacional das Capelanias Hospitalares pede humanização da morte

Padre Fernando Sampaio critica restrições da pandemia que desvalorizaram dimensões humana e espiritual dos doentes

Foto: RR/Joana Gonçalves

Lisboa, 26 mar 2022 (Ecclesia) – O coordenador nacional das Capelanias Hospitalares defendeu uma maior humanização da morte, lamentando que as medidas tomadas na pandemia tenha desvalorizado as dimensões humana e espiritual dos doentes.

“Morrer humano é morrer acompanhado, é morrer com as pessoas, com aqueles que se amam ao lado”, sustenta o padre Fernando Sampaio, na entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença, que é publicada e emitida aos domingos.

O sacerdote critica as restrições que, em muitos casos, se mantêm e impedem o contacto com as famílias, por causa da Covid-19.

“A grande preocupação era a não transmissão, mas a seguir descuidou-se bastante o aspeto social da pessoa, o aspeto afetivo, as pessoas eram separadas dos seus familiares, morriam e eram enterrados sem a presença dos familiares, sem os rituais da fé. Não se ligava às questões mais de natureza psicológica nem às questões espirituais”, adverte.

O responsável pela Pastoral da Saúde no Patriarcado de Lisboa diz que é preciso dar mais atenção aos cuidadores, defendendo uma maior presença de leigos na assistência religiosa.

“Deveria haver muito mais mulheres, porque são necessárias na Pastoral da Saúde, fazem falta para escutar: o materno faz falta na Pastoral da Saúde”, acrescenta.

O entrevistado admite que foi mais difícil ser capelão durante a pandemia, reconhecendo o esforço meritório dos profissionais de saúde neste período da pandemia.

O padre Fernando Sampaio lembra que todos têm direito a assistência religiosa, e que quem presta este serviço tem de se formar para “saber escutar de forma empática”, porque isso “não se aprende no curso de Teologia”.

No país, entre público e privado, há nesta altura cerca de 120 capelães, a quem de pede “preparação para entrar neste campo, que é muito específico”.

Os diversos líderes espirituais podem aceder aos próprios doentes. Se isso não acontecer – às vezes há dificuldades, impedimentos -, configura uma obstrução à liberdade de religião e culto”.

O responsável pela Pastoral da Saúde no Patriarcado fala das apostas que é preciso fazer para atrair mais voluntários, colocando os vários grupos que existem nas paróquias a “trabalhar em rede”.

A entrevista aborda a Semana Diocesana da Saúde, que se vai assinalar em Lisboa de 2 a 7 de abril, com o tema ‘Doente na paróquia: presença e proximidade’.

“Muitas vezes as famílias estão sozinhas, os cuidadores estão sozinhos e necessitam de ajuda”, aponta.

Ângela Roque (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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