Igreja/Saúde: Assistência espiritual hospitalar «cada vez mais plural»

Coordenador do Grupo de Trabalho Religiões Saúde diz que «as capelanias já não se podem ficar apenas pelo auxílio aos doentes católicos»

Lisboa, 04 out 2011 (Ecclesia) – O Grupo de Trabalho Religiões Saúde (GTRS), responsável pelo manual inter-religioso que irá orientar a assistência espiritual e religiosa nos hospitais, espera que este projeto favoreça “um novo modo de estar” dos profissionais desta área.

Em declarações prestadas hoje à Agência ECCLESIA, o coordenador daquele organismo chama a atenção para a existência de uma sociedade “cada vez mais plural, também do ponto de vista religioso”, o que levanta “novos desafios” no que diz respeito ao acompanhamento dos doentes.

“Portugal mudou muito nas últimas décadas, primeiro com a descolonização e depois com os fluxos migratórios que sucessivamente foram vindo” recorda o padre José Nuno, para quem “as capelanias já não se podem ficar apenas pelo auxílio aos doentes católicos”.

Sustenta ainda que “a Igreja Católica, enquanto entidade religiosa maioritária em Portugal, deve zelar para que as restantes crenças sejam reconhecidas e atendidas”.

O novo manual, apresentado hoje em Lisboa, conta com contributos de onze religiões diferentes: Adventistas do 7º Dia, Baha’i, Budismo, Católicos, Hinduístas, Islâmicos, Judeus, Mórmons, Ortodoxos, Protestantes Evangélicos e Testemunhas de Jeová.

Segundo o sacerdote católico, a obra “dá a conhecer, de forma muito prática, o essencial da identidade religiosa de cada um”.

“Coisas concretas como o significado do sofrimento em cada crença, as exigências em caso de nascimento, a alimentação, o que é preciso respeitar, no termo da vida”, exemplifica.

Por outro lado, a aposta neste manual permite aos Serviços de Assistência Espiritual e Religiosa Hospitalar “colocarem-se em diálogo com os outros profissionais de saúde”.

“Todas as pessoas que cuidam dos doentes têm que considerar a dimensão espiritual e religiosa, não é uma missão exclusivamente nossa”, aponta o padre José Nuno, que trabalha atualmente como capelão no Hospital de São João, no Porto.

Para já, o “livro de bolso” conta com o apoio dos Bastonários da Ordem dos Médicos, dos Enfermeiros e dos Psicólogos, bem como dos presidentes das administrações hospitalares e dos Assistentes Sociais.

Mereceu ainda o patrocínio do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e do Serviço Nacional de Saúde.

“No contexto da reflexão sobre a laicidade do Estado português, importa realçar que o Estado reconhece e favorece a existência de dinamismos próprios e abre espaço a que eles aconteçam”, sustenta o coordenador do GTRS.

O Grupo de Trabalho Religião e Saúde foi constituído há quase dois anos para acompanhar a aplicação do Decreto-Lei 253/2009, que estabelece a regulamentação da assistência espiritual e religiosa nos hospitais e em outros estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde.

JCP

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