Monge arménio recordado como místico e teólogo, símbolo da fé do seu povo
Cidade do Vaticano, 11 abr 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco vai proclamar este domingo São Gregório de Narek (950-1005), da Arménia, como 36.º doutor da Igreja, numa Missa na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
A biografia do monge, divulgada pela Santa Sé, sublinha a “santidade e a experiência mística” deste sacerdote do Mosteiro de Narek, bem como a “sabedoria” presente nos seus vários escritos teológicos.
O novo doutor da Igreja teve fama de santidade ainda durante a sua vida e foram-lhe atribuídos vários milagres.
Em 1003 escreveu a sua obra mais famosa, ‘O livro das lamentações’ (também chamado Narek), apresentado pelo Vaticano como “única no género”.
Os textos evocam “o drama do itinerário espiritual, a tragédia da existência, do ser neste mundo a tender para algo que não é deste mundo”.
O ‘narek’ é composto por 95 capítulos, que o autor chama ‘ban’, um termo que corresponde ao grego ‘logos’ (palavra).
“Desde o mais fundo do coração, converso com Deus” são as palavras com que começa o primeiro ‘ban’, uma antífona que se vai repetindo ao longo do livro.
O monge morreu em 1005, no mosteiro onde viveu, e ali foi sepultado, sendo venerado como santo.
O túmulo de São Gregório tornou-se destino de peregrinações e a sua memória manteve-se mesmo após a conquista da Arménia pelos turcos, em 1071.
“Tanto o Mosteiro como o túmulo foram destruídos durante as matanças dos anos 1915-1916”, refere o livrete da celebração, que tem início marcado para as 09h00 (menos uma em Lisboa), na Basílica do Vaticano.
A proclamação como doutor da Igreja vai ter lugar antes da homilia, após um pedido do prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato.
O Papa Francisco pronunciará então a fórmula solene, em latim, com a qual declara São Gregória de Narek, sacerdote e monge, como doutor da Igreja, “com a plenitude da autoridade apostólica”.
A Missa vai ter orações em várias línguas, incluindo o português; em arménio, vai rezar-se pela “terra e as pessoas da Anatólia” (Ásia Menor), recordada como “berço de santos e mártires, ninho de culturas e de religiões”.
OC